A Prefeitura de Porto Rico (Noroeste do Paraná) decretou situação de emergência na saúde pública devido aos casos confirmados de dengue. São 75 casos positivos. No último fim de semana o município também registrou 20 notificações de suspeitas de sarampo na cidade. O decreto assinado pelo prefeito em exercício, Marcelo de Lima Machado, estabelece que todos os eventos programados para ocorrer nas áreas públicas no município nos próximos três meses serão suspensos, entre eles o Carnaval Automotivo, evento que seria realizado de 22 a 24 de fevereiro e que previa reunir 300 carros e três mil pessoas.

Imagem ilustrativa da imagem Dengue e sarampo fazem Prefeitura de Porto Rico cancelar evento carnavalesco
| Foto: Arquivo Folha

A secretária municipal de Turismo, Jussara Maria Stachoviak, afirma que o cancelamento dos eventos não significa que o município possa ser afetado turisticamente. “Só não vai ter aglomeração da forma que estava previsto. Quem vier com carros de som será multado, mas as pessoas podem vir com outros carros”, destaca. Ela afirma que os turistas continuarão indo a Porto Rico em número até superior ao que estava sendo previsto no Carnaval Automotivo, mas de forma mais espalhada em pousadas e hotéis da cidade.

“Além de envolver um número grande de pessoas no Carnaval Automotivo, tem a questão do lixo. A prefeitura não tem como recolher em tempo real todo esse material. Com esse decreto podemos fazer contratação de mão de obra para intensificar o arrastão nas casas, com caminhões da prefeitura”, destaca. A contratação de mão de obra temporária valerá por 90 dias, podendo ser prorrogada por mais três meses. “A nossa maior demanda está no setor de serviços gerais. Temos só três funcionários para fazer a limpeza de toda a cidade. Já contratamos mais cinco e se houver demanda podemos contratar mais”, destaca.

Segundo ela, proprietários de casas onde o lixo permanecer serão notificados. “Se os agentes retornarem e continuarem com lixo serão multados. Os terrenos sujos serão limpos e a cobrança será feita no carnê do IPTU”, explica a secretária. A cidade possui hoje seis agentes de endemia.

A entrada em casas fechadas ou abandonadas pelos agentes de endemias ou servidores municipais também está contemplada pelo decreto se os proprietários não permitirem acesso. Nesse caso os agentes, que terão expediente das 7 às 18 horas, serão identificados e terão companhia de policiais.

O decreto também permite que a Procuradoria Geral do Município e a Secretaria Municipal de Obras podem avaliar e respaldar a desapropriação ou demolição de imóveis abandonados que possuírem criadouros do mosquito Aedes Aegypti.

Stachoviak informa que serão realizadas panfletagem na entrada da cidade para orientar os visitantes. Ela também pede aos turistas para se vacinarem contra a febre amarela e o sarampo antes de ir a Porto Rico, porque as unidades do município não possuem doses para atender todos os visitantes. "E os turistas devem trazer repelentes e passar no corpo para evitar serem picados pelo mosquito da dengue."

A recepcionista de uma pousada revela que o cancelamento do evento diminuiu bastante as vendas de pacotes de hospedagem no local. “De um total de 27 apartamentos que temos na pousada tivemos seis cancelamentos."

ORIENTAÇÕES DA SESA/PR

A orientação para quem estiver sentindo os primeiros sintomas deve procurar uma Unidade de Saúde mais próxima da sua residência para atendimento. Segundo a Sesa/PR, os sintomas são febre com duração máxima de 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaleia, dor no fundo dos olhos, dor muscular ou em articulações, que tenha estado em local com caso confirmado nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas. Segundo a Sesa/PR, os principais sinais de gravidade da doença são: dor abdominal, vômitos persistentes, queda na pressão arterial, sangramento de mucosas (nariz, ouvidos, gengiva), sangramento nas fezes ou vômito com sangue, sonolência, diminuição na diurese e alterações em exames laboratoriais (plaquetas e hematócritos). "Mas existe um grupo de pessoas que necessita de atenção especial, pois são mais propensos a evoluir para a forma grave da doença, são esses: idosos, gestantes, crianças, menores de dois anos de idade, portadores de comorbidades como hipertensão, diabetes, cardiopatia, doença auto-imunes, renal, etc", diz a Sesa, por intermédio de sua assessoria de imprensa.

Em relação ao acompanhamento dos casos atendidos pelos serviços de saúde, a Sesa/PR diz que a rotina está toda descrita no fluxograma do Ministério da Saúde, que é disponibilizado pela Sesa/PR através das regionais de saúde e deve ser aplicado por todos os serviços de sáude do Estado. Segundo ela, todos dos casos suspeitos, independente da classificação clinica inicial deverão ser observados e/ou acompanhados pelo serviços até que saiam do período crítico de atividade da doença, (geralmente do 3º ao 6º dia da doença). "Uma vez que recebam alta deverão retornar ao serviço de saúde para reavaliação até o 2º dia sem febre ou até a normalização dos resultados de exames de hematócritos e plaquetas (exames de referência para acompanhamento da evolução clinica da doença)".

No que tange ao sorotipo circulante, a Sesa/PR afirma que nos últimos anos vinha predominando no Paraná o sorotipo 1, no entanto neste período epidemiológico ocorreu a introdução no Estado do sorotipo 2, encontrando a maior parte da população susceptível, sem proteção imunológica específica contra esse subtipo viral.

Quanto a notificação, conforme preconizado na portaria 204/17 do MS (Ministério da Saúde) "todo caso suspeito de dengue deve ser notificado no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificaçao) em até 24 horas, sendo que os óbitos são de notificação imediata".

Ainda conforme o Guia de Vigilância do MS (2019) em municípios com transmissão sustentada (confirmação de casos consecutivos) ou em epidemia o diagnóstico e encerramento de casos suspeitos de dengue no Sinan não estão vinculados a confirmação por laboratório, ou seja, em locais com circulação do vírus os casos deverão ser encerrados no SINAN por critério clínico epidemiológico (avaliando se a clínica do caso é compatível com dengue e se há presença do vírus na localidade). A medida visa o atendimento precoce e oportuno dos casos mediante a suspeita clínica.