Em meio a todas as medidas que vêm sendo adotadas para conter a proliferação do novo coronavírus, também há espaço para boas ações, ainda mais neste período de quarentena. Na Região Metropolitana de Londrina, um morador de Tamarana resolveu adaptar um projeto que já vinha executando e começou recentemente o "delivery de livros" para as pessoas que vivem na cidade.

Em agosto do no passado o jornalista Lucas Marcondes decidiu dispor livros na mureta da residência para que os populares pudessem emprestar, devolvendo após a leitura. Tudo sem qualquer tipo de fiscalização ou necessidade de cadastro. Não demorou para conseguir a doação de uma geladeira, que se tornou a nova “prateleira” dos exemplares, e foi colocado em frente de sua casa.

“Desde criança frequentava bastante a biblioteca do município, sempre gostei. Esse projeto nasceu de um incômodo como cidadão. Sabemos que as ações culturais estão voltadas a grandes centros. Se a sociedade de cidades menores não se mexer, dificilmente teremos locais melhores. A cultura precisa se organizar no seio da própria comunidade”, destacou.

Como os moradores são orientados a permanecer dentro de casa para prevenção da saúde, Marcondes começou a levar os livros até eles. A iniciativa chama-se “Leitura na Rua Tamarana”, entretanto, o idealizador deixa o alerta. “Neste momento a leitura precisa ser em casa. Devido ao trabalho, preciso estar sempre na rua, então vou divulgando que levo até as pessoas”, afirmou ele, que trabalha como assessor de imprensa da prefeitura municipal.

Todos as publicações foram conquistadas por meio de doações, com a maioria do acervo sendo formada por literaturas infanto-juvenis e direcionada a adultos. Ainda é possível encontrar periódicos, revistas, livros técnicos e didáticos. “O interessante é que não temos problema de não devolverem. Não há prazo para isso, no entanto, a grande maioria respeita. Minha casa fica na saída do município, passagem para a Reserva Apucaraninha, zona rural. É um público bem diversificado.”

APRENDIZADO

A funcionária pública tamaranense Viviane Moreira Lima começou oficialmente a quarentena do trabalho na tarde de terça-feira (24). Antes, emprestou vários livros do projeto para ela e o filho Pedro Hideki Moreira Nakata, de oito anos. “Peguei três livros para mim e sete para o Pedro. Sou bem eclética para leitura, gosto de tudo. O meu filho fica de olho no livro adulto, acha a capa bonita, mas falei para ele que não pode pular etapa”, contou.

Viviane e o filho se beneficiam com o projeto desde o início. A descoberta foi pelas redes sociais. “A leitura é determinantemente e de grande relevância para o aprendizado do ser humano. É por meio dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio, a interpretação. Criar o hábito de ler é importante para o desenvolvimento das crianças em vários aspectos”, ressaltou a servidora, que vai ocupar parte do tempo a partir de agora lendo.

OPORTUNIDADE

As orientações de higienização das autoridades em saúde estão sendo adotadas no projeto, com as publicações sendo higienizadas e os leitores esclarecidos para que façam o mesmo. A ideia, depois que a pandemia passar, é expandir, com uma geladeira sendo colocada no Cras (Centro de Referência da Assistência Social) de Tamarana e outra em lugar ainda a ser escolhido.

Marcondes afirmou que este período de crise pode se tornar uma oportunidade para que deem espaço à leitura. “Num momento como este, a maioria das pessoas fica incomodada com o excesso de informação, muitas vezes boatos. É um momento de reflexão”, sugeriu.

SERVIÇO – Mais informações do projeto pelo e-mail [email protected] .