Lúcio Horta
De Londrina
O delegado Roberto Hummig, da Delegacia de Acidentes de Trânsito de Londrina, deve abrir ainda esta semana inquérito policial para investigar a morte do ‘‘garimpeiro do lixo’’ Ronaldo dos Santos, 20 anos, que ocorreu na madrugada da última sexta-feira. Ronaldo estava no Aterro Sanitário (Lixão) de Londrina quando foi atropelado por uma máquina que fazia a compactação do lixo. Ele acabou morrendo no Hospital Universitário (HU) algumas horas depois.
Roberto Hummig disse que pretende definir se houve ou não culpa do condutor do veículo no acidente, o que poderia dar uma condenação por homicídio culposo. Para isso, quer saber se é comum realizar o trabalho de compactação durante a noite e se os garimpeiros também costumam frequentar o local no mesmo período. ‘‘Vamos começar ouvindo a família, que pode saber de mais detalhes sobre o que ocorreu’’, afirmou.
O irmão de Ronaldo, Aparecido dos Santos, que também trabalha no Lixão, informou à Folha, um dia após o acidente, que os garimpeiros passaram a dormir no local há cerca de um mês. O motivo é que a compactação do lixo, nesse período, também passou a ser realizada à noite.
Ontem, ninguém da família de Ronaldo foi ao Lixão trabalhar. Ele era filho de João e Maria de Lurdes dos Santos, que criaram os oito filhos trabalhando no local. Ronaldo era casado com Angélica Batista, 17 anos, com quem teve um filho de um ano e dois meses e aguardava o nascimento do segundo, que já está no sétimo mês de gestação. ‘‘Eles não vieram hoje porque está todo mundo abalado, ninguém se conforma com o que ocorreu’’, disse Ilma Reis Santiago, mãe de Angélica.
Até ontem de manhã, segundo ela, a Vega Engenharia Ambiental, responsável pelo trabalho no Lixão de Londrina, estava ajudando a filha com leite e cestas básicas. ‘‘Também estão querendo aposentar a minha filha, o que iria ajudar muito. Antes pingar do que secar’’, afirmou.
A Folha tentou mais uma vez falar com a Vega Engenharia Ambiental, mas a informação dada por uma secretária foi que os gerentes da empresa em Londrina permaneciam em São Paulo fazendo curso. Segundo informou Arlindo Nunes, encarregado pelo Aterro Sanitário, a Vega subempreitou o serviço para a empresa Clamar, de Cornélio Procópio. Mas não há o nome da empresa no serviço de informações telefônicas.