O Pacaembu, em São Paulo, e o "Vitorino Gonçalves Dias", em Londrina, figuram entre os estádios municipais tidos por obsoletos e ociosos, daí as Prefeituras terem cogitado "passá-los à frente" para se livrar do ônus da manutenção. Mas, em 2016, os dois novamente são indispensáveis: um ao Palmeiras, São Paulo e Corinthians, por restrições em suas modernas "arenas"; e outro ao Londrina Esporte Clube, sem alternativa momentânea na própria cidade. Gramado novo e eis o Vitorino "quebrando o galho".
Já se passaram 70 anos desde a inauguração, em 7 de setembro de 1945, do "Estádio Capitão Aquiles Pimpão Ferreira", que teria outro nome em 1954: "Vitorino Gonçalves Dias". Sua reabertura agora coincide com uma efeméride: 60 anos de fundação do Londrina Futebol Clube e do seu primeiro jogo ali, ambos no mês de abril.
Apesar da grandiosidade de um que faz o outro parecer modestíssimo, Pacaembu e Vitorino têm histórias parecidas, por envolverem a iniciativa particular e o poder público, reflexo da cultura paulista em Londrina.
São Paulo convertera-se na maior cidade brasileira em 1940, talvez um milhão de habitantes. O fascínio paulistano atraíra 90 mil migrantes de outros Estados apenas em 1939. No interior do país, nenhum lugar vinha recebendo mais gente do que Londrina: "cidade do norte do Paraná, verdadeiro índice do progresso deste nosso querido Brasil, está crescendo de maneira assustadora. Em 15 anos de existência (…) 55 mil habitantes para o Município" (mais de 22 mil na cidade) - assinalou Jacob Bartholomeu Minatti em 1945, pedindo subvenção do Conselho Nacional de Esportes à construção do estádio. Minatti havia montado um time de futebol amador, o Esporte Clube Recreativo Operário.
Em São Paulo, ao projetar um novo bairro residencial com pequenos serviços em 1925, a City of S. Paulo Improvements Company cede 50.000 m² no vale do ribeirão Pacaembu. Isto porque, antecedendo a iniciativa imobiliária, o engenheiro Domício Pacheco e Silva projetara o estádio municipal. A inauguração é realizada em 1940 pelo presidente da República, Getúlio Vargas. É o maior da América Latina, para 60 mil espectadores e seria consagrado "Pacaembu". Quatro anos depois, em Londrina, a Companhia de Terras Norte do Paraná (Cianorte) cede 20.355 m² ao Esporte Clube Recreativo Operário para a construção de seu estádio.

De Pimpão a Vitorino, o estádio para sempre
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DOAÇÕES
"Cresce dia a dia o movimento de donativos para a construção do Estádio Capitão Aquiles Pimpão Ferreira. Londrina já merece mesmo uma praça de esportes digna de seu desenvolvimento", noticia o Paraná-Norte de 11 de março de 1945, relacionando as primeiras 12 contribuições, em materiais e dinheiro. No curto prazo, porém, esgota-se a capacidade contributiva local, de 56 mil cruzeiros doados pela comunidade, 32 mil haviam custeado a escavação, aterro e nivelamento da área ("muito declinada").

GOLEADA
"Dia 7 de setembro de 1945, inauguramos o nosso estádio trazendo (...) o Palmeiras. Sofremos uma goleada, mas nosso público teve a oportunidade de ver (...) um grande quadro de profissionais", relataria Jacob Minatti. Não mencionou o placar, mas o Operário apanhou de 7 a 0.
Há indicativos de que o estádio estava aquém do que ele projetara e só nos próximos anos avançaria. Em 1947, O Esporte (editado em São Paulo) de 12 de novembro informa que Minatti ainda espera "ajuda de poderes governamentais" para melhorar o estádio. "Não só o gramado, mas também as acomodações. Onde existe pequena arquibancada de madeira, deverá se erguer uma de cimento armado para cinco mil pessoas." Tal limitação influía para as rendas deficitárias. Em 1950, as arquibancadas já estão ampliadas e o estádio é desapropriado pela Prefeitura.