Todos dormem na casa, mas um barulho ecoa pela casa denunciando uma atividade noturna. É a roda de brinquedo que range agudo e freneticamente com as passadinhas de Timóteo, uma chinchila de dez anos, que costuma se exercitar pela madrugada. “Não incomoda, a gente já se acostumou”, ri Érica Takahashi, 36.

A chinchila Timóteo tem uma rotina noturna agitada
A chinchila Timóteo tem uma rotina noturna agitada | Foto: Arquivo Pessoal

A escolha por esse animal silvestre veio repentina. A tutora estava em busca de um coelho de estimação, mas encontrou na loja uma chinchila tímida de um ano. “Eu achei que ele tinha mais personalidade que um coelho, resolvi pegar, porque, aparentemente, não tinha muita diferença em relação aos cuidados”, menciona.

A decisão inusitada por um coelho – no lugar de um cachorro ou gato – vinha de memórias e experiências anteriores. A chinchila era pura novidade. “Aí fui conhecendo melhor e vi que não, os hábitos dele são bem diferentes”, brinca.

Timóteo dorme durante o dia, faz bagunça durante à noite. Também levou mais tempo para que ele se acostumasse com as pessoas e ambientes. “Lá na loja, quando o peguei no colo, ele ficou quietinho, mas não era muito dócil, até porque ele ficava só dentro da gaiola. Aqui em casa, com o passar do tempo, ele foi pegando carinho, confiança, consegui deixá-lo mais solto”, conta.

Por ser roedor, Takahashi teve receio de deixá-lo o tempo todo solto pela casa, buscando evitar acidentes com fios elétricos ou a entrada em algum buraco que fosse difícil de resgatá-lo. Timóteo, ainda assim, tem os momentos de liberdade dele, brinca e percorre os cômodos, mas gosta de ficar na gaiola, onde se sente seguro.

“Ele precisa de coisas para roer para gastar os dentes dele. Ele nunca ficou doente, então, acredito, que cuidando bem, dar as rações que ele precisa certinho, água e banho, não é um animal que demanda tantos cuidados médicos. Eu nunca precisei levá-lo ao veterinário, por exemplo. Diferente dos meus cachorros”, comenta.

Os cães vieram alguns anos depois. Quando Ellie passou a morar na casa, há quatro anos, fez logo amizade com o pequeno. Já Vitório, há um ano com a família, fica mais afastado. Apesar disso, nunca houve intercorrências entre eles.

Ellie (cão) e Timóteo (chinchila) se tornaram bons amigos
Ellie (cão) e Timóteo (chinchila) se tornaram bons amigos

Para Takahashi, é perceptível a diferença de comportamento entre chinchila e os cães. “A chinchila não tem tanta carência, tem os hábitos dela, que são noturnos, a gente não leva para passear, mas é muito fofa, dócil, pede carinho às vezes, mas é mais arredia”, afirma.

Apesar de não precisar correr ao veterinário para um atendimento de urgência, a tutora afirma que ainda são poucos os que atuam com animais silvestres na cidade, por isso, buscou um contato por meio de um profissional de confiança que lhe indicou colegas especializados.

Sobre os cuidados, a tutora afirma não pesar no bolso. Com aproximadamente R$ 50 consegue manter as despesas com o animal, como ração específica, água, alguns vegetais, frutas secas, e o pó utilizado para limpeza a seco. “É um banho em pó, que a gente dá e é utilizado para a higiene”, explica. O animal também tem os seus brinquedos pela casa, como obstáculos e a rodinha de metal para os exercícios noturnos, que apesar do barulho estridente, não incomoda mais os moradores da casa.