Da indignação surge a ação

Falar de imposto desagrada muita gente. A irritação surge mesmo entre aqueles que não entendem muito bem quantos são os imposto pagos e de que forma este dinheiro chega até os cofres públicos. Esta indignação motivou estudantes a fazerem uma manifestação no dia 18 deste mês, no Calçadão da avenida Paraná (Área Central). Para compreender a situação que envolve os tributos brasileiros, cerca de 55 alunos do Ensino Médio do Colégio Sesi estão estudando a questão.
Conforme o professor de Matemática, Matheus Mota Dias, são várias as oficinas disponíveis aos alunos e cada um escolhe aquela que tem maior interesse. ''Tivemos que abrir duas turmas para esta oficina de tributos porque houve muita procura dos alunos'', disse. Segundo ele, o assunto chama atenção porque é polêmico e está sempre na mídia, e por outro lado é fundamental despertar a consciência dos alunos a respeito deste tema.
Dias lembra que no início dos trabalhos a reação dos estudantes foi de indignação. ''Muitos não sabiam quase nada sobre o assunto e quando perceberam a quantidade de impostos que pagam decidiram fazer uma manifestação'', afirmou. Os estudantes colocaram as mãos à obra. Cartazes, faixas e até uma cartilha estão sendo confeccionados para a ação. Ele disse que o objetivo é chamar atenção das pessoas para que os impostos sejam melhor investidos.
De acordo com a pedagoga do colégio, Priscilla Maia da Silva, o que chamou atenção dos alunos foi a quantidade de imposto embutida nos produtos que eles usam rotineiramente. ''Eles estudaram o valor real de cada produto e quanto ele custaria sem os impostos. Em muitos produtos o preço cai pela metade'', disse. Conforme Priscilla, o objetivo até o final do ano é que os alunos criem propostas e elaborem um projeto para apresentar aos vereadores e discutir melhor o uso dos impostos. ''A ideia é fazê-los pensar sobre o assunto'', destacou.
Julia Rodrigues Oliveira tem 14 anos e é aluna do 1º ano. ''Vemos as estradas esburacadas, as dificuldades da saúde e as reportagens mostram que a situação é caótica. Escolhi este tema para entender como funciona e para cobrar melhorias. Não quero ser leiga neste assunto porque ele interfere em toda a vida em sociedade'', argumentou.
Julia afirmou que esta oficina vai servir para embasá-la melhor na hora das eleições e que também pensa no assunto antes de fazer compras. ''Eu sei que posso contribuir cobrando uma melhor aplicação destes valores na saúde, na educação e na segurança. Se a segurança pública recebesse o investimento adequado, no precisaríamos contratar seguranças particulares, por exemplo'', destacou.
Para Felipe Leite Coelho, 16 anos, e aluno do 2º ano, é dever do cidadão conhecer os impostos que paga. ''Quando vemos o quanto é arrecadado e os investimentos que são feitos ficamos muito revoltados porque na prática é muito pouco.''
A diretora do colégio, Mari Clair Moro Nascimento, disse que esta temática está sendo trabalhada em todas as escolas Sesi do Paraná. ''Reconhecemos como importante este assunto porque visamos uma formação além do aspecto cognitivo. Queremos que os estudantes saibam usar o conhecimento, que entendam o contexto social, interpretem e interfiram na sociedade propondo melhorias'', disse afirmando que é papel da escola fazer com que o aluno participe interferindo na vida social.
O brasileiro trabalha cerca de cinco meses para pagar impostos. O valor de tributos arrecadados pelo governo federal, estaduais e municipais chega a R$ 1,3 trilhão, o que dá uma média de R$ 6,7 mil por pessoa no país.
Serviço - Mais informações sobre o assunto no www.sombradoimposto.org.br

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