O curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) está completando 65 anos de história nesta semana. Fundado em primeiro de março de 1958, foi o primeiro curso de Geografia inaugurado no interior do Paraná. Para homenagear e relembrar a trajetória do curso, professores e estudantes organizaram um cronograma de atividades. O fechamento do evento será nesta sexta-feira (3) com uma palestra aberta para toda a comunidade.

Na quarta-feira (1), foi feito o plantio de um Ipê-branco para representar, de forma simbólica, os 65 anos do curso. “A gente quer que essa árvore cresça e floresça, assim como a gente espera do curso”, explica Ricardo Lopes Fonseca, chefe do Departamento de Geografia da UEL. A árvore foi plantada por estudantes do primeiro e do último ano, na entrada do Departamento, vinculado ao Centro de Ciências Exatas (CCE). Nesta quinta-feira (2), foi realizada uma cerimônia de entrega da placa comemorativa do aniversário do curso.

Segundo Fonseca, todo o cronograma de atividades está sendo realizado em conjunto pelo Departamento e Colegiado de Geografia, pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia e pela Especialização no Ensino de Geografia. Intitulada "Refletindo sobre a Terra, o Mundo e a Vida Humana", a palestra ministrada pela professora convidada Maria Adélia Aparecida de Souza vai fechar as comemorações. O evento será no Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA), a partir das 19h30, e é aberto ao público.

Origem do curso

Ricardo Lopes Fonseca explica que o curso foi criado em 1958, sendo o primeiro curso de Geografia do interior do Paraná, dentro da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, onde hoje é o Colégio Estadual Hugo Simas. Em 1970, a Universidade Estadual de Londrina foi fundada e incorporou essa e outras quatro faculdades. "No início da década de 70, o curso foi suspenso por conta da ditadura civil-militar e só retornou na década seguinte”, explica.

A partir do final dos anos 90, o curso passou a contar com dois períodos: matutino e noturno, ofertando as habilitações em licenciatura e bacharelado, que o estudante escolhia no decorrer dos quatro anos de curso. A partir do Vestibular 2023, marcado para este domingo (5), os candidatos precisaram fazer a escolha no momento da inscrição. O período matutino foi destinado para o bacharel e o noturno para a licenciatura.

Cerimônia de plantio da árvore dos 65 anos no Departamento de Geografia da UEL Universidade Estadual de Londrina
Cerimônia de plantio da árvore dos 65 anos no Departamento de Geografia da UEL Universidade Estadual de Londrina | Foto: Filipe Barbosa

“A gente sempre aconselha os estudantes a retornarem para fazer a segunda habilitação, que dura cerca de dois anos por conta do aproveitamento de disciplinas”, destaca o chefe do Departamento de Geografia. O curso oferta 40 vagas em cada período, sendo 30 pelo vestibular da UEL e 10 pelo SISU (Sistema de Seleção Unificada).

Fonseca destaca que o curso já formou mais de dois mil profissionais, que atuam nos quatro cantos do Brasil e do mundo. O Departamento de Geografia conta com quase 10 laboratórios, da geologia até a geotecnologia. Para os estudantes que querem seguir carreira como professor, há projetos como o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) e a Residência Pedagógica. “Nós temos também o grupo PET (Programa de Educação Tutorial), que é de residência tutorial, além das bolsas de iniciação científica”, ressalta. O corpo docente do curso de Geografia da UEL é formado por 24 professores. Quem quer seguir carreira como bacharel, pode trabalhar com planejamento agrícola, geoprocessamento, mobilidade urbana, geopolítica e diversas outras áreas.

Segundo ele, estudar geografia é estudar o espaço geográfico, as suas interações e transformações. Durante o curso, eles realizam diversas viagens técnicas, que são chamadas de trabalho de campo, para cidades do Paraná e de outros estados. “O laboratório do geógrafo é o cotidiano, é a cidade e o campo. O nosso laboratório é o planeta”, afirma.

Legado

No último semestre do curso, Jhonatan Gasperi, 27, conta que sempre se interessou pelo fato da Geografia ser uma ciência interdisciplinar. Ele ressalta que o curso proporciona aspectos teóricos, assim como práticos, por meio de atividades além da sala de aula, como programas de ensino, pesquisa e extensão. “Estudamos desde disciplinas voltadas aos aspectos naturais, como biogeografia, climatologia, geomorfologia até outras relacionadas aos aspectos sociais do espaço geográfico, como geografia econômica, urbana, agrária, geopolítica. O ponto comum é que todas elas buscam fazer uma relação entre a sociedade e a natureza”, explica.

Gasperi comemora o fato de poder fazer parte da história do curso. “É algo que começou muito antes de mim e que vai continuar produzindo conhecimento, colaborando de alguma forma para fazer do mundo um lugar melhor para se viver. Os 65 anos de história carregam um legado e, agora, cada um tem a responsabilidade de manter a qualidade de tudo aquilo que foi e está sendo feito no curso de Geografia da UEL”, afirma.

Com uma relação pessoal com a Geografia, Carla Stipp, 55, está no 8° semestre do curso, que já conhecia de perto desde muito antes. Graduada em direito e mestre em Geografia pela UEL, decidiu fazer a graduação na área depois dos 50 anos. “Eu sou filha de uma professora pioneira do curso de Geografia chamada Nilza Freres Stipp, então, sempre estive muito presente no curso, inclusive acompanhando a minha mãe nos trabalhos de campo”, conta.

Com o sonho de ingressar como professora da educação básica, ela destaca a força que a disciplina tem na formação de cidadãos críticos. “Fazer parte da história do curso de Geografia é uma emoção muito grande porque eu digo que nasci dentro desse curso, sempre frequentei tudo que era ligado à área”, afirma.

Baiano de Feira de Santana, Filipe Barbosa de Lima, 28, está no terceiro ano do curso, que escolheu pela vontade de contribuir de alguma forma para a sociedade. “Eu escolhi morar em Londrina por causa do curso de Geografia da UEL. Nesses 65 anos de curso, vejo que a minha escolha valeu a pena. Estar aqui e fazer parte desse e de outros momentos é satisfatório, já que recebo conhecimento e posso contribuir com pesquisas”, ressalta.

Aluno egresso da graduação e do mestrado em Geografia da UEL, Matheus Oliveira da Silva, 26, conta que foi o primeiro da família a ingressar em um curso superior. Ele explica que é importante resgatar essa história do curso, que no dia a dia acaba ficando de lado. “Temos que agradecer aos que vieram antes e preparar o terreno para os que ainda vão vir”, destaca.

Fazendo doutorado na Universidade Federal de Rondônia, Silva realiza pesquisas na área de mobilidade urbana. Mesmo cursando o doutorado em outra instituição, atua como colaborador no Laboratório de Geografia, Território, Meio Ambiente e Conflito da UEL. “Ano que vem completo 10 anos aqui. A UEL tem estudos muito relevantes e é uma referência na Geografia”, finaliza.

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