No último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), na terça-feira (29), dos 399 municípios, 16 (4,0%) tiveram ocorrência de caso autóctone, com incidência variando de 1,26 a 47,98 casos por 100 mil habitantes, entre agosto e setembro deste ano. Ainda de acordo com o boletim, da maior para a menor incidência aparecem Jataizinho, Assaí, Alvorada do Sul, Marialva, Jaguapitã, Engenheiro Beltrão, Sertanópolis, Cafelândia, Ibiporã, Cambé, Guaratuba, Londrina, Medianeira, Marechal Cândido Rondon, Cascavel e Maringá. Isso demonstra que oito deles ficam na área de abrangência da 17ª Regional de Saúde, que compreende Londrina e outros 20 municípios da região.
Embora a incidência ainda esteja baixa nesse novo ciclo, a maioria desses 16 municípios esteve entre os 90 que apresentaram mais de 300 casos por 100 mil habitantes no período epidemiológico anterior, compreendido entre agosto de 2015 e julho deste ano.
A reportagem entrou em contato com os responsáveis pelo combate ao mosquito em Jataizinho, Assaí e Alvorada do Sul. Em todos eles as ações foram bastante semelhantes, com a realização de bloqueio e retirada mecânica dos criadouros dos mosquitos; mutirões; ações educativas nas escolas, informativos em rádios; parcerias com a comunidade por meio de igrejas e associações de bairro.
Em Assaí, a enfermeira Fernanda Prado Paes relatou que só ontem foram notificados dois pacientes com suspeita de dengue. O município foi um dos que apresentaram epidemia e um dos 30 que foram beneficiados com a campanha de vacinação. A baixa adesão à imunização preocupa as autoridades. "Das 8.925 doses recebidas, devolvemos na última quarta-feira 4.320. Apenas 5.070 pessoas foram vacinadas", calcula. O município apresenta duas confirmações da doença.
O agente de Saúde Pública de Assaí, José Gaspar dos Santos, relata que no ano passado a epidemia foi desencadeada pelo alto índice de chuvas. "Em dias de chuva nós não saíamos para fazer a vistoria. Agora o procedimento foi alterado. Se chover e der duas horas de estiagem a nossa equipe vai às ruas para eliminar os criadouros, para não deixar o serviço acumular", aponta.
Em Alvorada do Sul, a agente de Saúde, Alessandra Regina de Lima, que ocupa interinamente a coordenadoria de combate ao mosquito, ressalta que além das ações usuais, o município tem investido no uso de ovitrampas. São armadilhas que ajudam a evitar a proliferação de novos mosquitos, já que os ovos depositados no recipiente são tratados com larvicidas. "Já eliminamos mais de 2,4 mil ovos de mosquito este ano", comemora.
Alessandra relata que uma característica do município, que tem um caso confirmado, são as chácaras de lazer que ficam às margens da Represa Capivara. Muitos proprietários residem em outros municípios. "A gente tem o endereço e o telefone de todos os proprietários. Se a pessoa deixa a casa fechada, muitas vezes autoriza o vizinho a entrar com os agentes", relata.
Em Jataizinho, que tem oito casos, a agente de Endemias Josiane Rodrigues relata que a população está mais consciente em relação ao ano passado. "Nós não temos achado muitos criadouros."

MARIALVA
A gerente do departamento de Endemias de Marialva (Noroeste), Maria Teresa Severina, lembra que nos últimos três anos o município passou por epidemia, mas depois de muito trabalho o índice do LiraA foi reduzido para abaixo de 1%. "No começo do ano, Marialva teve 410 casos positivos, mas agora quase não encontramos mais focos de mosquitos. Se encontramos, conseguimos remover rapidamente", aponta. Ela cobra o maior engajamento da população pelo descarte correto de lixo. "Em um terreno de mato alto fica difícil de ver se tem um copinho acumulando água. A população brasileira em geral não é educada. O lixo que produzo, eu tenho que dar destino certo. O município tem coleta seletiva para isso, mas se a população não tem essa consciência não adianta nada." De acordo com o Sesa, o município apresenta 4 casos neste ciclo.