Integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) saíram às ruas nesta terça-feira (10) para cumprir dez mandados de busca e apreensão domiciliar e sete de busca pessoal em Londrina, Cambé, na região metropolitana, Campo Largo, Curitiba e Pontal do Paraná. A operação Xadrez, como foi denominada, desarticulou uma organização criminosa que vendia certificados de cursos falsos para que detentos diminuíssem o tempo da pena.

A investigação iniciou há três anos, após o MP-PR (Ministério Público do Paraná) de Francisco Beltrão (Sudoeste) registrar denúncia da prática criminosa. “Eles receberam uma informação inicial da Vara de Execuções Penais suspeitando da autenticidade de alguns certificados de conclusão curso. Esses certificados eram utilizados para a remissão de pena”, destacou o promotor de Londrina, Leandro Antunes.

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Com o avanço da apuração foi descoberto que o grupo que comercializava os documentos forjados era de Cambé. “Constatamos o nome de instituições religiosas para emitir os certificados. Inclusive, usavam o nome de pastores e outros religiosos que existem, mas falsificavam carimbos e revendiam para os criminosos condenados. Os religiosos não estão envolvidos no esquema”, frisou.

Existia até propaganda da venda dos certificados. “As investigações demonstram que além do boca a boca, em alguns casos houve campanha de panfletagem nas proximidades das unidades prisionais para os familiares”, comentou. Também foi usado de maneira ilegal o nome do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado do Paraná).

A suspeita é de que mais de mil certificados falsos tenham sido confeccionados pela organização
A suspeita é de que mais de mil certificados falsos tenham sido confeccionados pela organização | Foto: Divulgação - MPPR

Na atual fase da operação ninguém foi detido. O líder do esquema já está preso, condenado por associação criminosa, estelionato e falsidade de documentos. “Pelo que temos nas investigações. esse líder falsificou certificado para ele e isso deu certo. Conseguiu abater pena com base nesse documento falso e com isso tornou uma prática comercial”, detalhou.

MAIS DE MIL

A suspeita é de que mais de mil certificados falsos tenham sido confeccionados pela organização, beneficiando detentos de todo o Estado. “Nosso papel agora é justamente filtrar esse material e responsabilizar esses beneficiários que tiveram redução de pena indevidamente”, advertiu o promotor. “Nosso objetivo neste momento é reunir os materiais e analisar os dispositivos eletrônicos para chegar a outros envolvidos nesse esquema de fraude”, acrescentou.

Os envolvidos poderão responder pelos crimes de constituição de organização criminosa e falsidade documental. Somada, em caso de condenação, a pena pode ultrapassar os cinco anos de reclusão.