Nas folhas de papel, o resumo demonstrando por meio de palavras e desenhos de um sentimento comum: gratidão. Profissionais de saúde da Iscal (Irmandade Santa Casa de Londrina) receberam cartas, pelo trabalho em meio à pandemia de coronavírus, de crianças da paróquia Nossa Senhora de Nazaré, do conjunto Parigot de Souza, zona norte da cidade.

Cartinhas foram colocadas nos murais das instituições pertencentes à Irmandade Santa Casa de Londrina
Cartinhas foram colocadas nos murais das instituições pertencentes à Irmandade Santa Casa de Londrina | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

São cerca de 120 correspondências, colocadas em murais de locais de passagem da Santa Casa, Hospital Infantil e Mater Dei. “É a primeira vez que vejo um reconhecimento deste tipo. É muito legal, porque é algo que nos dá ânimo para o dia a dia, dá expectativa e força. Além disso, é bom saber que as pessoas estão intercedendo por nós”, celebrou Diego Poltronieri, auxiliar geral de enfermagem na Santa Casa há sete anos.

Poltronieri trabalha na unidade um da instituição, que foi designada para receber pacientes com suspeita ou confirmados com a Covid-19. Apesar de a referência ser o HU (Hospital Universitário), casos considerados sem gravidade ou intermediários também são tratados no hospital. “Sempre ficamos um pouco apreensivos, com receio. Quando vem este tipo de motivação deixa mais leve”, apontou.

HERÓIS

Entre as cartas que mais emocionaram estão desenhos que compararam os profissionais com super-heróis e até anjos, lembrando de todos aqueles que prestam serviços no ambiente hospitalar. “Uma criança colocou que ora por nós todos os dias, retratou um anjo com um estetoscópio. É bonito perceber este carinho de fora, que nos veem como aqueles que socorrem, que somos heróis para eles”, alegrou-se a técnica em enfermagem Vera Lúcia Caldana Pereira.

Diariamente, a técnica colabora nos cuidados dos pacientes, encaminhando e ajudando no banho, alimentação, medicação. “Poderes” de quem escolheu, além de uma profissão, se dedicar ao próximo em um momento de dor. “O coronavírus é uma doença entre outras tantas que existem e que continuamos atendendo. Estamos na frente de batalha, tomando todos os cuidados e lutando pela vida”, refletiu.

INICIATIVA

A iniciativa foi do padre Emerson José da Silva, responsável pela paróquia Nossa Senhora de Nazaré. O sacerdote conta que a inspiração foi a deferência aos funcionários da área da saúde vista em outros países. “Como foram suspensas as atividades da catequese, precisamos ser criativos com as crianças. Lançamos a proposta aos catequizados, para que durante todo o mês de maio fizessem orações para os profissionais de saúde e as cartas”, relata.

Rezando missas na Santa Casa desde que o capelão se afastou por pertencer ao grupo de risco, optou por encaminhar os materiais à Iscal. Agora, outras pessoas da comunidade estão levando cartas até a igreja. “Há muitas atividades que não estamos podendo fazer, mas outras sim e bem. Uma carta, uma oração, uma gratidão ou até mais paciência na convivência entre nós. Temos que buscar fazer a diferença e um ‘contrapeso na balança’, pois, estamos vivendo dias ‘pesados.”

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OPORTUNIDADE

A família da analista de sistemas Cristiane Marques da Silva Souza e do empresário Eraldo Henrique Souza foi uma das que participaram do projeto. Os três filhos do casal escreveram cartas. “A ideia da catequese da paróquia foi a oportunidade de um momento único de gratidão, em que não só as crianças, como também nós, familiares, nos empenhamos para fazer as mensagens e gerar esperança no coração daqueles que estão à frente no combate deste vírus”, valorizaram.

A pequena Beatriz Victoria, 8, registrou que sem os profissionais da saúde as pessoas não estariam bem nesta pandemia. “Escrevi que são muito importantes e que estão nos protegendo”, resumiu o irmão, João Paulo, 14. Já para Daniel Henrique, 12, é preciso ouvir o que estes trabalhadores recomendam. “É ficando em casa para dar menos trabalho para eles”, sugeriu.

COLABORAÇÃO

Para quem enfrenta a pandemia e os desafios da saúde de perto, o desejo é para que as homenagens se multipliquem de outras formas. “A Covid-19 existe, apesar de muitas pessoas não acreditarem, e está por aí”, alertou Vera Lúcia Caldana Pereira, técnica em enfermagem. “Que sigam as orientações das autoridades em saúde, usem máscara, respeitem o distanciamento, higienizem as mãos. É a ajuda que todos poder dar para vencermos este vírus”, pediu o enfermeiro Diego Poltronieri.