Marcos Zanatta
De Maringá
O Hospital Universitário (HU) de Maringá acionou o Conselho Tutelar para conseguir internar quatro menores que aguardam vagas em hospitais da região. O caso mais grave é do menino Cesar Vieira Nunes, 13 anos, que chegou ao HU no dia 30 de dezembro. Ele mora em Cruzeiro do Oeste (29 km a leste de Umuarama), e segundo diagnóstico dos médicos tem problemas de ostiomielite, necessitando urgente de cirurgia.
‘‘Ele corre o risco de perder a perna’’, lamenta a dona de casa Helena Ferreira Desidério, amiga da família de Cesar e que acompanha o menino no hospital. No final da tarde de ontem, a direção da Santa Casa de Maringá se prontificou a atender o menino. O hospital havia sido consultado antes pelo HU sobre a disponibilidade de vaga.
Desde que Cesar chegou a Maringá, o HU já tentou vagas para cirurgia e tratamento dele em seis hospitais da região, sem sucesso. ‘‘Decidimos acionar o Conselho Tutelar que está com o caso na Justiça’’, disse o diretor do hospital, Vicente Kira.
Ontem, a conselheira Ângela Regina Xavier, disse à Folha que o caso já está na Vara da Infância e Juventude e dependia de alguns documentos para a Justiça acionar algum hospital da região. Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, os menores têm preferência de atendimento pelo SUS. ‘‘Sabemos da situação crítica dos hospitais’’, pondera Ângela.
Ela disse que o Conselho estava também tentando viabilizar o internamento das outras três crianças que aguardam vaga no HU. A prioridade é para a estudante Amanda Raquel de Oliveira, 9 anos, que teve dois dedos da mão esquerda esmagado por um tanque de lavar roupas no dia 16 de dezembro.
A mãe dela, Wildimira Ferreira, disse que no mesmo dia levou a filha para o posto de saúde. ‘‘O médico deu pontos, imobilizou e mandou para casa.’’ Alguns dias depois, quando a menina foi trocar o curativo, o médico informou que os dedos estavam necrosados.
Na segunda-feira passada, Wildimira levou a filha para o Pronto Atendimento do Jardim Alvorada, mas não conseguiu ajuda. ‘‘Depois vim para cá, mas não existe ninguém para ver o problema e como vou deixar uma criança de 9 anos perder os dedos’’, lamenta.
Os outros dois casos envolvem Wesley Henrique da Silva, 6 anos e Carlos Eduardo Daleffe, 12, ambos com fratura exposta há dois dias. Os dois estão no HU desde quarta-feira, mas não encontram vagas para internamento. ‘‘Vamos tentar encaminhar todos através da Justiça’’, previu ontem a conselheira Ângela.