Criança morre esperando vaga pelo SUS
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terça-feira, 11 de abril de 2000
Maurício Borges
De Apucarana
Raquel Cerqueira dos Santos, de 4 anos, morreu anteontem às 18 horas, no Pronto Atendimento Municipal (PAM) de Apucarana, depois de esperar seis horas por uma vaga para internamento hospitalar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Familiares e amigos do ensacador Édson Aparecido de Jesus e sua esposa Sandra Cerqueira dos Santos, pais de Raquel, estão revoltados. Eles moram no distrito de Vila Reis.
O atestado de óbito indica que ela morreu por parada cárdiorrespiratória, em consequência de uma broncopneumonia e edema pulmonar agudo. Segundo a polícia, até o final da tarde de ontem, os pais da criança não haviam registrado queixa na 17ª Subdivisão Policial.
A direção do PAM informou que o Hospital da Providência, que é credenciado ao SUS e estava de plantão, alegou que não havia disponibilidade de leito. Já a assessoria jurídica do hospital, argumenta que a central de leitos não informou que tratava-se de um caso de emergência ou urgência médica.
Marcelo Machado, diretor administrativo da Autarquia Municipal de Saúde, responsável pelo Pronto Atendimento Médico de Apucarana (PAM), informou ontem que o secretário de saúde, Carlos Alberto Gebrin Preto que estava viajando , determinou a abertura de sindicância. Segundo Machado, a criança foi atendida domingo no PAM com recomendação que retornasse no dia seguinte.
Na segunda-feira, conforme relatou ele, a mãe levou a filha ao posto e após ser consultada por uma médica, retornou ao PAM com novos medicamentos receitados e a recomendação de internamento. Infelizmente, não havia leito disponível nos hospitais de Apucarana e Arapongas consultados pela Central de Leitos, argumentou Machado.
O advogado Ivan Prux, que presta assessoria jurídica ao Hospital da Providência informou que a instituição dispõe de 11 leitos de pediatria para o SUS e na segunda-feira já haviam 24 pacientes internados. Sempre que faltam leitos nos hospitais que atendem pelo SUS, o Hospital da Providência, mesmo estando com suas vagas lotadas, jamais nega atendimento em casos de urgência e emergência, bastando apenas que a Central de Leitos informe essa condição, garantiu o advogado. Prux informou ainda que, no mesmo dia, o Providência recebeu a internação de outra criança, indicada pela Central de Leitos, informando que tratava-se de um caso de urgência.