Cresce a tensão entre camelôs e prefeitura
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sexta-feira, 12 de julho de 2002
Luciano Augusto<br> Reportagem Local
Em uma audiência tensa, ontem, entre representantes dos ambulantes da Rua São Paulo e da Avenida Leste-Oeste, Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e o prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT), os camelôs rejeitaram temporariamente a proposta de instalação de um shopping popular no prédio da Loja Móveis Paulista (área central). O prefeito chegou a se exaltar depois que as suas condições subsidiar um terço do aluguel, prestar assessoria empresarial e ainda promover melhorias para atrair os consumidores não foram aceitas.
Os ambulantes temem ser abandonados após o encerramento do subsídio, com duração máxima de dois anos, ou após o término do mandato de Micheleti, daqui a dois anos e meio. Outra alegação é que não poderiam arcar com os custos depois que deixassem de receber a ajuda oficial. Os camelôs devem se reunir nos próximos dias para rediscutirem a proposta.
A questão ainda tem outros ingredientes que podem engrossar o caldo e complicar ainda mais a situação. No próximo dia 31 de julho, encerra o prazo dado pelo Ministério Público Federal de Londrina para que os ambulantes regularizem sua situação contábil. O prefeito também já avisou que não vai tolerar mais ambulantes nas ruas e praças incluindo o prolongamento da Leste/Oeste e não pode fazer a doação do terreno ao lado do Posto de Atendimento Infantil (PAI) por se tratar da única grande área pública disponível no centro. Ele também rejeitou a instalação de um camelódromo no prédio do Terminal Urbano de Transporte Coletivo porque o processo de desativação do espaço deve demorar alguns anos.
A tônica da reunião de ontem foi a divergência de opiniões. Micheleti garantiu que com a viabilização do shopping, o calçadão poderia ser ampliado pela Avenida Maranhão até próximo do prédio, as linhas de ônibus seriam remanejadas e o trânsito reorganizado. ''O trabalho será contínuo e é essa parceria que estamos propondo'', comentou o prefeito. Segundo ele, não há clima político para deixar a situação como está. ''Não podemos comparar custo econômico com o custo político... Quem está apostando no limite do conflito, está se enganando.'' O prefeito lembrou que não pode fazer promessas para além de seu mandato e manteve aberto o diálogo para a instalação dos ambulantes em um shopping popular.
O presidente da CMTU, Wilson Sella, se disse triste com o resultado da reunião. Segundo ele, o custo final mensal do condomínio no novo prédio não seria superior a R$ 60,00, já com o aluguel. Mais os R$ 100,00 mensais da parte contábil, o valor para cada ambulante seria de R$ 160,00. Conforme o presidente da ONG Canaã, Rogério Gonzales Nascimento, as despesas mensais chegam a R$ 130,00, para os ambulantes já regularizados. Se optarem pelo shopping, ao final dos dois anos de ajuda, esse custo pularia para R$ 240,00. O prazo de permanência dos ambulantes que estão na Leste/Oeste, representados pela ONG, encerra-se em fevereiro.