Muitos veem o animal de estimação como membro da família e o luto pode ser tão doloroso quanto se fosse a perda de um filho. Além do lado emocional, é preciso saber o que fazer com o corpo do animal.

Os pets que convivem com o animal que morreu também sentem a perda e o tutor precisa ficar atento
Os pets que convivem com o animal que morreu também sentem a perda e o tutor precisa ficar atento | Foto: iStock

O médico veterinário Pablo Menegon explica que a medida mais adequada para o descarte do corpo do animal é a cremação. “Este processo garante que medidas sanitárias e ambientais sejam aplicadas, dando uma destinação digna e ecologicamente correta ao animal. Caso o animal venha a óbito em hospital veterinário ou em clínica veterinária, é aconselhável que o corpo do animal seja deixado no próprio local, pois assim o corpo será encaminhado para profissionais habilitados para o descarte correto”. Em Londrina, uma empresa privada realiza a cremação.

Muitos tutores preferem enterrar o animal por conta própria, como no quintal de casa, terrenos vazios, fundo de vales e outros. O veterinário alerta que essa prática contribui para a poluição ambiental e que esse fato pode ser agravado quando o óbito do animal foi ocasionado por alguma doenças infecciosas ou uma doença com caráter zoonótico. "Nesses casos pode haver uma contaminação envolvendo outros animais, o ambiente ou até mesmo o ser humano", explica.

Os pets que conviviam com o animal também podem sentir a perda, quando isso acontece é aconselhável que o tutor esteja atento, redobrando a atenção. “Eles podem apresentar mudanças comportamentais como ficar quietos, isolados, perder o apetite, recusar brincar com os tutores e até mesmo automutilação de patas e cauda”, esclarece Menegon.

O veterinário aconselha que para reduzir esses efeitos, “o tutor não deve mudar a atividade rotineira do animal, como levar para passear, ir ao pet shop ou horários de alimentação". Outra recomendação seria estimular ele com seus brinquedos favoritos ou até mesmo a aquisição de novos para que possa ter uma distração. "Atualmente, existem creches e clubes para os pets e é uma ótima alternativa para esse momento, pois a socialização com outros animais pode amenizar os efeitos relacionados com o luto e, consequentemente, ajudar no processo da perda”. Ele destaca que “quanto mais próximo o tutor esteja do animal o mesmo não se sentirá sozinho, melhorando mais rápido a ausência do companheiro”.

A fase de luto para as crianças que conviviam com o animal de estimação

De acordo com a psicóloga Paola Paoliello, “o luto não é só quando há a morte de uma pessoa. O luto é uma perda muito importante e impactante na vida da pessoa, e o animal está incluso nisso”. Ela explica quais são as fases do luto e a importância de viver cada uma delas. As fases são: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, não tendo uma ordem pré-estabelecida. Mas para se recuperar do abalo emocional é preciso “viver o luto consciente dessas fases, estando atento aos pensamentos que vem à cabeça”.

Se alguma criança convivia com o animal é importante que os adultos conversem com ela, como explica a especialista. “Falar sobre a realidade, tudo o que aconteceu e não ficar escondendo. Não criar uma história e permitir que as crianças, assim como os adultos, vivam esse luto”. Ela também destaca a importância de jogar fora as coisas do pet, não ficar guardando, cheirando, que tudo bem guardar por um tempo, mas depois é preciso se desfazer.

Muitas famílias optam por adotar outro animal para a criança não sentir a falta do pet que faleceu. “Para a criança é legal depois de uns meses, se a família estiver preparada, arrumar outro animalzinho e deixar claro que ele não está substituindo o lugar do outro animal, ele é outro pet, outra companhia e não um substituto”, alerta a psicóloga.

*Sob supervisão de Fernanda Circhia