Há uma década atendendo as crianças do jardim Santa Fé, na zona leste de Londrina, o Imel (Instituto Matheus Emmanuel de Londrina), mantenedor do CEI (Centro de Educação Infantil) Iracema Helene Campregher, precisa de doações. A instituição filantrópica, que é conveniada ao município, acolhe 172 meninos e meninas de zero a cinco anos em regime integral. Com um número alto de alunos, faltam brinquedos para repor os mais antigos, além do bebê conforto, equipamento usado pelas crianças com poucos meses de vida.

"Os brinquedos que temos atualmente estão velhos e prejudicam os momentos de lazer das crianças, já que ficam restritas a ter que brincar somente com alguns. Estamos aceitando brinquedos novos ou usados. O que vier, e estiver em bom estado, será bem-vindo. O bebê conforto falta, só que em menor quantidade em relação aos brinquedos", afirmou Carla Andreia Senni, diretora do centro educacional.

Além disso, a instituição está precisando de leite. Por dia são usados 16 litros para as três refeições que são servidas diariamente no local. Quando existe alguma atividade diferente, a quantia utilizada dobra. "Tem o leite comum, que sempre estamos carecendo, e o leite nestogeno, que é um tipo consumido por crianças de zero a seis meses, pois não podemos dar leite de vaca para elas", explicou. "Temos casos que precisamos entregar o leite para a família levar, porque ao contrário a criança ficará sem tomar em casa", acrescentou.

Apesar do convênio com a prefeitura, manter o CEI aberto é uma "luta diária", como a própria diretora define. O município repassa cerca de R$ 40 mil por mês. O dinheiro, porém, consegue custear somente os salários dos 20 funcionários. Segundo Senni, o gasto mensal chega próximo a R$ 80 mil. Para complementar o que falta são feitas rifas, promoções e pessoas fora da comunidade ajudam de diversas formas. Recentemente foram adquiridos ventiladores com o valor arrecadado nestas ações.

Mesmo com a dificuldade, ela destaca o papel da escola no bairro, que está entre os mais carentes da cidade. "Na comunidade todos agradecem por estarmos aqui, pois não têm onde deixar os filhos. A questão pedagógica é importante, e prezamos muito por isso, mas a comida aqui é de extrema necessidade, pois muitos só contam com as refeiçoes do CEI. Também tem a questão das crianças estarem protegidas e receberem os cuidados de higiene pessoal."

INÍCIO
O CEI começou com um trabalho que era realizado por Carla Andreia Senni, junto com outros amigos, que participavam da Pastoral da Criança no bairro. Neste período, a secretaria de Educação os convidou para a parceria, que mais tarde foi firmada. Atualmente, 23 amigos formam o grupo responsável pelo instituto, que não tem vínculo com nenhuma entidade religiosa.

De acordo com a diretora, mesmo com os desafios a sensação é positiva e de dever cumprido, por estarem promovendo a educação e o direito a mais dignidade. "Isso é muito legal. Tudo que fazemos de bom neste mundo Deus dá em dobro, por meio de saúde e outros bons sentimentos, para nós e nossas famílias", enalteceu.

Alunos ganham ovos de Páscoa

A quarta-feira (28) foi mais doce para os alunos matriculados no CEI Iracema Helene Campregher (zona leste), mantido pelo Instituto Matheus Emmanuel. Todos receberam ovos de chocolate ou kits com doces em comemoração à Páscoa. A iniciativa partiu da estudante de engenharia civil Stefany Tarantini. É o segundo ano que ela, amigos e familiares se juntam para fazer esta época do ano mais feliz para as crianças da instituição.

Ela conheceu o CEI quando realizou uma reforma no local junto com colegas de estudo, em 2017. "No ano passado arrecadamos fundos para comprar os ovos e uma parte fizemos. Em 2018 fomos atrás de doações, divulgando por meio das redes sociais, e resolvemos produzir todos os ovos de Páscoa em casa", contou. Nos ovos ainda foram colocados brinquedos. Os menores de dois anos ganharam um pacote repleto de chocolates.

Grupo de amigos levou chocolate e fez esta época do ano mais feliz para as crianças da instituição
Grupo de amigos levou chocolate e fez esta época do ano mais feliz para as crianças da instituição | Foto: Pedro Marconi



A confecção dos produtos durou cerca de duas semanas. Além das guloseimas, as crianças receberam um afetuoso abraço. "O presente é maior para nós do que para eles. Quando entregamos e vemos o sorriso deles não tem preço. Muitos só vão ter esses ovos de chocolate para comer. Me faz bem ajudar", relatou. O projeto recebeu o nome de #SOSPASCOAIMEL. A intenção é continuar com a ação e expandir para outras épocas do ano, colaborando com outros materiais. "Somos gratos a cada que doou e colaborou. O que poderia parecer pouco aos olhos de alguns se torna muito para estes pequenos."

Presente na entrega, a cozinheira Débora Tarantini, mãe da estudante, mostrou que a união para fazer o bem está dentro e fora de casa. "Criamos os filhos para ter caráter e saber amar o próximo, não importando a condição social. O que pudermos fazer, temos que fazer pelo outro", disse ela, enquanto as crianças se deliciavam no pátio com os chocolates. "Está faltando nas pessoas mais amor e respeito. Poder propiciar isso é uma forma de incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo", recomendou. (P.M.)

SERVIÇO:
Quem quiser ajudar o CEI Iracema Helene Campregher pode entrar em contato pelo telefone (43) 3339-1950