Tradições de séculos da Igreja Católica, a procissão a pé com o Santíssimo Sacramento nas ruas e a confecção de tapetes de serragem e palhas no Corpus Christi, que será na quinta-feira (11), terão que ser substituídas por outras maneiras para manter a celebração neste ano, em meio à pandemia do coronavírus. Com o distanciamento social como medida preventiva, a Arquidiocese de Londrina emitiu recomendação para as paróquias.

Imagem ilustrativa da imagem Corpus Christi com mudanças, mas a mesma fé
| Foto: Dirceu Júnior dos Reis - Divulgação

A arquidiocese abranger 16 municípios, totalizando 84 paróquias. As igrejas foram orientadas a transmitir a missa pelos meios de comunicações disponíveis - o que já vem sendo feito desde que as celebrações com presença de fiéis foram suspensas – e ao invés da procissão presencial, um carro de som poderá passar pelas ruas conduzindo o padre com o Santíssimo Sacramento. Para os católicos, o Santíssimo representa o corpo de Jesus Cristo, como narrado na Bíblia, na passagem da Última Ceia.

“Colocamos para os padres para que seja feito contato com coordenações de asilos, hospitais. Que os sacerdotes possam ir a bairros periféricos, para que façam a benção do Santíssimo Sacramento. A intenção é que, com a capilaridade da igreja, toda a cidade seja abençoada. A eucaristia é uma benção, é Deus presente”, destacou dom Geremias Steinmetz, arcebispo da Arquidiocese de Londrina.

MILAGRES EUCARÍSTICOS

A origem do Corpus Christi vem da ideia dos milagres eucarísticos que aconteceram e desenvolveram pelo Mundo, no sentido de fazer a eucaristia presente nas ruas das cidades. No Brasil, a data é feriado e sempre celebrada numa quinta-feira. “É o momento que temos para aproveitar as condições disponíveis para manifestar nossa fé. Sabemos que mesmo nessa realidade toda não estamos abandonados por Deus. Pela nossa fé, temos que pensar na vida e proteção das pessoas que estão nos grupos de risco”, pontuou.

De acordo com o arcebispo, a fé bem construída e madura é um pilar para a vida de uma pessoa e família, além de se tornar essencial num período de incertezas e angústias. “Não é uma fé que espera por milagres, mas presente na boa observação dos mandamentos. Deus está nos orientando por meio dos mandamentos. Neste momento, somos convidados a servir verdadeiramente ao Senhor. Viver a caridade, ouvindo a Palavra de Deus, mesmo que não seja possível a eucaristia”, refletiu.

SOLIDARIDADE

Nos últimos anos, o Corpus Christi se tornou uma oportunidade da prática da caridade, com os fiéis levando doações nas procissões. Em 2020, as paróquias estão propondo outras formas das pessoas colaborarem para manter o gesto concreto. Na paróquia São José Operário, no jardim Leonor, na zona oeste, as famílias estão sendo convidadas a colocarem nos portões das casas alimentos, que serão recolhidos no momento que o Santíssimo passar pelas vias.

Responsável pela paróquia, padre Dirceu Júnior dos Reis relatou que a experiência foi feita em outras oportunidades e deu certo. “Na Sexta-Feira Santa passamos pelas ruas do jardim Leonor, Nossa Senhora da Paz e Vila Rica com imagens sacras. No dia do padroeiro, em 1º de maio também. A comoção das pessoas e a colaboração foram surpreendentes”, relatou. A paróquia atende mensalmente 120 famílias carentes com cestas básicas, remédios e fraldas.

A divulgação é por meio das redes sociais e carro de som, o que ainda é muito utilizado na comunidade. “Estamos pedindo ainda que as pessoas coloquem um altar no portão de suas casas, simbolizando a expectativa de receber a benção. Mesmo sem os encontros, as crianças da catequese estão sendo convidadas a fazer cartazes com materiais reciclados”, afirmou. “O Corpus Christi é uma oportunidade de Jesus passar pelas casas. Isso enriquece a esperança em perceber que Cristo vai ao encontro em todos os momentos da vida.”