Cooperativas afirmam que estão trabalhando com contrato vencido
É a terceira vez que o problema acontece em cerca de um ano; CMTU diz que cooperativas de materiais recicláveis não ficarão sem receber
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 24 de outubro de 2023
É a terceira vez que o problema acontece em cerca de um ano; CMTU diz que cooperativas de materiais recicláveis não ficarão sem receber
Pedro Marconi
Representantes das cooperativas de materiais recicláveis em Londrina afirmam que estão trabalhando, mais uma vez, sem que tenham um contrato formal com o município, por meio da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). As lideranças dizem que o último vínculo venceu no dia 16 de outubro e que desde então aguardam uma renovação.
A companhia frisou, via assessoria de comunicação, "que as cooperativas não estão sem contrato, que não ficarão sem receber e que a CMTU está finalizando a questão da renovação contratual". O último contrato disponibilizado, de forma pública, é datado de abril, com duração de seis meses, ou seja, vale até a primeira quinzena de outubro.
“Estamos fazendo o trabalho de coleta porta a porta porque não queremos deixar os moradores na mão. A CMTU garantiu que irá o assinar o contrato desde o dia que venceu e que não haverá perdas, no entanto, temos desconfianças”, frisou a presidente da Cooper Refum, Selma de Assis. A cooperativa atende 22 mil domicílios das regiões norte e leste. “Estamos fazendo nosso máximo, dando nosso melhor, mesmo com mão de obra em falta.”
Esta é a terceira vez em pouco mais de um ano que as sete cooperativas que atuam na cidade prestam o serviço sem um acordo assinado, ou aditivado, com a prefeitura. Em outubro do ano passado – quando venceu um vínculo de cinco anos -, as entidades seguiram coletando por 15 dias até a renovação do contrato, problema que se repetiu em abril.
Na avaliação de Francisco Bitencourt, da Ecorecin, a situação recorrente prejudica o trabalho e gera apreensão entre os trabalhadores. “O grande problema de trabalhar sem contrato é a insegurança de receber ou não. Até renovar o contrato de outubro ficamos trabalhando e tivemos que entrar na Justiça (para receber). Ganhamos na primeira instância”, relatou. “Se não fizermos o trabalho na rua a cidade vira um caos. Então, continuamos mandando o caminhão recolher os materiais todos os dias”, acrescentou.
REMUNERAÇÃO
As cooperativas recebem R$ 2,02 da CMTU por imóvel visitado de uma única vez mensalmente. Se os cooperados passam quatro vezes num local no mês, por exemplo, o montante representa R$ 0,50 por visita. No primeiro quadrimestre do ano, o MP-PR (Ministério Público do Paraná) cobrou, por meio de ofício, que as instituições ganhassem R$ 3,31 por domicílio, sendo R$ 2,66 para o custeio do serviço e R$ 0,65 de subsídio para locação do barracão.
Com o valor dos materiais baixo, as entidades cobram que o município pague os 20% do INSS - hoje o município se responsabiliza por 11% e os 9% restantes são bancados pelas cooperativas, e, principalmente, a insalubridade. “Muitos compradores não estão querendo pegar. Temos pagado metade do salário dos cooperados um dia e vamos vendendo os materiais recolhidos nos outros dias para pagar o restante. É a misericórdia de Deus que está nos mantendo em pé”, destacou Sandra de Assis.
CONTRATO A LONGO PRAZO
Como não são todas as cooperativas que conseguem arcar com a insalubridade e com frequência, ex-trabalhadores têm entrado judicialmente contra as entidades. “Recentemente ficamos quatro meses sem conseguir vender plástico. Nosso salário sai da venda e entramos no vermelho por conta disso. Precisamos de um contrato justo, que pague os encargos e que não seja de seis em seis meses, mas, pelo menos, de dois em dois anos”, argumentou Bitencourt. A Ecorecin tem 27 cooperados e recolhe a reciclagem de 25 mil imóveis nas regiões central, oeste, norte e leste.
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