Conselho Tutelar vai exigir programa
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sexta-feira, 19 de julho de 2002
Marta Medeiros<br> Equipe da Folha
Sarandi - O Conselho Tutelar de Sarandi (7 km de Maringá) quer exigir do município a implantação de um programa pedagógico para crianças de 7 a 12 de anos com o objetivo de evitar situações de risco nesta faixa etária. A cidade com mais de 80 mil habitantes quase não oferece estrutura para atendimento de crianças em regime aberto. O problema veio à tona com a situação de C.D., 13 anos, detido 100 vezes nos últimos seis anos e que está na cadeia de Sarandi por falta de um local que ofereça tratamento adequado.
Na comunidade de Sarandi, a maioria conhece C.D. até pelo fato de já terem sido vítimas de suas ações que incluem uso de drogas, furtos, ameaças e danos ao patrimônio. O pai do garoto é alcóolotra e ex-presidiário. A mãe está presa acusada de homicídio. Segundo o Conselho Tutelar, nenhum integrante da família de C.D. o aceita porque o garoto é considerado um ''problema sem solução''. ''Ele (C.D) fica bem em alguns lugares por uns dias ou só até o momento que quer e depois apronta e foge e ninguém consegue segurá-lo'', diz a presidente do Conselho Tutelar, Elizabete Cantarim.
Segundo Elizabete, o objetivo agora é encaminhá-lo para o Educandário São Francisco em Curitiba, único lugar do Estado com tratamento para menores acima de 12 anos em regime fechado. Elizabete conta que os conselheiros já tentaram de ''tudo'' para ajudar C.D. A lista de ações, segundo ela, é enorme e vai desde a inclusão de abrigos em Maringá a uma casa de um pastor evangélico que tentou ajudar o garoto mas também não conseguiu.
Elizabete diz que ainda não tem a estatística sobre o número de crianças que hoje passam o maior tempo do dia nas ruas de Sarandi. Muitas delas no sinaleiro do entroncamento rodoviário do município. Conforme a conselheira, o ideal seria um programa pedagógico, do tipo contraturno, em que a criança passa quatro horas na escola e outras quatro em atividades extracurriculares. ''O município conseguiu 120 bolsas do PET (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) mas necessita de outros programas com um maior número de vagas'', avalia.