Natural de Loanda (Noroeste), fã de desenhos animados e jogos de videogame, com 20 anos de idade e o sonho de se tornar astronauta, Andressa Ojeda, mora na Flórida (EUA) há três anos e está cursando engenharia aeroespacial na renomada universidade norte-americana, Embry-Riddle. Para entender como Ojeda chegou onde está, é preciso voltar no tempo, quando a aspirante a astronauta brasileira tinha apenas 9 anos de idade.

Folha de Londrina

O CÉU

Ojeda sempre teve curiosidade e interesse sobre tudo o que envolvia astronomia. Desde muito nova sempre gostou de ler livros e artigos sobre o tema, mas a principal motivação para este sonho tão grande foi na época em que sua mãe faleceu. “As pessoas falavam que quando uma pessoa falece ela vira uma estrela e eu com 9 anos de idade ficava com aquilo na cabeça. Eu via o céu estrelado e pensava nela. Passava muito tempo olhando para o céu e querendo entender o universo”, conta a estudante.

Depois de ter se apaixonado pelo céu, ela passou a tentar entendê-lo por meio dos livros de física. "Com 11/12 anos de idade eu já estava lendo livros de física quântica para entender como tudo funciona e como tudo vai supostamente terminar.” Desde então, a curiosidade e o interesse pelo céu foram ganhando forma e se transformando em um caminho promissor de oportunidades.

Uma das oportunidades que foram fundamentais para o desenvolvimento de Ojeda foi uma bolsa de intercâmbio através de uma instituição brasileira. O intercâmbio nos Estados Unidos permitiu que ela pudesse aprimorar o que já sabia e aprender mais coisas, ainda no 3º ano do ensino médio, como robótica, astronomia, programação e design de engenharia.

Por meio do SAT, um exame norte-americano que se assemelha ao Enem brasileiro, Ojeda foi aprovada em cinco universidades dos Estados Unidos. Além da nota obtida no exame, também se leva em consideração outros requisitos, como histórico escolar e atividades extra-curriculares, carta de recomendação e redações. A escolhida: "Embry-Riddle Aeronautical University, é a maior e mais antiga instituição com foco em aviação, aeronáutica e aeroespacial.“

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O CÉU NÃO É O LIMITE, O CÉU É SÓ O COMEÇO

Andressa Ojeda já concluiu o segundo ano de engenharia aeroespacial e está passando as férias com a família em Loanda. Nesse período de graduação, a estudante paranaense já desenvolveu projetos de iniciação científica, participou de competições de robótica da Nasa, de um programa de treinamento para voos suborbitais - o treinamento avançado de astronauta - e realizou um voo de pesquisa de microgravidade no valor de 25 mil dólares, através de uma empresa que conheceu sua história e resolveu presenteá-la.

Ojeda também realizou um tour pela Space X, empresa de sistemas aeroespaciais e de serviços de transporte espacial e a responsável pelo projeto de colonização do planeta Marte, com aprovação de Elon Musk, CEO da Space X.

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| Foto: Arquivo Pessoal

"Todo mundo me pergunta o que falta para eu ser astronauta, e eu digo que depende muito. Está tendo muito recentemente turismo espacial, astronautas comerciais e é uma coisa muito nova, mas daqui um tempo vai começar a ficar mais normal ter acesso ao espaço. Pela Nasa eu preciso terminar a faculdade, fazer mestrado, ter 2 anos de experiência na Indústria Aeroespacial e cidadania americana. Mas é possível, pela Nasa ou por alguma agência privada”, afirma .

É possível. O sonho de Ojeda é possível e tem se tornado realidade um pouquinho mais, todos os dias, enchendo a família de orgulho e inspirando outras pessoas a sonharem também: “Qualquer sonho é possível. Os sonhos são muito importantes para serem sonhos, você tem que ir atrás para que eles virem realidade. As pessoas às vezes levam algum 'não' e desistem, mas o importante é ser resiliente e aprender com esse não. O céu é só o começo, como eu sempre digo."

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| Foto: Arquivo Pessoal

INCENTIVO À PESQUISA NO BRASIL

Para Andressa Ojeda, se ela tivesse tido contato com conteúdos e iniciativas que encontrou durante o ensino médio nos Estados Unidos, talvez não precisaria, literalmente, ir para outro país. A ciência no Brasil enfrenta grandes desafios. Em 2021 o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação foi o que sofreu o maior corte no orçamento federal, tendo uma redução de 29% dos seus recursos, em comparação com 2020, afetando diretamente o orçamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), criado em 1951 com o objetivo de incentivar o progresso científico no Brasil.

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| Foto: Arquivo Pessoal

Por outro lado, existem grandes iniciativas brasileiras que merecem apoio e visibilidade, como é o caso do projeto do Rio Grande do Norte, mencionado por Ojeda: Habitat Marte. A proposta consiste em um centro de pesquisas que simula a vida em Marte.

MULHERES NA CIÊNCIA

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| Foto: Arquivo Pessoal

Andressa Ojeda faz parte de uma porcentagem pequena de mulheres em áreas de engenharia. Para ela, o impacto do machismo chegou com mais força na universidade, já que apenas 30% das pessoas nas áreas de ciência, engenharia, tecnologia e matemática são mulheres. “Eu participo de vários clubes, organizações e projetos escolares e em praticamente todos eles eu sou a única mulher, geralmente sou eu e 20 meninos”, conta.

Além da diferença de porcentagem entre meninos e meninas na área, Ojeda também sentiu o machismo em forma de descrédito por parte dos colegas que sempre duvidavam dos seus cálculos. "Eu tive que provar que eu era tão capaz quanto eles.”

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