Paulo Pegoraro
De Cascavel
Candidatos da região de Cascavel aprovados há 2 anos em concurso para agente e escrivão da Polícia Civil anunciaram ontem que, se até o final de fevereiro não ocorrerem as contratações, eles e demais aprovados de outras regiões montarão acampamento em Curitiba, na frente do Palácio Iguaçu e da residência do governador Jaime Lerner (PFL). ‘‘Estamos desesperados, pois dependemos do emprego’’, disse Rosalino Klatczak, 36 anos, dois filhos, desempregado, que fez concurso para investigador.
Segundo Klatczak, indicado por colegas para falar sobre o assunto, ‘‘houve várias promessas de que a contratação se efetivaria, mas até agora nada’’. O processo do concurso foi iniciado em 1997, com 22 mil pessoas se inscrevendo, pagando taxa de R$ 30,00, e, destas, sendo aprovadas 1,6 mil, a maior parte (1,2 mil) como investigador. A última etapa da seleção ocorreu em agosto do ano passado, depois dos candidatos terem acumulado gastos de em média R$ 1 mil, inclusive com viagens.
A homologação do resultado do concurso aconteceu em setembro, mas o governo do Estado passou a alegar dificuldades para as contratações por causa da lei federal que vincula o quadro do funcionalismo público à arrecadação. ‘‘A lei já existia antes do concurso, e o governo sabia disto’’, observa Rosalino Klatczak, acrescentando que, além disto, depois de outras ‘‘promessas’’, em setembro do ano passado o Estado ‘‘prometeu’’ fazer as contratações em novembro, ‘‘mas novamente não cumpriu’’.
Um microempresário de Cascavel, aprovado como escrivão, que pede para não ser identificado por temer ‘‘represálias do governo’’, relata que a decisão de ‘‘acampar na frente do Palácio e da casa do governador’’ já foi discutida entre representantes dos aprovados de todas as regiões. ‘‘O acampamento está previsto somente para segunda quinzena de fevereiro porque vamos dar mais um tempinho ao governo e porque ainda é período de férias’’, disse.