Como ficam os pets em tempo de coronavírus?

Com a permanência das famílias dentro de casa por causa da pandemia do coronavírus, a rotina dos animais de estimação também passa por mudanças. “A gente passeava muito mais, fazia os encontros de socialização, mas há 15 dias suspendemos tudo isso e o jeito tem sido entretê-los dentro de casa. Nesse momento, o mais importante é tomar todos os cuidados”, comenta a jornalista Carolina Thomaz de Aquino, 36.

Ela é presidente da ONG Petiatras, um trabalho de terapia assistida que envolve dez cães em visitas a instituições de Londrina.Aquino é tutora da Zara, da raça golden retriever, que está desde o início do projeto em 2016. “Com certeza ela sente falta porque as visitas são habituais para elas. Além da Zara tenho outros dois cães. A Princesa, por exemplo, aprendeu a fazer xixi e cocô só na rua, então com ela eu tenho que sair duas vezes por dia, mas nada de voltinha no quarteirão. É só em frente de casa mesmo”, diz.

SAÍDAS CURTAS

Sobre os passeios com os animais, o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) informa que as saídas curtas podem ser mantidas, desde que longe de aglomerações em parques ou praças e estejam asseguradas as medidas de higiene.

Como o covid-19 é um vírus novo, muitas pesquisas estão em andamento. Entre elas, a possibilidade de transmissão do coronavírus por animais de estimação. Por enquanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que não há evidências dessa transmissão, mas orienta as pessoas que contraíram a doença a evitarem contato direto com seus pets e a fazerem quarentena de convivência com eles.

Isso porque ao espirrar ou tossir, um tutor ou outra pessoa infectada pode espalhar partículas com vírus sobre os pelos e, se alguém brincar com o animal e levar as mãos ao rosto em seguida ficará exposto ao covid-19. Ou seja, não há garantia de que não haverá transmissão se alguém tocar na pelagem contaminada, segundo o CFMV.

HIGIENE

Ao fazer passeios curtos é importante lembrar de limpar as patinhas e os pelos do cachorro para evitar que o vírus tenha uma porta de entrada por essas áreas. Para isso podem ser usados lenços umedecidos antissépticos ou água e sabão. Os tutores também devem lavar bem as mãos antes e depois de interagir com o animal.

A veterinária Adriana Souza dos Santos, clínica geral da AmahVet, em São Paulo, acrescenta que os brinquedos que tenha contato direto com a boca do animal devem ser lavados antes e após a brincadeira.

ESTÍMULOS

A psicóloga e Adestradora Comportamentalista em Londrina, Luciana Filgueiras, tem aproveitado o momento de quarentena para dar dicas nas redes sociais. Ela tem dois cães e tem passado o tempo com os animais fazendo cabo de guerra, bolinhas e brincadeiras de faro, que segundo ela, estimulam bastante a parte cognitiva.

Estando em casa, ela sugere aos tutores a desafiarem os animais a atingir um objetivo, no caso, a comida. “Esse tipo de brincadeira estimula a inteligência, mantendo o equilíbrio. Coloque a comidinha em brinquedos recheáveis, esconda a ração pela casa e peça para eles procurarem. Coloque a comida dentro de recicláveis ou jogue a comida na grama, de forma espalhada”, aponta.

Filgueiras também fala sobre a ansiedade de separação. “É um problema muito comum, que aparece quando os cães têm hiperapego com uma pessoa específica e sofre quando essa pessoa se ausenta”, explica. Essa ansiedade pode se manifestar em comportamentos como latidos excessivos, arranhar portas e janelas, fazer xixi e cocô pela casa, entre outros.

Para evitar que isso aconteça, Filgueiras diz que é importante estimular a independência do cão. “Defina horários para treinos, alimentação, brincadeiras. É mais difícil manter a rotina nesses dias, mas temos que pensar no bem-estar deles a longo prazo. E se formos pensar em treinos, podemos praticar o comando ‘fica’. Esse comando é ótimo para ensinar o cão a ficar em um lugar sem a nossa presença, e dar para ele a certeza de que nós iremos, mas logo voltaremos”, diz. (Com Folhapress)