Comissão visita presídio em Londrina
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 01 de novembro de 2000
Alexandre Sanches De Londrina
Uma comissão formada por representantes do Centro de Direitos Humanos, Conselho da Comunidade, Pastoral Carcerária e Igreja Católica, coordenada pelo deputado federal Padre Roque Zimmermann (PT), visitou, ontem pela manhã, a Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) para conferir a denúncia de que 22 detentos haviam sido espancados por agentes penitenciários. A denúncia foi encaminhada ao Centro de Direitos Humanos de Londrina (CDHL) pelos familiares dos presos.
Antes da visita, a comissão esteve reunida por cerca de 30 minutos com o diretor da PEL, Dyson Ferreira de Pinho, e com o subdiretor Manoel Gonçalves Neto. Os dois afirmaram que o episódio envolvendo agentes penitenciários e detentos foi um acidente de percurso.
Gonçalves, que respondia interinamente pela direção da PEL até ontem, apresentou vários estoques (armas improvisadas), feitos com armação de ferro das camas de concreto. Segundo ele, as armas teriam sido o pivô do conflito. O Pelotão de Choque foi chamado para fazer a revista, pois havia denúncia que um segurança seria rendido. Os agentes tiveram que retirar os presos das celas praticamente à força. Pode ser que tenha havido excessos. Caso seja comprovado, quem o cometeu será punido.
A comissão visitou algumas alas, como a oficina, cozinha e padaria antes de chegar à ala 4, conhecida como isolamento, onde estão recolhidos os presos que admitiram ser os donos dos estoques. A imprensa foi impedida de acompanhar a conversa e também não pôde registrar o encontro de 16 detentos envolvidos no espancamento. Toda a visita foi acompanhada por um batalhão de agentes penitenciários.
No final da manhã, o deputado Padre Roque disse ficou evidente que há problemas na PEL. O primeiro é a falta de direção. Quem manda são os agentes e não a direção da penitenciária, afirmou. De acordo com o deputados, os presos contaram que a segurança é complicada e brutal. Segundo eles, os agentes arrumam problemas o tempo inteiro, tentando fazer com que cometam delitos e tenha sua soltura atrasada, afirmou. Alguns presos informaram que não poderiam falar por medo de represálias, disse.
O deputado garantiu que, nos depoimentos, os presos confirmaram a agressão por parte de vários agentes penitenciários, citando principalmente três agentes como os mais violentos. De acordo com Padre Roque, não houve contradição nos depoimentos. Todos apresentavam marcas pelo corpo. Um deles estava com o tornozelo inchado, apresentava um grande hematoma e ainda não tinha recebido atendimento médico, relatou.
Após a visita, Padre Roque disse que elaborará um relatório para ser encaminhado às entidades que tratam dos Direitos Humanos, Câmara dos Deputados e Secretaria de Estado da Segurança Pública, pedindo providências. Ele também se comprometeu a voltar, em data ainda a ser definida, para ouvir os agentes penitenciários. Eles também possuem uma série de reclamações e reivindicações que merecem atendimento, afirmou.