Comida com sabor de ExpoLondrina
As iguarias doces e salgadas do parque são um convite ao paladar e remetem a boas lembranças de um passeio em família e diversão com amigos
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 12 de abril de 2019
As iguarias doces e salgadas do parque são um convite ao paladar e remetem a boas lembranças de um passeio em família e diversão com amigos
Micaela Orikasa - Grupo Folha

Você é daqueles que só de ouvir falar na ExpoLondrina já faz um planejamento do que vai comer nas ruas do parque? Não importa a idade. Dos pequenos aos grandes, sempre há apetite de sobra para uma “gulodice”. Afinal de contas, passeio bom é aquele que tem uma pausa para um lanche, um petisco, um belisco. Para melhorar ainda mais, adicione uma pitada de nostalgia.
Para quem cresceu frequentando as ruas do parque Ney Braga nos meses de abril, ao ver as barracas típicas de comida logo se pega em lembranças de um passeio em família, a diversão com os amigos, o encontro do amor.
Dos churros que ganharam versões “gourmet” ao tradicional cachorro-quente “sirva-se à vontade”, a questão é que nenhum olfato fica alheio a essas tentações. Mas como também comemos com os olhos, o brilho das maçãs do amor e a ideia de que por trás de uma boa camada de chocolate se escondem uvas e morangos, são motivos a mais para fazer uma pausa no passeio.
Por essas relações de sentidos e afeto, a FOLHA passou por algumas barracas de comidas típicas da ExpoLondrina para aguçar paladares e conhecer um pouco sobre quem vive de vender guloseimas em exposições.
'MINHA VIDA É UM DOCE'

O reinado de José Eduardo dos Santos não está só no nome de sua barraca “Rei do Doce”. A arte em transformar açúcar em diferentes receitas é lapidada há mais de 30 anos, e ele garante que chegou a uma fórmula secreta. “Minha paçoca é especial. É um receita exclusiva que demorou quase quatro anos para ficar pronta. Desse jeito, não tem outra melhor”, exibe seu lado vendedor. Para ajudar a preparar os doces diariamente, Santos conta com uma equipe de 30 funcionários que se dividem em oito barracas pelo parque.
A vitrine é extensa: há coquinho, quebra-queixo, doces de leite recheados e cocadas nos sabores tradicionais ou abacaxi e maracujá. “São molinhas por dentro, sabe?”
Qualquer doce da banca sai por R$ 5. Para os indecisos ou defensores do “custo-benefício”, a dica são os doces de leite com uma camada de cocada. “Minha vida é um doce e minha missão é adoçar a vida do povo”, brinca.
'ESSA BATATA É ESPECIAL'
O nome da família Lima está por todos os cantos da ExpoLondrina. Eles têm a maior parte das barracas que vendem pipoca e batata frita. “Minha vida foi construída com esse trabalho e lá se vão 44 anos de Expô em Londrina”, comenta a mineira Leodina Soares da Silva Lima, de 75 anos.

Ela não acompanha os filhos e o genro em todas as exposições pelo País, mas a de Londrina faz questão de participar. “Esse é a número um no meu coração. Eu e meu marido, que já faleceu, começamos aqui, vendendo pipoca em um carrinho. Tivemos nossos filhos, aumentamos o número de barracas e continuamos. Quando a festa é boa chegamos a vender algumas toneladas de batata”, diz.
A família conta hoje com dez pontos de venda e dona Leodina lembra que as batatas são a cara da Expô. “Essa batata é especial, bem sequinha, crocante e é preparada na gordura vegetal”, anuncia. São três tamanhos de pacotes de batata vendidas a R$ 5, R$ 10 e R$ 15.
SORVETE COM SABOR DE INFÂNCIA
O jovem João Gabriel Felício precisou apenas de um cantinho, uma máquina de sorvete e um banquinho para montar seu negócio na “avenida” das lanchonetes da ExpoLondrina. Basta uma venda para puxar a outra, mais uma e mais outra. Tem sido assim durante a festa. O motivo? o sabor de infância.

“O sorvete é à base de gelatina e vai na casquinha. Ele era muito famoso na década de 60, 70. Pela primeira vez, resolvi vender aqui e tem dado muito certo. As pessoas chegam aqui dizendo que não encontram isso em lugar nenhum”, afirma.
O sorvete é conhecido como americano, mas a estudante Amanda Lopes diz que na roda de amigas a iguaria era chamada de “sorvete quente”. “Na rua de casa passavam vendendo e a gente sempre comprava entre uma brincadeira e outra. Quando vi aqui na exposição não pensei duas vezes. Deu saudades”, revela. O gelado tem seis opções de sabores: abacate, uva, morango, blue ice, limão e abacaxi e é vendido a R$ 5.
'CHURROS É BOM'
Marcos Antônio Ribeiro, 45, garante que seus produtos estão entre os mais democráticos no parque. “Ninguém deixa de comer churros aqui. Tem preço bom e agora tem novos sabores”, divulga.

Na pequena estufa de vidro, ele apresenta as “novidades”. São churros cobertos com diferentes bombons. É tão colorido que deve atrair principalmente as crianças. “Não, tem muito adulto que gosta. É bem equilibrado porque churros é bom”, valoriza.
O comerciante é de Nova Fátima (Norte) e participa do evento há 15 anos. “Antigamente, a concorrência era menor, mas em termos de vendas não mudou. A Expo é para todo mundo, né?”, diz. Os churros de Ribeiro são vendidos a R$ 5 e há oito opções. Além do doce, ele oferece crepes com diversos recheios a R$ 10 cada.
ATÉ DESEJO DE GRÁVIDA
É muito amor pelo trabalho. Durante 29 anos, Iraci Leite de Souza, 71, sai de Presidente Prudente (São Paulo) para se instalar durante dez dias em Londrina, pois sua barraca é como uma extensão de sua casa. “A gente trabalha tudo em família e essa feira aqui de Londrina é a que mais gosto. Não sei dizer. Acho que é o clima, os visitantes. Para você ter uma ideia, já atendi até desejo de uma grávida que queria maçã do amor com coco. Hoje, quem vem comprar são os netos dela”, conta, sem parar de trabalhar.
Silva revela que as frutas com cobertura fazem a alegria das crianças e adolescentes, mas destaca que o “amor” vence o chocolate. “A gente sempre trabalhou com maçã, uva e morango do amor que são clássicos, né? Depois que veio o chocolate, mas a campeã de vendas continua sendo a maçã. Toda feira são umas 70 caixas”, comemora. Os doces variam entre R$ 5 e R$ 8.
Depois desse giro gastronômico, a boa notícia é que ainda dá tempo de matar a vontade. A ExpoLondrina segue até o próximo domingo (14).

