Nas últimas semanas a superlotação passou a ser rotina no PAI (Pronto Atendimento Infantil), no centro de Londrina. A média de atendimentos em alguns dias tem chegado a mil, número que representa o dobro dos dias com maior procura em 2022, por exemplo, ainda com a pandemia de Covid-19. Tantos pacientes em busca de consultas de uma só vez tem levado ao tensionamento não apenas da rede de saúde para crianças, mas também no clima entre famílias e servidores.

Na noite de quinta-feira (2), um casal foi encaminhado à delegacia pela GM (Guarda Municipal) após supostamente desacatar uma médica de forma agressiva. Segundo a corporação, a plantonista “se sentiu coagida pelo casal no momento da discussão e quis formalizar a representação”. O motivo da briga teria sido uma orientação da profissional para que apenas a mãe e a criança que passaria por consulta ficassem na sala. Estavam juntos o pai e outros dois filhos.

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Não houve agressão física. “Devido à alta demanda, o tempo de espera foi um pouco mais elevado e isso acabou, em determinado momento, exaltando os ânimos de alguns pais e, consequentemente, gerando essa confusão. Não se justifica”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado. “Estamos com números (de atendimento) altamente fora da curva. A escala médica é completa, com nove profissionais, têm enfermeiros, técnicos, todos à disposição da população e situações como essa prejudicam os próprios pacientes”, frisou.

Foi o segundo episódio de discussão que vai parar na delegacia em poucos dias. Na terça-feira (30), uma mãe foi levada à Central de Flagrantes depois de ter chutado uma porta e a parede. Também teria insultado os profissionais de saúde. “Os pais que trazem os filhos para serem atendidos não esperam acabar dessa forma. Os nossos servidores da mesma forma, também não esperam terminar um plantão na delegacia.”

POSSIBILIDADE

Diante da procura cada vez maior, Machado garantiu que a pasta tem estudado possibilidades para desafogar o PAI, pelo menos, pelos próximos meses. “Estamos buscando alguma alternativa para aumentar a nossa capacidade de atendimento, o que me parece não ser aqui no Pronto Atendimento Infantil pela estrutura física, pelo ambiente. Estamos no limite em relação à atendimento”, reconheceu. “É importante destacar que atendimento de urgência e emergência não se abre da noite para o dia. Há uma série de requisitos que precisam ser respeitados”, ponderou.

A reportagem apurou que uma das possibilidades é escolher uma unidade de saúde para absorver este tipo de atendimento durante o final de outono e inverno, época em que crescem os casos de problemas respiratórios em crianças. A maior procura atualmente, inclusive, tem sido de pais com os filhos reclamando de sintomas gripais e resfriados.

“Observamos que em determinados horários o acúmulo de abertura de ficha é expressivo. Se essas fichas fossem diluídas durante as 24 horas do dia nós conseguiríamos prestar um atendimento muito mais ágil. No entanto, em determinados momentos abrem 30, 40 fichas ao mesmo tempo. No PAI é um atendimento mais complexo, mais demorado, mais é minucioso, o que acaba, em determinados momentos, fazendo com que o tempo espera para aqueles casos de menor complexidade saia do que esperamos”, pontuou.