Agentes orientaram pessoas a atravessar corretamente em ação no centro
Agentes orientaram pessoas a atravessar corretamente em ação no centro | Foto: Roberto Custódio - Grupo Folha

Agentes da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) nas esquinas, placas reforçando a necessidade de atravessar pela faixa de pedestres e, mesmo assim, muito desrespeito. A cena, vista repetida vezes, durante uma ação da companhia no cruzamento da avenida Rio de Janeiro com rua Piauí, área central, é o retrato de uma rotina no trânsito de Londrina.

Somente nos oito primeiros meses deste ano foram 149 atropelamentos na cidade, com 14 óbitos. O número de mortes é igual ao que foi registrado durante todo o ano passado, segundo levantamento da CMTU. Realizada na tarde de segunda-feira (21), a atividade no centro fez parte da programação da Semana Nacional do Trânsito e teve como alvo os pedestres, por meio da campanha “Olhe e Sinalize”.

De acordo com o coordenador de Educação de Trânsito do órgão, Fábio Tomé, a maioria dos acidentes envolvendo pedestres acontece fora da faixa. “O motorista está preparado para parar antes da faixa”, destacou, refletindo sobre o tempo de reação necessário para o condutor de um veículo. Na avenida Rio de Janeiro, por exemplo, o motorista percorre cerca de dez metros em um segundo. “Não tem tempo de reação.”

Tomé frisou que o trabalho com pedestres é mais difícil se comparado com outras pessoas envolvidas no trânsito. O motivo, apontou, é a necessidade de uma mudança de hábito. “Infelizmente tem que refrescar a memória da pessoa. Se consegue fazer isso por meio da constância, convence a pessoa de que a vida dela é mais importante do que a distância. Hoje o conceito é ‘chegue mais rápido e ande menos”, advertiu.

OPINIÃO

Durante a atividade na avenida Rio de Janeiro, os agentes orientaram os pedestres para que atravessem utilizando a faixa. A vendedora aposentada Zeneide Ferraz de Carvalho não precisou de instruções. Moradora da região central, disse que a prioridade é circular corretamente. “Os motoristas não respeitam. Se um para e dá a preferência, quem vem na sequência, muitas vezes, não faz o mesmo e passa direto. Por isso, vou andando devagar”, comentou.

Aos 75 anos, com mais da metade da vida em Londrina, o motorista aposentado Moacir Rodrigues relatou que, no passado, andar a pé pelo município era mais seguro. “A cidade era menor, tinha menos carro e as pessoas parece que tinham mais educação. Hoje são poucos que se interessam em parar para passarmos”, reclamou. “De vez em quando tento ‘cortar’ caminho, mas o certo é usar a faixa”, reconheceu a auxiliar administrativa Vanessa Marques.

SINALIZAÇÃO

Fábio Tomé destacou que outro problema observado é o acanhamento para sinalizar no momento de atravessar na faixa. “O pedestre deve perceber que ele tem direito, não poder ter vergonha. O motorista parar não é um favor, mas respeitar o direito do outro. O cuidado não é só com você. O trânsito é civilidade e cidadania”, frisou.

Outra orientação, para evitar acidentes e ajudar na visualização, é após o motorista parar, com o objetivo de dar preferência para o pedestre, ligar o pisca-alerta logo em seguida, mesmo que este tipo de iniciativa não esteja prevista no Código de Trânsito Brasileiro.

PROGRAMAÇÃO

Durante toda esta semana, a CMTU vai promover ações de conscientização junto a motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. O lema da Semana Nacional do Trânsito neste ano é “Perceba o risco, proteja a vida”. Na terça-feira (22), pela manhã, serão distribuídos coletes refletivos para pilotos de motos em frente ao prédio da prefeitura. Durante a tarde os trabalhos serão novamente com os pedestres, na rua Benjamin Constant.

“Junto com toda a programação, estamos vendo a necessidade de alguma outra intervenção na via para melhorar. Isso está sendo importante e vamos encaminhar”, pontuou o coordenador de Educação de Trânsito da companhia. Na Rio de Janeiro, pouco antes da esquina com a rua Piauí, uma sugestão elencada foi a implantação de mais uma faixa para pedestres.