Com o Paraná apresentando números crescentes da dengue, várias cidades estão em alerta para a doença. Em Cambé, na Região Metropolitana de Londrina, o atual estágio já é considerado uma epidemia. Entre agosto e dezembro do ano passado, por exemplo, foram 1.966 casos notificados e 202 confirmados. Em janeiro, que ainda não chegou ao final, já são 1.044 notificações, com 117 confirmações. Ou seja, em 24 dias é mais que o dobro de doentes do que em cinco meses.

Pouco mais de três mil casos ainda estão sob investigação. “A proporção com que a dengue sobe na cidade é alarmante”, advertiu Anderson Marquini, diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Coletiva do município. O boletim da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), publicado nesta semana, informou que houve uma morte na cidade em decorrência da doença. A vítima foi um homem de 82 anos.

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O idoso tinha comorbidades, como hipertensão, colesterol alto, doença renal crônica e era etilista. O óbito aconteceu em novembro do ano passado. “Todo caso de óbito suspeito é investigado e discutido entre município e Regional de Saúde. Quando se chega a uma conclusão, com 100% de certeza, é que entra na estatística do Estado”, explicou.

A secretaria municipal de Saúde tem realizado mutirões de limpeza e intensificado as vistorias nos imóveis para tentar “segurar” os índices. No entanto, a resistência de alguns moradores tem atrapalhado o trabalho. “Temos situações em que as pessoas não deixam o agente entrar e quando tem um foco de dengue numa residência, ela ‘estraga’ 100 metros em volta, que é onde o mosquito voa”, destacou.

Nesta semana, as ações estão localizadas nos bairros com maiores notificações, como Abussafe, Parque Sella, Vila Brasil, jardim Vô Zezinho, Vila Operária, Atalaia e jardim Santa Helena. “Estamos utilizando o inseticida com bomba costal e mudamos o trabalho, para que os servidores entrem nas casas, aplicando por dentro dos quintais”, relatou.

A maioria dos focos do mosquito Aedes aegypti está em bebedouros de animais, pneus, vasos de planta, tambores com água da chuva e material reciclável. “Por isso é de extrema importância que as pessoas deixem os agentes de endemias entrarem. O trabalho de combate à dengue começa dentro de casa. Porque depois que o mosquito está voando é mais difícil. Tem que combater antes.”

JACAREZINHO

Em Jacarezinho, no Norte Pioneiro, a prefeitura teve que decretar estado de emergência diante do aumento considerável no número de casos, o que é classificado como um surto. Atualmente são 800 confirmados, levando em conta o ciclo epidemiológico iniciado em agosto de 2023. “O número está muito acima do registrado nos últimos três anos”, comentou o secretário municipal de Saúde, João Luccas Thabet Venturine.

A combinação do tempo quente com as chuvas, ambiente propício para a proliferação do mosquito, é tratada como um dos motivos para a disparada da doença. “Acreditamos que fatores climáticos tenham interferido decisivamente no aumento de casos”, frisou. Cerca de 80% dos focos estão dentro das residências.

Centro de apoio em Jacarezinho funciona em horário estendido e aos fins de semana
Centro de apoio em Jacarezinho funciona em horário estendido e aos fins de semana | Foto: Divulgação Secretaria de Saúde Jacarezinho

O decreto em vigor por 90 dias autoriza a realização de compras em caráter de urgência e a entrada dos agentes de combate a endemias em casas fechadas, se houver recusa do proprietário durante a visita. Dez pessoas foram contratadas para atuarem na remoção dos criadouros e até carros de som têm sido utilizados para conscientizar a população sobre os cuidados básicos.

O município, que tem mais de 40 mil habitantes, recebeu os veículos e o veneno para aplicar cinco ciclos de fumacê. “Montamos também, temporariamente, um centro de apoio em uma de nossas unidades de saúde para atendimento exclusivo de pacientes com dengue, bem como eventuais hidratações. O horário é estendido, com funcionamento aos fins de semana”, detalhou. “Toda nossa rede com médicos e enfermeiros foi capacitada para o manejo clínico. Hidratações também são feitas nas UBS (Unidades Básicas de Saúde)”, acrescentou.

PARANÁ

O Paraná tem 16.693 casos de dengue desde agosto do ano passado, com quatro óbitos. Ainda estão em investigação 14 mortes, incluindo em Apucarana e Cambé. Somente nesta semana foram confirmados 3.911 novos registros de doentes. O período epidemiológico segue até o final de julho deste ano. Dos 399 municípios, 279 possuem casos positivos.