Coleta de lixo tóxico tem pouca participação
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sábado, 13 de julho de 2002
Mônica Kaseker<br> Equipe da Folha
Curitiba Um dia inteiro para atender cinco pessoas. É assim a maioria dos dias do caminhão que faz a coleta de lixo tóxico domiciliar nos terminais de ônibus de Curitiba. Foi assim a semana passada no terminal do Pinheirinho. Grande parte das pessoas que circula pelo local jamais notou a presença do caminhão, que fica lá das 8 às 15 horas um dia por mês. ''Eu separo pilhas, vidros de remédio e lâmpadas numa sacola e mando com o lixo comum'', diz o auxiliar administrativo Júlio César Sprada.
O diretor de Limpeza Pública de Curitiba, Nelson Xavier, diz que a prefeitura já estudou formas de facilitar o acesso da população à destinação do lixo tóxico, mas o programa acabou ficando como está. ''Pensamos em colocar pontos de coleta em supermercados, farmácias e terminais de ônibus, mas acabamos recuando porque o risco de expor a população a esses produtos é grande'', explica ele.
O calendário de coleta de lixo tóxico domiciliar nos terminais de ônibus começou a funcionar em novembro de 1998 e, desde então, recolheu 30,5 toneladas. São cerca de 750 quilos por mês, segundo Xavier. O custo do serviço é alto, R$ 11 mil por mês, incluindo pessoal, equipamentos e a destinação final dos produtos. ''É um serviço inédito em todo o País que, além de ser educativo, é uma resposta às pessoas conscientes e que querem dar a destinação correta a esses produtos'', explica.
No terminal do Pinheirinho o caminhão ainda estava vazio. ''Tem alguns terminais em que o pessoal participa, como no Cabral, por exemplo'', conta o coletor Raimundo Libório de Freitas. Mas na maioria dos locais, os dois funcionários passam o dia esperando.
De acordo com Xavier, quando o lixo tóxico vai junto com o reciclável o mesmo é separado na usina e vai para a Central de Tratamentos de Resíduos Industriais na Cidade Industrial. Já quando é jogado com o lixo comum, vai para o aterro da Cachimba. Como o aterro tem mantas que impedem que o chorume vaze, não há risco de contaminação do meio ambiente. ''O pior é quando esses produtos vão parar nos fundos de vale e leitos dos rios'', explica. Restos de medicamentos ou produtos tóxicos não devem ser jogados no ralo ou na pia, para que não acabem nos rios.