A faixa colocada em frente à instituição resume em poucas palavras um compromisso que o Colégio de Aplicação da UEL (Universidade Estadual de Londrina) vem exercendo ao longo da sua história: “educação pública, gratuita e de boa qualidade”. Em junho, o colégio completou 60 anos de existência, tendo se consolidado como uma referência de ensino na cidade e região.

Imagem ilustrativa da imagem Colégio de Aplicação de Londrina completa 60 anos de história
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

A unidade foi idealizada e fundada pelo professor José Aloísio Aragão, que hoje dá nome à escola. Ele era docente da antiga Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de Londrina e o então ginásio funcionava junto à instituição, nas dependências do Grupo Escolar Hugo Simas e atendendo apenas mulheres. Na época, o governo federal editou um decreto que indicava a criação de colégios de aplicação com ligação a instituições de ensino superior de filosofia.

Em 1967, o Ginásio de Aplicação foi elevado à categoria de colégio, passando três anos depois para a responsabilidade da Fundação Universidade Estadual de Londrina, que acabara de ser criada. Assim como a universidade, o colégio cresceu e expandiu seus trabalhos para além do endereço que está na lembrança da maioria da população, na rua Piauí, entre as ruas Prefeito Hugo Cabral e Pernambuco, no centro de Londrina.

Já os dois CEIs (Centros de Educação Infantil) contam com apoio da secretaria municipal de Educação, que disponibiliza 22 professores. Na educação infantil as vagas são destinadas aos filhos dos servidores da UEL. No fundamental e médio, as normativas são as mesmas dos demais colégios estaduais, pelo georreferenciamento.

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Atualmente, são quase 1,6 mil alunos matriculados nas quatro unidades da instituição, divididos entre dois centros de Educação Infantil), ensino fundamental, médio, técnico em enfermagem, especialização em enfermagem do trabalho e Celem (Centro de Línguas Estrangeiras Modernas), com aulas de espanhol. O fundamental do 1º ao 5º e o um dos CEI funcionam dentro do campus da UEL; o fundamental do 6º ao 9º, médio e técnico no centro; e o outro centro infantil nas proximidades do HU (Hospital Universitário).

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PROJETOS

O diferencial que o Aplicação tem apresentado ao longo das décadas é justamente a forte ligação com a UEL, uma das principais universidades do País. “Compreendemos que é um colégio de aplicação da universidade, ampliando e colhendo projetos e estágios da UEL, para que sejam desenvolvidos no interior do colégio e enriquecer o currículo dos alunos. Todas as unidades têm projetos da universidade, como dos cursos de música, serviço social, pedagogia”, valoriza a diretora-geral da instituição, Tania da Costa Fernandes.

MUDANÇAS

Trabalhando há 22 anos no colégio, a agente educacional Maria Rita de Oliveira ressalta as transformações ao longo dos últimos anos. “Os espaços eram bem reduzidos. A parte administrativa mudou bastante", destaca, citando outra alteração importante. “Quando comecei a trabalhar, na secretaria não tinha mulheres. Eram todos homens, funcionários da UEL, com mais de 20, 30 anos de carreira. Isso foi mudando e hoje temos um outro olhar, tanto feminino quanto masculino.”

Atuando na secretaria, Souza já passou por outros setores, inclusive a biblioteca. “Participamos de vários projetos da universidade, interligando o Colégio de Aplicação com outras escolas. Nossa biblioteca serviu de exemplo para trabalho feito no IEEL (Instituto de Educação Estadual de Londrina). Informatizamos nossa biblioteca”, relembra.

CONVÍVIO

Para Jacqueline Aparecida de Barros Alves, o valor do Aplicação está ainda mais evidenciando neste período de pandemia, com aulas remotas e distanciamento daqueles que são o coração de uma escola: os estudantes. “Recentemente, um pai foi buscar material e levou a criança junto. Ela entrou pelo portão correndo, querendo abraçar todos, e chorou porque não podia. Falou que estava com saudade do colégio e até da bagunça dos coleguinhas. Sempre ouvimos esse relato deles, da falta deste convívio escolar”, aponta a diretora auxiliar da unidade do fundamental do 1º ao 5º ano.

Funcionária de carreira da UEL, Alves está no colégio desde 1997. Iniciou como professora no CEI e há cinco anos fica no colégio dentro da universidade. São cerca de 300 alunos, com cinco turmas de manhã e o mesmo número à tarde. A busca é por ampliar a área. “Conquistamos muito nesta caminhada, com esforço de toda a equipe e de todos que passaram. Espero que daqui 20 anos o colégio possa estar ‘em pé’ e com força total.”

OLHAR INTEGRAL

O desejo é compartilhado por outros servidores e pessoas que fizeram parte da história deste “pedacinho da UEL”, que continua a ser escrita. “Desejo que o colégio continue crescendo cada dia mais, com a participação da UEL. Que todas as outras administrações tenham olhar de carinho, integração entre funcionários, professores, alunos e pais, porque isso é essencial. Os alunos chegam na escola trazendo uma ‘bagagem’ de casa e temos que ter este olhar integral”, lembra Maria de Souza. “Tenho muito orgulho de fazer parte de tudo isso. Ter um Colégio de Aplicação de qualidade”, acrescenta Jacqueline Alves.

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O fato de o Colégio de Aplicação ser órgão suplementar da UEL (Universidade Estadual de Londrina) também permite uma formação continuada dos professores com profissionais da instituição de ensino superior. “Acolhemos pesquisas no colégio, que são realizadas principalmente pelas licenciaturas da universidade após todos os trâmites e passar pelo comitê de ética. Ainda temos acolhido pedidos de residência pedagógica”, explica Tania da Costa Fernandes, diretora-geral do colégio.

Outra preocupação constante é com a inclusão, seja de docentes e, principalmente, dos alunos. “Temos professores para educação especial, sala de recursos, apoio. Fazemos parte do programa Mais Alfabetização. A intenção é sempre ampliar e melhorar o aprendizado dos estudantes”, frisou.

PARCERIAS

A manutenção do Aplicação ocorre por meio de parcerias. No caso das unidades do centro e fundamental do campus universitário, a cooperação técnica é com a Seed (Secretaria de Estado da Educação), com fornecimento de servidores e verbas. Em 2018, uma grande mobilização foi feita, com participação das famílias, para evitar a inviabilização das atividades do colégio, após uma resolução editada pela secretaria. O acordo acabou renovado, afastando a possibilidade de fechamento.

Já os dois CEIs (Centros de Educação Infantil) contam com apoio da secretaria municipal de Educação, que disponibiliza 22 professores. Na educação infantil só podem pleitear vagas para os filhos os servidores da UEL. No fundamental e médio, as normativas são as mesmas dos demais colégios estaduais, pelo georreferenciamento.

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ALUNOS ILUSTRES

Na galeria de ex-alunos, o Aplicação, nomes consagrados nas mais diversas áreas, como Mário Sérgio Cortella. O filósofo e educador londrinense estudou no colégio durante o antigo ginásio, hoje segunda parte do ensino fundamental. “Nós recebemos os ex-alunos agradecendo pelo tempo que estiveram conosco, que conseguiram ingressar em cursos de referência, seja na UEL ou outras universidades públicas”, pontuou a diretora-geral. Por conta da pandemia de coronavírus, as celebrações dos 60 anos aconteceram de maneira on-line.

DESAFIOS

Nos últimos dois anos, a direção conseguiu realizar intervenções significativas no prédio do centro. Com a desocupação de um espaço pela COU (Clínica Odontológica da UEL), a cozinha e o refeitório que funcionavam no terceiro andar foram transferidos para o térreo. Além disso, salas de aula foram ampliadas e computadores, aparelhos de ar-condicionado e móveis comprados. A gestão agora pleiteia a cobertura da quadra da unidade do campus e concurso para contratação de professores, já que a maioria dos profissionais que trabalham no curso técnico de enfermagem é pelo PSS (Processo Seletivo Simplificado).