Três adolescentes, que assumem ser fura-catracas - invadem ônibus sem pagar a passagem - disseram ontem que alguns cobradores compactuam e incentivam as invasões. Segundo eles, os cobradores têm um acordo com os alunos e ficam com os vales-transporte. A cada vale que recebem, permitem que alunos entrem duas vezes nos tubos, sem passar pela catraca. O diretor de Transporte da Ubrs, Euclides Rovani, confirmou a informação. Ele disse que 39 cobradores foram demitidos desde o início do ano acusados de se apropriarem dos vales.
Segundo Rovani, 22 fiscais trabalham disfarçados para identificar os cobradores que agem fora das normas. ‘‘Eles serão identificados. Uma hora eu pego eles’’, disse Rovani. O diretor não descartou que a polícia pode voltar a atuar para coibir as invações, a exemplo do que aconteceu no final do semestre letivo passado, quando foram dezenas de estudantes foram detidos.
A ação policial foi discutida anteontem em uma reunião entre a direção da Urbs, pais de alunos, diretores e professores de escolas da Região Norte, onde deve acontecer a blitz. Rovani afirmou que a Urbs, que estaria perdendo R$ 33 mil ao mês, tenta evitar a medida que considera drástica. ‘‘Se precisarmos tomar medidas mais fortes, vamos tomar’’, disse.
Para o diretor do Colégio Estadual Leôncio Correia, Ivo Pitz, onde ocorreu a reunião, a medida deve diminuir as invasões. Ele acredita que, apesar do problema econômico, os estudantes não têm justificativas financeiras para não pagar as passagens. ‘‘Pela conversa que temos com os alunos, não é esse o problema’’, afirmou. ‘‘Fazem isso mais por causa da moda, para se mostrar.’’
Os alunos J.D., E.S. e R.B., todos de 14 anos, concordam e discordam do diretor ao mesmo tempo. Eles próprios não possuem motivos para furar as catracas, mas dizem fazer pela adrenalina e por causa dos amigos. No entanto, discordam que não existem alunos que invadem os ônibus por causa de problemas financeiros. Os três conhecem entre dez e 15 amigos que percorrem até três estações no mesmo dia para encontrar os fura-catracas. De outra forma, segundo os estudantes, teriam que pedir dinheiro emprestado para chegar em casa. Os jovens defenderam que a Urbs institua o meio-passe, proposta defendida pela União Paranaense dos Estudantes. ‘‘O governo diz que quer todos os alunos em sala, então por que não facilita para que eles cheguem à escola?’’, disse J.D..Kraw PenasO diretor do Colégio Leôncio Correia, Ivo Pitz, com alunos que preferem não se identificarJames Alberti