A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) publicou edital para a aquisição de 12 milhões de sacos verdes ao custo de R$ 28,63 cada cento. O total máximo estimado para essa aquisição é de R$ 3.435.600,00. De acordo com o diretor-presidente da CMTU, Marcelo Cortez, a suspensão na entrega desse material ocorreu em 2016 e, de lá para cá, houve queda na quantidade recolhida. Naquele ano, por exemplo, as sete cooperativas que atuam na cidade retiravam juntas das ruas, mensalmente, uma média de 1.100 toneladas. Já este ano o volume médio caiu quase à metade, chegando a cerca de 600 toneladas.

Imagem ilustrativa da imagem CMTU prevê retorno de sacos verdes em Londrina
| Foto: Arquivo FOLHA

“Isso faz com que os itens, antes reciclados, sejam descartados incorretamente em fundos de vale ou junto ao rejeito e ao lixo orgânico, diminuindo a vida útil da Central de Tratamento de Resíduos e onerando o poder público”, avaliou Cortez.

Segundo a assessoria de imprensa da CMTU, a volta da distribuição dos sacos verdes pode sensibilizar e motivar os munícipes para separação dos recicláveis para a coleta seletiva. Além disso, segue a nota enviada pela assessoria, o material irá facilitar a identificação dos recicláveis separados e dispostos para a coleta, tanto pelas cooperativas que realizam a coleta seletiva quanto pela empresa que recolhe resíduos orgânicos e rejeitos.

Cortez explica que a entrega dos sacos verdes nos bairros ocorrerá uma vez por semana, nos dias de atendimento da coleta seletiva. A cidade tem aproximadamente 230 mil residências. “O repasse do material aos moradores será feito por meio das cooperativas, através do contato direto com os catadores. Queremos novamente estreitar essa relação, conscientizando e sensibilizando a comunidade sobre a importância da reciclagem”, frisou.

A companhia diz esperar que aumente o engajamento das pessoas na coleta e a quantidade de lixo arrecadado. Informa também que hoje Londrina recicla 6% do material produzido na cidade, enquanto a média nacional é de 1%.

Responsável por cobrir 100% da área urbana, o sistema de coleta seletiva em Londrina custou aos cofres públicos, em 2018, R$ 5.549.123,93. O valor contempla o aluguel dos barracões de triagem, o pagamento pelo atendimento aos domicílios e o repasse do INSS dos cerca de 360 trabalhadores cooperados.

Cooperados possuem visões diferentes sobre a ação

O cooperado da Cooper Oeste, Alex de Brito, afirma que a volta do saco verde vai contribuir para o aumento da coleta. "Acredito que vá aumentar a coleta em 35% mais ou menos, pois sem o saco verde o pessoal mistura o material e muita coisa que poderia ser reciclada vai para o lixão. Com o saco verde acredito que a população voltará a separar melhor. A maioria hoje joga em saco preto e saco de supermercado. Há aqueles que compram saco verde por conta, mas se houver a distribuição desse material acredito que o povo vai separar melhor o produto."

Mas para o presidente da Cooper Região, Zaqueu Viana, a volta da distribuição é arriscado. "Ou se dá de uma vez ou não dá. Se der e cortar de novo vira polêmica", afirma. Segundo ele, a população já está conscientizada. "Para o nosso setor não tem sido um problema. O que temos enfrentado de mais problemático é a questão da atuação dos informais, que têm levado o material antes da chegada do caminhão da cooperativa", ressalta. Para ele há a necessidade de se combater essa prática primeiro.

Viana relembra que na época em que houve a suspensão da entrega, o corte foi brusco e a população se revoltou. "A cooperativa teve de investir R$ 10 mil para fazer 90 mil exemplares de jornal educativo para reverter a queda de material reciclável e orientou a própria população separar. A população abraçou a proposta e conseguimos reverter a situação ", ressalta.

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| Foto: Folha Arte

PLANO DE METAS

A CMTU afirma, por meio de sua assessoria que a companhia já colocou os recursos para a manutenção da política de distribuição de sacos verdes no orçamento de 2020 e no Plano de Metas para os anos subsequentes. A companhia assegura que o retorno do saco verde é uma forma de educar as pessoas. "É uma maneira de sensibilizar e motivar a população para separação dos materiais recicláveis", diz a companhia por meio de sua assessoria.

MORADORES

A diarista Maria Soares, 47, é moradora do distrito de Guaravera (região sul) e acha bom a CMTU voltar a distribuir o material. "Hoje eu compro o saco preto para jogar o material reciclável. Como eu coloco só no dia da reciclagem, eles acabam recolhendo", destaca. A dona de casa Luzia Martins é moradora do Centro diz que é uma boa o retorno da distribuição dos sacos verdes, porque os sacos de lixo ficam com cores diferentes. "Hoje eu coloco em saco comum ou sacolas plásticas de supermercado", ressalta.

A cabeleireira Ivana Camargo de Lima, 54, é moradora do Jardim Quebec (zona oeste) e acha que a volta da distribuição do material seria boa. "Eu compro e todos no meu bairro compram, mas têm pessoas que não têm condições de comprar o saco. Famílias mais carentes serão beneficiadas", ressalta.