Atualmente contando com 22 radares fixos, Londrina deve ganhar mais 43 pontos com fiscalização eletrônica. A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) lançou licitação com valor máximo de R$ 8,6 milhões para aluguel dos equipamentos pelo período de um ano. Além dos radares, também serão adquiridas câmeras de videomonitoramento. Somando as duas tecnologias são 175 equipamentos.

Segundo a CMTU, os locais que receberão os aparelhos foram definidos com base em estudos técnicos, levando em consideração quantidade de acidentes e excesso de velocidade
Segundo a CMTU, os locais que receberão os aparelhos foram definidos com base em estudos técnicos, levando em consideração quantidade de acidentes e excesso de velocidade | Foto: Roberto Custódio

A abertura dos envelopes com as propostas das empresas interessadas está programada para 13 de março. A projeção do poder público é de que os aparelhos entrem em funcionamento, se não houver intercorrências no processo licitatório, até o final do segundo semestre deste ano. Após a assinatura do contrato a vencedora tem prazo de até 120 dias para instalação. A manutenção também ficará a cargo da contratada. O edital prevê a substituição dos atuais radares e aquisição dos novos.

Segundo o diretor de Trânsito da CMTU, Sérgio Dalbem, os pontos que vão contar com os aparelhos foram definidos com base em estudos técnicos, a partir da resolução 396/2011 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que considera a quantidade de acidentes, características geométricas da via e excesso de velocidade.

“A dinâmica da cidade é grande e nesses locais, onde há reclamação da sociedade, vemos nas estatísticas de acidentes por meio do Siate ou Companhia de Trânsito e fazemos estudos para tentar evitar que tenham índices tão altos de registros”, destacou.

AVANÇO DE SINAL

Dos pontos que vão receber os novos radares, em 12 haverá a fiscalização de avanço de sinal vermelho e parada sobre a faixa de pedestres. Hoje são 11 equipamentos que contam com a ferramenta extra. Além das imagens ligadas ao trânsito, os radares também vão atender demandas de segurança pública, com sua utilidade sendo aproveitada por outros órgãos de segurança.

Dalbem explicou que as filmagens poderão colaborar para situações de busca de veículos após furto e até outras infrações. “Nos 22 radares da cidade já fazemos teste de monitoramento. Os novos vão contar com esta ferramenta. Por exemplo, se acontece um roubo de carro é possível verificar se os criminosos passaram pelos pontos com radar para localizá-los. Situações em que mesmo que o veículo passe em velocidade normal, possa ter irregularidades”, exemplificou.

CENTRAL DE CONTROLE

A licitação publicada pela CMTU contempla ainda a locação de uma central de controle operacional, com toda infraestrutura necessária para monitoramento, recepção de imagens e vídeos da estrutura externa, processamento de dados para análise, lavratura de autos de infração de trânsito e emissão de alertas. O contrato, quando firmado e próximo do vencimento, poderá ser renovado por mais 48 meses se for de interesse das duas partes. Em caso de problemas, o período para restabelecer o aparelho será de sete dias.

No ano passado 71 pessoas perderam a vida no trânsito londrinense. Foram 3.657 acidentes. Nos locais com radares houve redução no número de autuações em relação a 2018, passando de 181.823 para 150.302 infrações. “A fiscalização eletrônica, infelizmente, é a que dá mais resultado para a mudança de comportamento do motorista”, apontou.

CUSTO SOCIAL E PESSOAL

Especialista em gestão e planejamento de Trânsito, Sérgio Dalbem rechaçou a ideia, muitas vezes utilizada por condutores, de que os radares são mecanismos objetivando a arrecadação financeira. Ele frisou que os acidentes geram prejuízos sociais incalculáveis para as vítimas e famílias. A maioria dos casos poderiam ser evitados se os motoristas respeitassem a legislação.

“Quem tem familiares vítimas do trânsito tem mais percepção da gravidade de um acidente. Um acidentando que fica mais de 15 dias internado vai receber o salário pelo INSS, que só paga 70% dos vencimentos no holerite e depois de perícia. A pessoa que sofre acidente continua se alimentando, vestindo, precisa comprar remédio, muitas vezes gastar com fisioterapia. A vítima ainda pode ficar com deficiência permanente e uma pessoa da família ter que deixar sua rotina para cuidar. É um custo social e pessoal grande. É todo um contexto”, elencou.

ESPÍRITO SANTO

Um dos pontos escolhidos para contar com radar fixo é o cruzamento das ruas Espírito Santo e Paranaguá, na área central. O local abriga diversos estabelecimentos, principalmente bares e lanchonetes. A velocidade indicada na confluência é de 50 km/h, no entanto, quem passa pela região garante que a máxima não é respeitada pelos motoristas, em especial no período noturno.

“É um lugar em que pequenos acidentes são rotineiros. É uma descida e passam em alta velocidade, não respeitando ninguém. A noite tem quem consome bebidas alcoólicas e perde ainda mais o senso de responsabilidade”, opinou o aposentado Elizeu Souza Silva. Fragmentos de uma batida entre veículos em uma das esquinas comprovam a fala do munícipe. “Poderia ter um também na esquina com Alagoas. Avançam a preferencial e dá problema”, apontou Regina Santana.

SAUL ELKIND

Na avenida Saul Elkind (zona norte), o trecho em frente ao terminal do conjunto Vivi Xavier, que está sendo reconstruído, foi definido para receber aparelhos de fiscalização eletrônica. A reclamação de moradores e condutores também é com os frequentes acidentes. “Um jovem numa motocicleta se acidentou e ficou muito machucado após ser ‘fechado’ por um carro. Depois do quebra-molas, perto do terminal, dirigem acelerados até o semáforo”, relatou a atendente Alessandra Mendes.

Avenida Saul Elkind
Avenida Saul Elkind | Foto: Roberto Custódio

Próximo do ponto, na avenida Alexandre Santoro, dois locais terão radar: na altura do número 428 e no cruzamento com a Francisco Gabriel Arruda. “Toda a semana tem acidente e já morreram várias pessoas nessa avenida. Acham que é pista de corrida e estão abusando mais da velocidade depois que recapearam”, contou o mototaxista Osvaldo Almeida.

Na opinião de Daniel Zarameia, deveriam ser estabelecidos mais padrões de velocidade a 60 km/h em Londrina. “Tem locais com radares em que é 40 km/h e 50 km/h, porém, não é perto de escola, hospital. Radar ajuda, mas essa questão da velocidade atrapalha.”

Imagem ilustrativa da imagem CMTU define mais 43 pontos para radares em Londrina
| Foto: Folha Arte

MONITORAMENTO

Além dos radares, a licitação lançada pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) também prevê a locação, por 12 meses, de câmeras de videomonitoramento para 40 lugares. Os dispositivos deverão filmar em 360 graus e serão colocados, em sua maioria, em pontos próximos dos aparelhos eletrônicos de fiscalização de trânsito.

Entre as localidades estão o cruzamento da avenida Alziro Zarur com Robert Koch (zona leste), Ayrton Senna com rua Bento Munhoz da Rocha Neto (zona sul), Saul Elkind com Angelina Ricci Vezozzo (norte), Tiradentes com Maringá (oeste) e São Paulo com Benjamin Constant (centro). “Também ficarão espalhadas pelas entradas e saídas da cidade e pontos mais críticos”, explicou Sérgio Dalbem, diretor de Trânsito da companhia.

As imagens vão ficar armazenadas na central de monitoramento em uma sala da CMTU, com o link sendo disponibilizado para a PM (Polícia Militar), Polícia Civil e GM (Guarda Municipal). As câmeras deverão seguir padrão da secretaria estadual de Segurança Pública. O acompanhamento dos demais órgãos de segurança será simultâneo com o da companhia.

PM

Para o major Nelson Villa, comandante do 5º Batalhão da PM em Londrina, a parceria será benéfica para o trabalho que é desenvolvida na cidade. “Todo o instrumento que seja colocado à disposição da polícia para combate da criminalidade, materialização de crimes, investigações, prevenção e fiscalização é de fundamental importância. Será de muita utilidade na área da segurança pública.”

SEMÁFOROS

O projeto da CMTU é para que a central de monitoramento colabore com a averiguação dos semáforos. Equipamentos digitais foram comprados e vão ser trocados pelos eletromecânicos e mecânicos que estão na região central. A substituição será do controlador. “Isso vai evitar problemas de defeito e quando detectado a correção será a mais rápida possível”, afirmou Dalbem.