Lucinéia Parra
De Maringá
A população de Jussara (124 km a leste de Umuarama) há mais de 10 anos não sabe o que é racionamento de água. Em setembro de 1990 foi criado o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). Até então, a cidade convivia com a falta de água e frequentes racionamentos.
‘‘A falta de água foi se agravando, aumentando as queixas da população. A empresa não conseguia resolver a situação, já que pouco do que era arrecadado era reinvestido no sistema’’, diz o diretor do Samae, Valter Luiz Bossa. Além disso, o tratamento da água era inadequado e toda a rede de abastecimento estava comprometida por causa do material utilizado havia mais de 30 anos.
Diante de tantos problemas, o município, pressionado pela comunidade, retomou o sistema de água. A Sanepar não se interessou pelo serviço por causa do alto custo do investimento que seria necessário para torná-lo eficiente.
De acordo com o diretor do Samae, o abastecimento de água no município era administrado pela empresa Serviço de Água Potável (Sapo), que obteve a concessão em 1965. ‘‘Nos 25 anos de atuação, a empresa concessionária nunca dispôs de engenheiro, nem de pessoa técnica qualificado e treinado’’, disse Bossa.
O consumo de água era medido somente em 10% das casas e quase todos os usuários pagavam a tarifa mínima. O consumo era elevado apesar do valor da tarifa mínima de 10 metros cúbicos ser equivalente ao valor de 15 metros cúbicos da tarifa da Sanepar. O Samae então perfurou um poço artesiano e construiu um reservatório de 300 metros cúbicos. Além disso, reformou e ampliou a rede de distribuição de água, o que possibilitou levar água tratada até a Vila Rural.
Ao contrário do que ocorria até 1990, atualmente 100% das residências em Jussara têm hidrômetros e o custo da tarifa é até 50% mais barato do que a tarifa cobrada pela Sanepar. ‘‘Antes o município tinha 1.200 ligações de água e apenas 300 hidrômetros. Hoje, temos 1.700 ligações e 1.700 hidrômetros’’, comemora Bossa.
Para a secretária de Saúde de Jussara, Rita Scramin, a administração do sistema de água pelo Samae demonstra que os investimentos e a qualidade dos serviços independem da forma da empresa, se pública ou privada. ‘‘Ficou provado que uma empresa pública como é o Samae também pode realizar uma administração eficiente’’, opina.
O comerciante Gervásio Teodoro Faltin, 53 anos, mora em Jussara há mais de 30 anos e diz que há muito tempo não sabe o que é falta de água. ‘‘Ao contrário de antigamente, quando o abastecimento de água era precário’’. Faltin não tem conhecimento de quais investimentos foram feitos, mas garante que desde que o Samae assumiu o abastecimento os problemas acabaram. ‘‘A água é com certeza a melhor coisa que temos na cidade’’.
Já a dona de casa Marlene Mazine, 35 anos, diz que nem se lembra mais dos transtornos causados pela falta de água. ‘‘Antes a gente ficava sem água em casa pelo menos duas vezes por semana. Mas hoje isso não acontece mais’’, afirma.