Ceramistas fazem estoque de argila
PUBLICAÇÃO
sábado, 28 de novembro de 1998
Preocupados com submersão das jazidas de argilas com o fechamento das comportas das hidrelétricas Canoas 1 e 2, em Itambaracá e Cambará(22 km a noroeste de Jacarezinho), os ceramistas do Vale do Paranapanema estão armazenando o barro, utilizando escavadeiras e pá-carregadeiras. Os ceramistas estimam que o sustento das jazidas não vai passar de dois anos com a submersão da área.
Será o fim do mercado. O armazenamento da matéria-prima deverá elevar o custo de produção e isso não é vantagem para ninguém, afirmou o proprietário da Cerâmica Santa Hermínia, Waldir Carnevalle, 36 anos. Ele e a família dedicam-se ao ramo de olaria desde 1940. Hoje, possuem duas unidades industriais em Ourinhos (SP). A produção média da família Carvalle é de 1 milhão de peças por dia.
Waldir explica que tiveram a iniciativa de remover a matéria-prima para fora da área a ser inundada no lado paulista para evitar futuros prejuízos. O investimento que tivemos para modernizar a empresa foi alto e só estamos diminuindo o impacto de graves proporções, acrescentou.
O presidente da Associação das Cerâmicas Vermelhas de Ourinhos, Hamilton Fantinatti, explica que várias olarias locais já não suportam o impacto por falta de matéria-prima. Essa situação se agravou pela própria desunião, pela falta de integração entre os associados, disse.
Segundo ele, as cerâmicas que eram mais de 100, foram reduzidas para 37. O colapso da indústria ceramista atinge o orçamento público, porque ela era o terceiro setor de arrecadação de tributos do município, informou Fantinatti.
A balsa Canaviais da destilaria Casquel deCambará (22 km a noroeste de Jacarezinho), usada para o travessia de cana no Rio Paranapanema, entre Cambará e Ibirarema (SP), não será desativada pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp), como estava previsto com a formação dos lagos das usinas Canoas 1 e 2. A balsa será readaptada e mantida para um novo sistema de travessia.
Por enquanto, até que seja alterada para se locomover autônoma, a balsa Canavieira continuará funcionando por cabo de guia, com estrutura de aço nas duas extremidades. A balsa sustenta um tráfego médio de 30 veículos de transporte de cana por dia, no período de safra.
A travessia de cana entre Ibirarema (SP) e a destilaria Casquel foi implantada em junho de 1987 com o objetivo de reduzir o custo do frete e o fato de evitar o trânsito da frota pelas rodovias asfaltadas. Pela balsa, a distância entre a destilaria e os canaviais cai de 60 quilômetros para 30 quilômetros. A destilaria cultiva aproximadamente 800 alqueires de cana no lado paulista.B.PimentelReservasDonos de cerâmicas estimam que o sustento das jazidas não passará de 2 anos com a submersão da área; barro está sendo armazenado com a utilização de escavadeiras e pá-carregadeirasB.Pimentel
Especial para a Folha