Preocupados com submersão das jazidas de argilas com o fechamento das comportas das hidrelétricas Canoas 1 e 2, em Itambaracá e Cambará(22 km a noroeste de Jacarezinho), os ceramistas do Vale do Paranapanema estão armazenando o barro, utilizando escavadeiras e pá-carregadeiras. Os ceramistas estimam que o sustento das jazidas não vai passar de dois anos com a submersão da área.
‘‘Será o fim do mercado. O armazenamento da matéria-prima deverá elevar o custo de produção e isso não é vantagem para ninguém’’, afirmou o proprietário da Cerâmica Santa Hermínia, Waldir Carnevalle, 36 anos. Ele e a família dedicam-se ao ramo de olaria desde 1940. Hoje, possuem duas unidades industriais em Ourinhos (SP). A produção média da família Carvalle é de 1 milhão de peças por dia.
Waldir explica que tiveram a iniciativa de remover a matéria-prima para fora da área a ser inundada no lado paulista para evitar futuros prejuízos. ‘‘O investimento que tivemos para modernizar a empresa foi alto e só estamos diminuindo o impacto de graves proporções’’, acrescentou.
O presidente da Associação das Cerâmicas Vermelhas de Ourinhos, Hamilton Fantinatti, explica que várias olarias locais já não suportam o impacto por falta de matéria-prima. ‘‘Essa situação se agravou pela própria desunião, pela falta de integração entre os associados’’, disse.
Segundo ele, as cerâmicas que eram mais de 100, foram reduzidas para 37. ‘‘O colapso da indústria ceramista atinge o orçamento público, porque ela era o terceiro setor de arrecadação de tributos do município’’, informou Fantinatti.
A balsa Canaviais da destilaria Casquel deCambará (22 km a noroeste de Jacarezinho), usada para o travessia de cana no Rio Paranapanema, entre Cambará e Ibirarema (SP), não será desativada pela Companhia Energética de São Paulo (Cesp), como estava previsto com a formação dos lagos das usinas Canoas 1 e 2. A balsa será readaptada e mantida para um novo sistema de travessia.
Por enquanto, até que seja alterada para se locomover autônoma, a balsa Canavieira continuará funcionando por cabo de guia, com estrutura de aço nas duas extremidades. A balsa sustenta um tráfego médio de 30 veículos de transporte de cana por dia, no período de safra.
A travessia de cana entre Ibirarema (SP) e a destilaria Casquel foi implantada em junho de 1987 com o objetivo de reduzir o custo do frete e o fato de evitar o trânsito da frota pelas rodovias asfaltadas. Pela balsa, a distância entre a destilaria e os canaviais cai de 60 quilômetros para 30 quilômetros. A destilaria cultiva aproximadamente 800 alqueires de cana no lado paulista.B.PimentelReservasDonos de cerâmicas estimam que o sustento das jazidas não passará de 2 anos com a submersão da área; barro está sendo armazenado com a utilização de escavadeiras e pá-carregadeirasB.Pimentel
Especial para a Folha