Famílias com crianças matriculadas no CEI (Centro de Educação Infantil) Santo Antônio estão preocupadas com o próximo ano letivo. Os pais e responsáveis foram avisados nas últimas semanas de que a unidade vai deixar de atender a partir de 2021. O centro funciona na avenida Madre Leônia Milito, zona sul de Londrina, e é administrado pela Obras Assistenciais São Vicente de Paulo. São cerca de 120 meninos e meninas entre dois e quatro anos.

Imagem ilustrativa da imagem CEI na zona sul de Londrina avisa pais que vai deixar de funcionar
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De acordo com alguns familiares, a instituição teria alegado que as mantenedoras vão encerrar os trabalhos com a educação e seguirão apenas com o asilo, que fica ao lado. “Todos foram pegos de surpresa (com a informação). É uma escola incrível, com ensino excelente, professores de qualidade, tem parque, sempre estão em contato com os pais. É referência”, destacou a jornalista Priscila Bays.

O filho dela, de quatro anos, estuda no CEI há dois anos e iria continuar para o P4. “Encaminharam para a central de vagas. Não sei para qual centro ele será mandado. Antes da pandemia, meu filho estudava o dia inteiro”, destacou.

Segundo a administradora Mahalia Hadija Mendes Morais e Silva, o comunicado sobre o fim do CEI foi por WhatsApp e repentinamente. “Não deram explicações. Chegaram a marcar uma reunião, mas no mesmo dia foi desmarcada. Minha filha é apaixonada pela creche. As professoras são amorosas. Todo dia ela pergunta quando vai voltar para a creche. A hora que falei que iria fechar ela chorou”, lamentou.

Outro temor é com os funcionários. Como é uma creche filantrópica, os trabalhadores são contratados via CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e não têm estabilidade. “Professores não vão ter empregos e os pais das crianças menores como vão fazer (sem o ensino integral)?”, questionou. “Acho que é uma decisão que dá para reverter. A informação que tive é de que a escola recebe muitas doações. Os pais contribuem mensalmente. Não dá para entender.”

NEGOCIAÇÃO

A FOLHA entrou em contato com a direção da Associação São Vicente de Paulo diversas vezes, entretanto, não obteve retorno. Já a secretaria municipal de Educação informou que está em negociação com a administração do CEI. Uma das possibilidades é alugar o prédio da igreja e encontrar outra instituição interessada em assumir o centro, considerado como estratégico pela pasta, em razão da localização. A garantia é de que nenhuma criança ficará sem vaga.

PANORAMA

Londrina conta com 56 instituições filantrópicas de ensino com vínculo junto ao município. Segundo o presidente do Secraso-NP (Sindicato das Entidades Culturais, Recreativas de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional do Norte do Paraná), José Milton de Sousa, a maioria das unidades têm conseguido se manter mesmo em meio à pandemia, já que as aulas estão de maneira remota e, consequentemente, os custos diminuíram.

“A prefeitura continua repassando recursos para manutenção. As filantrópicas vivem do dinheiro que a prefeitura transfere. Esse valor paga professores, funcionários, água, luz e telefone. Os pais e terceiros não ajudam. A maior parte das famílias têm dificuldades econômicas. Temos entidades que têm problemas anterior à pandemia”, elencou.

Cerca de 90% dos recursos oriundos da prefeitura são gastos com folha de pagamento. O município paga anualmente às instituições aproximadamente R$ 30 milhões.