Castração: saúde pública e bem-estar dos animais

A castração de cães e gatos tem a finalidade de controle populacional e, segundo o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária), deve fazer parte de uma política de saúde pública e de bem-estar dos animais e também das pessoas. Uma cadela entra no cio a cada seis meses e pode gerar até nove filhotes em cada ninhada. Uma gata entra no cio a cada três meses. De acordo com Murilo Daniel Lago, médico veterinário e responsável técnico da Clínica Veterinária Clinicão, de Curitiba, vencedora da licitação para operar o Castramóvel de Londrina, cada casal tem a capacidade de gerar no mínimo cinco mil descendentes em dez anos se o casal e seus descendentes continuarem a se reproduzir.

“O Castramóvel e os demais programas voltados ao bem-estar animal são de extrema importância para regular uma sociedade mais organizada, justa e saudável. Quando os animais são castrados passam a ter mais condições de saúde, uma vez que a livre procriação leva muitas vezes ao abandono ou ao sofrimento dos filhotes que não encontram tutores responsáveis”, ressaltou a diretora de Bem- Estar Animal de Londrina, Daniele Regina Ferreira da Costa. “Precisamos ter em mente que saúde animal também é saúde humana."

"A castração, junto às vacinas e uma alimentação adequada, é uma das principais indicações que se dá a quem deseja conviver com um animalzinho. Podemos afirmar que a castração é um ato de amor e de responsabilidade”, enalteceu Costa, informando que não há um levantamento oficial da quantidade de cães e gatos em Londrina. “Cinco anos atrás tínhamos uma população de 60 mil cães em situação de rua. Apesar de se reproduzirem livremente, estes animais vivem pouco. A média de vida de um cão em situação de rua é de apenas três anos”, observou.

O médico veterinário explicou que a castração deve ser realizada a partir dos cinco meses de idade. "Nos machos evita que ele realize fugas. Nos cães a castração reduz a chance de desenvolver câncer de próstata. Também existe o TVT (tumor venéreo canino transmissível), que é transmitido sexualmente”, destacou.

Nas fêmeas ele explica que as vantagens são maiores. Também evita fugas e elimina o risco de TVT. “A fêmea não entra no cio e não procria. A castração precoce diminui índice de tumor de mama e com a retirada de ovários e úteros evita a desordem hormonal e questões como a gravidez psicológica também são eliminados. "

BALANÇO

Sobre o serviço de Castramóvel em Londrina, o gerente de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde, Lyonel Martinez, explicou que já foram realizados cerca de 4,5 mil procedimentos. “Nosso cadastro já está com 2,4 mil cadastros, mas a pessoa tem mais de um animal, o que resulta em 4 mil procedimentos agendados", explicou. O serviço começou a ser oferecido em março de 2020.

Podem fazer o cadastro para o serviço do Castramóvel famílias em situação de vulnerabilidade social e beneficiárias de programas sociais. Para se cadastrar, o cidadão deve ter em mãos um documento pessoal, comprovante de endereço, de renda e do benefício do governo. Também são beneficiários do programa os protetores voluntários e ONGs. O serviço é gratuito e a medicação do pós-operatório é fornecida sem nenhum custo.

Martinez ressaltou que o número disponível para cadastramento não aceita ligações: (43) 99997-9755. “O cidadão pode solicitar o cadastro por meio de mensagem de WhatsApp e, após aprovação, a equipe do Castramóvel entrará em contato para fazer o agendamento do dia e horário do procedimento”, detalhou. Esse agendamento visa evitar aglomerações por conta da pandemia do novo coronavírus.

O serviço é realizado por dois veterinários e dois auxiliares no próprio trailer personalizado que inclui a estrutura física para a realização dos procedimentos.

FALTOSOS

Segundo o médico veterinário Murilo Daniel Lago, dos 40 atendimentos diários possíveis, de 10% a 15% dos agendamentos são cancelados pelo não comparecimento dos tutores. “Esse número é muito alto. A população tem que estar atenta para que não haja faltas e também precisa obedecer as recomendações que a prefeitura passa, pois alguns procedimentos cirúrgicos não são realizados porque os animais não passaram nos critérios", apontou, citando como exemplo a necessidade de jejum. "O animal deve ficar no mínimo por oito horas e no máximo de 12 horas de jejum hídrico e alimentar.”

O animal também precisa estar de banho tomado e tosado e não pode ter doenças que possam gerar riscos de infecção. Além disso, é importante verificar se o animal tem reação à anestesia, que pode causar vômitos e resultar em consequências mais sérias. “Das 40 castrações marcadas em um dia, de três a cinco não são realizadas por esse motivo”, destacou.