A chuva que caiu em Londrina na segunda-feira (29) foi a mais volumosa em 24 horas, no mês de março, dos últimos 45 anos. Ou seja, desde 1976 a cidade não registrava um volume tão alto de chuva em um único dia neste período do ano. Os dados são do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater), que registrou 138,4 mm em pouco mais de 4 horas de tempestade em Londrina. A agrometeorologista Heverly Morais comenta que a precipitação ultrapassou o esperado para o mês todo, de 137,6 mm. “Isso aconteceu por uma coincidência de sistemas, com uma frente fria atuando junto com um corredor de umidade da Amazônia e o aquecimento e umidade local”.

Quem sentiu o "peso" dessa tempestade foram os moradores e comerciantes de áreas alagadas. Na zona sul, com o transbordamento do Lago Igapó 2, na região do Aterro, a água atingiu o quintal de algumas residências até a altura dos joelhos.

Imagem ilustrativa da imagem Casas e ruas são tomadas pela lama após temporal em Londrina
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

Alguns moradores da rua Joaquim de Matos Barreto faziam a remoção da lama nesta terça (30) de manhã e muitos estavam nervosos e não quiseram falar com a reportagem. Um pedreiro que atua em uma obra comercial comentou que o container onde ficam armazenadas as ferramentas e materiais foi danificado pela chuva. “Perdemos uns sete sacos de cimento e o banheiro químico foi para o chão. Chegamos para trabalhar umas 7h30 e o que a gente viu foi só lama”, disse.

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O comerciante Roberto Crispim estava em sua loja de conveniência durante a forte chuva. “Acredito que não tem muito o que ser feito. Casa um faz o que pode para proteger seus bens. O problema é que a água não tem para onde ir”, afirmou.

Crispim acredita que as obras na rua Faria Lima são a explicação para a rua e os quintais terem amanhecido com lama. “Além disso tem o fato de o lago estar assoreado. Qualquer chuva forte que cai na cidade o lago transborda e a bagunça sempre fica”, comentou.

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QUEBROU A PAREDE

Também na zona sul, na rua Cristina Marucci, no jardim Santa Joana, Edmilson Barbosa da Silva teve que quebrar parte da parede da casa para escoar a água. Ele tem 73 anos e mora sozinho. “Choveu tanto que o barro veio escorrendo lá de cima e foi parando tudo aqui em frente de casa. A água invadiu tudo e tive que fazer alguma coisa para ela sair. Perdi mantimentos, roupa e a cama ainda está molhada”, lamentou. Quem puder colaborar com doações pode ligar para 98419-1668 ou 99981-4859.

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ÁRVORES

Nesta manhã, a Compdec (Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil) havia registrado 13 ocorrências em decorrência da chuva. Foram sete registros de pontos de alagamentos, uma queda de muro, uma solicitação de vistoria no Jardim Bandeirantes (zona oeste) e quatro quedas de árvores.

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Uma delas foi na Praça da Bandeira, no centro da cidade. Pela manhã, equipes trabalhavam na remoção de uma árvore da espécie Tipuana, que foi arrancada pela raiz. O exemplar tem aproximadamente 15 metros de altura e, por sorte, caiu apenas sobre o gramado.

Na avenida Dez de Dezembro (zona sul), nas proximidades do Parque Arthur Thomas, equipes da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) faziam a limpeza da pista com um caminhão-pipa. Na via, sentido zona sul, a lama tomou parte do asfalto.

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SEM ENERGIA

Durante o temporal, pelo menos 4,5 mil domicílios ficaram sem energia, sendo a maior parte na região oeste. Hoje pela manhã, a Copel registrava ainda 75 imóveis desligados, com previsão de retorno até o final da tarde.

A Compdec reforça que em casos de enchentes, alagamentos, deslizamentos, vendavais, quedas de árvores, entre outras situações de perigo decorrentes das chuvas, a população pode acionar a Defesa Civil Municipal pelo 199 e a Guarda Municipal de Londrina pelo 153. O serviço funciona 24 horas por dia e a ligação é gratuita.

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