Casarão demolido ocupava uma área de 1.700 metros quadrados, sendo  de edificação 745 metros quadrados
Casarão demolido ocupava uma área de 1.700 metros quadrados, sendo de edificação 745 metros quadrados | Foto: Roberto Custodio

Numa das esquinas mais tradicionais da área central de Londrina, o casarão suntuoso e histórico virou escombros. A casa que foi de José Garcia Molina, um dos pioneiros da cidade, começou a ser demolida no meio da última semana. O imóvel no cruzamento da rua Santos com Pio XII fazia parte da listagem de bens de interesse de preservação da secretaria municipal de Cultura, entretanto, não era tombado, ou seja, não existia nenhum um óbice para a derrubada da estrutura.

“Assim que tomamos conhecimento (da demolição) entramos em contato com a proprietária. Conversamos no sentido de que fosse feito lá algo que pudesse preservar a memória do local (como uma placa, por exemplo), mesmo que não tivesse a possibilidade de evitar a demolição”, afirmou Solange Batigliana, diretoria de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural da secretaria de Cultura. De acordo com ela, a dona do terreno foi receptiva com o pedido.

TRISTEZA

Moradores do entorno, em especial os mais antigos, mostraram tristeza ao ver as máquinas quebrando as paredes e colunas que guardavam parte do passado londrinense e seus personagens. “Era um lugar especial, que dava um charme para essa região e resistia em meio à construção de prédios e outros comércios. Era a história que dividia espaço com o presente e o futuro”, comentou a aposentada Maria Adelaide Costa.

Por muito tempo o casarão também abrigou a sede de uma empresa de TV a cabo. Nos últimos anos estava vazio. “Foi um susto acordar e ver a retroescavadeira colocando tudo abaixo, as grades sendo cobertas por lonas. Pouco a pouco a história de Londrina, que é uma cidade jovem, vai ficando para trás. É uma pena”, relatou o engenheiro José Roberto Prado e Silva.

DÉCADA DE 1960

O projeto e a construção da casa – que tinha dois andares - são da década de 1960. A residência contava com fachada no estilo colonial americano e ocupava uma área de 1.700 metros quadrados. Somente de edificação eram 745 metros quadrados.

A construção suntuosa virou escombros. Casa fazia parte da listagem de bens de interesse de preservação da secretaria municipal de Cultura, mas não era tombada
A construção suntuosa virou escombros. Casa fazia parte da listagem de bens de interesse de preservação da secretaria municipal de Cultura, mas não era tombada | Foto: Roberto Custodio

Na sexta-feira (8), operários de uma empresa contratada pelos proprietários continuavam com o desmanche. Seguiam em pé as colunas da fachada. “É uma marca na cidade. As pessoas se acostumaram com aquela visão, então, sabemos que é um patrimônio que pega no afetivo. Infelizmente, não havia o que fazer para evitar”, frisou Batigliana. A casa foi toda fotografada antes da intervenção.

FUTURO

O município ainda não sabe o que será construído no lugar. Entre os vizinhos, o comentário era de que um prédio seria edificado. Os funcionários que estavam no terreno não quiseram repassar informações. O imóvel se somava a uma relação de casarões de famílias tradicionais de Londrina, como os que ainda estão em pé na avenida Higienópolis. O palacete da família Garcia, por exemplo, foi tombado em 2011.

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