Casal de Guarapuava reforma e doa cadeiras de rodas a famílias carentes
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quinta-feira, 14 de novembro de 2019
Vitor Ogawa - Grupo Folha
A cuidadora de idosos Larissa Schwingel e o marido, o metalúrgico Ezequiel Matos da Silva, montaram uma oficina no quintal, no distrito de Entre Rios, em Guarapuava (Centro), para reformar e entregar cadeiras de rodas para pessoas de baixa renda. Eles já doaram 23 cadeiras.
A ideia surgiu após Schwingel doar duas cadeiras que haviam sido utilizadas pelo pai. “Quando fomos doar as cadeiras, muitas pessoas vieram nos procurar. Então a gente começou a recuperar sucatas de cadeiras”, relata.
Silva afirma que o fato de ser metalúrgico facilitou esse tipo de ação. “Vi a dificuldade das pessoas para ter cadeiras de rodas. Graças a Deus conseguimos sucatas para fazer as reformas”, destaca ele, explicando que não vê dificuldade em realizar o conserto. “A dificuldade é financeira. Se a gente precisa de dois pneus novos e um eixo automático de saque rápido, por exemplo, isso encarece, custa em média R$ 75.” Ele relata que inicialmente pagava para fazer estofamento. “Hoje a gente ganhou a máquina de tecidos e com almofada”, conta.
Para o metalúrgico, a oportunidade de fazer essa distribuição não tem preço. “Eu costumo dizer que eu levo a perna para quem não tem. É muito gratificante realizar um trabalho desses", afirma, dizendo que se surpreende com a reação das pessoas. "Muitos sorriem e outros choram. Alguns ficam pasmos, em estado de choque. Não dá para descrever”, aponta.
O tempo gasto para a recuperação varia, dependendo do que Silva precisa fazer. “Em média ele leva um mês para fazer essa recuperação. Preciso fazer o processo de lixa, depois pintura e depois montagem", detalha.
Eles já têm cadeiras reformadas prontas para serem enviadas para Curitiba e para o Rio Grande do Sul. “Mas não temos condições financeiras para custear o envio para o Rio Grande do Sul. Um rapaz está ficando com a coluna torta porque está usando com tecido atrás”, afirma.
Além de cadeira de rodas, o casal reforma cadeiras de banho e as especiais, entre outros. “A gente reformou todo um triciclo de um senhor que teve AVC que queria andar de bicicleta”, destaca.
Segundo Silva, o trabalho voluntário não fica restrito ao casal. “Nós temos também a corrente do bem, em que cada pessoa doa R$ 10 em um mês. Com esse dinheiro compramos cestas básicas para algumas famílias. Também realizamos bazares de roupas”, destaca.
ANJOS DA GUARDA
Os filhos gêmeos da dona de casa Reni Terezinha Pacheco, João Vítor e Maria Vitória, 15, têm paralisia cerebral. Ela conta que, por isso, precisava carregar os filhos no colo. “Pedi uma cadeira de rodas, porque um deles vai para Curitiba e o outro vai a Campo Largo para realizar os tratamentos. O Ezequiel ligou para minha filha e falou que doava as cadeiras. Eu esperava ganhar só uma, mas ganhei duas. Eu fiquei contente; eles foram anjos da guarda", resume.
A dona de casa Luciana Fátima de Oliveira também recebeu uma cadeira de rodas para seu filho Luan Gabriel, 2, que tem paralisia cerebral. “Ele ficou feliz porque antes saía de casa deitado no carrinho de bebê. Agora vai sentado”, destaca. Embora ainda não fale, ele demonstrou sua alegria de outra forma. “Ele bate palmas, bate a perna e mexe os bracinhos. Ficou muito alegre”, observa.
Segundo Oliveira, não foi preciso pagar nada para o casal. “Nem a entrega pagamos. É um trabalho bonito, em que eles doam para quem precisa. Se dependesse de mim, não teria condições de comprar uma cadeira dessas”, declara.
Schwingel conta que todas as cadeiras são especiais, mas teve uma criança que queria a cadeira do Homem-Aranha. “Fizemos com adesivo. Como a criança falava muito, te faz emocionar”, destaca.