Apoio para familiares e acompanhantes de internados, a Casa de Apoio do HU (Hospital Universitário) de Londrina completou 40 anos no fim de 2019. O projeto social, mantido em sua integralidade por doações, começou como pernoite para pacientes e acompanhantes de outras localidades que vinham na cidade para cuidado renal crônico, no final da década de 1970.

Na casa localizada na Vila Operária são ofertadas 16 vagas; não há período máximo de permanência
Na casa localizada na Vila Operária são ofertadas 16 vagas; não há período máximo de permanência | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

“Em Londrina só tinha este tipo de tratamento, que era três vezes por semana. Então, era inviável a pessoa ir e voltar tantas vezes para a cidade de origem e se teve a ideia, por meio de algumas senhoras voluntárias, de ter um espaço para elas”, lembrou Maria Lúcia Maximiniano, assistente social do HU e coordenadora do serviço voluntário. Em 1998, o tratamento passou a ser oferecido em outras regionais pelo Estado e a moradia fixa acabou fechada e o espaço utilizado somente como de passagem.

No começo dos anos 2000 a Casa de Apoio do HU retomou oferecendo pernoite, ampliado para tratamentos das mais diversas áreas, e sendo uma oportunidade para quem espera o horário de visita e não tem onde descansar. Todos que ficam na residência são encaminhados pela Divisão de Serviço Social da instituição. São 16 vagas para dormir, cinco para homens e 11 para mulheres, que ficam em alas distintas e compartilham área de convivência e cozinha.

DOAÇÕES

Na casa, que é alugada e fica na rua Arlindo Antônio Vieira, na Vila Operária, zona leste, são servidas quatro refeições diariamente. E não existe um período máximo para permanência. Tudo sem qualquer custo para as pessoas. “A maioria está com familiar internado por conta de queimadura, já que o tratamento é mais longo e mesmo com a alta volta para exames complementares”, apontou Paulo Roberto Carlos, tesoureiro da Casa de Apoio Amigos do HU. São 300 atendimentos por mês.

É a associação, formada por voluntários, que administra a casa e promove ações para mantê-la. Isto ocorre por meio de rifas, bazares e jantares, além de uma doação mensal feita pelos funcionários da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e do hospital, com desconto em folha de pagamento. O gasto mensal é de aproximadamente R$ 4 mil, dinheiro utilizado para pagar duas funcionárias, contas de água, luz, internet, entre outros gastos. Empresários e a comunidade em geral também costumam colaborar.

Imóvel maior

O imóvel onde funciona a Casa de Apoio do HU é alugado e fica a poucos metros do Hospital Universitário. É a quarta sede ao longo de quatro décadas de existência. A associação se prepara para iniciar no primeiro bimestre de 2020 a construção de uma casa própria, em um terreno já adquirido, na rua de trás do atual endereço. O custo estimado é de até R$ 550 mil. A campanha teve início em 2014 e até agora foram levantados R$ 400 mil.

Recentemente, o Comitê de Solidariedade dos Funcionários da Sercomtel doou R$ 150 mil para a edificação e existe o compromisso de repassar mais R$ 30 mil para a mobília. “O lugar que estamos não comporta toda a demanda. Serão oferecidas mais oito vagas nesta casa, sendo que um quarto será exclusivo para transplantados. Serão 240 metros quadrados de área construída”, elencou Pedro Vitor da Silva, presidente da Casa de Apoio Amigos do HU.

A projeção é de que a construção dure aproximadamente oito meses. “Será um prédio de dois andares e cada quarto terá banheiro, além de elevador na casa, refeitório. O intuito é oferecer o melhor”, frisou a secretária da associação, Regina Célia Manchini Carlos.

A intenção da diretoria é de que o atual espaço continue sendo usado pela associação. Segundo Dorian Guerra, vice-presidente da Casa de Apoio, uma estrutura poderia ficar apenas para os homens e a outra para as mulheres. “Temos o pensamento de crescer e poder atender mais pessoas.”

Associação formada por voluntários administra a casa e realiza ações para a manutenção
Associação formada por voluntários administra a casa e realiza ações para a manutenção | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Mais voluntários

Para a boa convivência na Casa de Apoio do HU, existem algumas regras. Entre elas estão não fumar e não consumir bebidas alcoólicas e respeitar o horário permitido para entrada, que é no máximo 22h. Cada internado pode ter um acompanhante na casa, mas dependendo da situação podem ser liberados dois.

De acordo com o assistente social do Hospital Universitário, Maria Lúcia Maximiniano, a prioridade é para quem mora longe e não tem condições financeiras. “Temos pessoas não só dos 21 municípios atendidos pela 17ª Regional de Saúde, mas também de cidades como Cascavel, Foz do Iguaçu, Pato Branco”, citou. “Aqui encontram carinho e se sentem acolhidas”, contou Pedro Vitor da Silva, presidente da associação Casa de Apoio Amigos do HU.

Apesar de todos os voluntários, a instituição continua precisando de mais colaboradores. “Ajudar na venda de convites dos eventos que promovemos, na divulgação do Nota Paraná que estamos cadastrados, como padrinhos, pois isto ajuda muito”, convidou o tesoureiro da associação, Paulo Roberto Carlos. “Ninguém em nome da casa pode pegar dinheiro. Qualquer doação em dinheiro é diretamente na conta bancária”, advertiu.

“Queremos ter cada vez mais voluntários e parceiros. Que conheçam nossa realidade e possam ver como é o trabalho. São pessoas que sofrem porque estão longe de casa, deixam os filhos, preocupadas com quem está internado”, refletiram as integrantes da associação, Dorian Guerra e Regina Célia Manchini Carlos.

SERVIÇO - Mais informações sobre a Casa de Apoio do HU pelo fone (43) 3326-6535, (43) 99844-9334 ou (43) 99642-8177