Munidos de gravatas, lenços e laços, cães vítimas de maus-tratos em Londrina posam para foto pedindo acolhimento. A ideia faz parte da campanha “Adote esta causa: maus-tratos de animais é crime”, realizada pela Prefeitura de Londrina com intuito de incentivar a população a acolher de forma temporária ou permanente animais apreendidos em operações da DBEA (Diretoria de Bem-Estar Animal), da Sema (Secretaria Municipal do Ambiente).

Imagem ilustrativa da imagem Campanha em Londrina incentiva acolhimento de animais vítimas de maus-tratos
| Foto: Divulgação

“Eles estão para a adoção, porque a DBEA acredita que todos merecem uma segunda chance. Não entendemos um abrigo municipal definitivo como a melhor opção para um animal apreendido”, defende Haroldo Belli, diretor da DBEA. Por se tratar de um animal com histórico de ambiente violento, é preciso que o adotante tenha cuidado. “Precisa ter responsabilidade e paciência, pois a maioria dos animais possui traumas devido a sua condição anterior de maus-tratos", acrescenta.

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| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O interessado em adotar tem a liberdade para indicar a preferência entre os animais apresentados pela prefeitura, no entanto, a diretoria fará uma análise do perfil do animal e da família, pois, o adotante precisa ter um espaço adequado, deixá-lo sempre solto e com água, comida e abrigo à disposição.

Devido a grandes operações recentes, Belli aponta que a há um número elevado de animais para adoção e que essa quantidade depende do número de operações realizadas, animais resgatados e pessoas dispostas a oferecer acolhimento. Por isso, colocou à disposição da sociedade que se propõe a ajudar oferecendo lar temporário ou adoção permanente. “Solicitamos ambos os casos, já que ainda não possuímos o Centro de Bem-Estar Animal ou abrigo definitivo. A intenção é encontrar uma nova família aos animais apreendidos”, afirma.

ADOÇÃO

Os interessados podem ver as fotos dos animais resgatados e fazer um cadastro por meio do site: http://www.londrina.pr.gov.br/bem-estar-animal/acolhimento-de-animais. O candidato passará por avaliação da DBEA e também será acompanhado posteriormente pela diretoria.

Belli aponta que no início da pandemia houve aumento no número de denúncias de maus-tratos a animais. “Acreditamos ser pelo fato de as pessoas estarem em casa e mais atentas aos animais do bairro”, afirma. Porém, muitas buscavam orientação sobre situações, como ruídos e latidos em excesso. O diretor aponta que, no momento, as denúncias diminuíram e a hipótese é de que os tutores em quarentena estão mais atentos aos comportamentos dos seus animais de estimação.

Com a divulgação das operações, as pessoas passaram a se atentar mais às situações que devem ser denunciadas. “Tivemos um aumento da consciência de proteção e cuidado animal devido a casos de grande repercussão, fazendo com que as pessoas não aceitem mais maus-tratos aos animais e cuidem melhor dos seus”, afirma.

PRINCESA

A Princesa, uma cadela da raça basset, chegou há dois meses na casa de Neusa Cevallo Crosxiati, 65. Apesar de ser resgatada de um ambiente agressivo, não foi difícil a adaptação no novo lar com mais dois cães e um gato. “Ela foi uma belezinha, sem problema nenhum, muito dócil. Ela quer ficar junto, é muito querida, um amor”, afirmou a nova tutora. A cadela foi acolhida por meio da campanha de adoção da Prefeitura de Londrina.

Princesa foi adotada há dois meses
Princesa foi adotada há dois meses | Foto: Acervo pessoal

Crosxiati afirma que a neta ofereceu lar temporário à cadela antes que a avó ficasse definitivamente com o animal. Como é um processo diferente de adoção, todos os cuidados foram tomados. “Nós ainda estamos fazendo de tudo para dar toda atenção e espaço para ela, mas a adaptação está joia, dá gosto de ver”, menciona. “Ela foi resgatada de uma casa que tinha 40 animais, era um sofrimento”, lamenta.

Mas essa não é a primeira vez que a comerciante aposentada adota animais de rua. Todos os bichinhos de estimação da casa tiveram um passado difícil. “Ah é pelo sofrimento deles, dá dó, se eu tivesse mais espaço, eu teria muitos”, ri. Ela disse que os cães são bem cuidados e que outras pessoas já perguntaram onde ela comprou. “Jamais na vida vou comprar cachorro, têm tantos na rua precisando”, aponta.

A nova tutora teve a orientação da neta, Iris Amanda de Campos, 23, que atua como voluntária e ajuda a acolher animais resgatados nas operações da Sema (Secretaria Municipal do Ambiente). A neta foi a responsável por apresentar o site que contém fotos dos animais resgatados, pedindo para que a avó escolhesse o animal, e intermediou o processo de adoção seguindo as indicações na plataforma.

Assim, foi possível trazer mais alegria e felicidade para a casa de Crosxiati e para a cadela. A Princesa agora vive um conto de fadas no seu castelo cheio de mordomias. “Nossa, ela faz muita alegria e a gente faz tudo que eles querem, né? Se deixar, eles tomam conta da casa”, brinca.

SERVIÇO

Mais informações sobre denúncias e cadastro para adoção pela Sema estão disponíveis por meio do telefone (43) 3372-4765 ou WhatsApp (43) 99994-8677.