Profissionais da assistência social, saúde, educação, conselho tutelar e segurança pública dos  municípios receberão material de orientação
Profissionais da assistência social, saúde, educação, conselho tutelar e segurança pública dos municípios receberão material de orientação | Foto: Divulgação/AEN



Curitiba - A criança se comunica mais pelo choro e outros sinais não verbais que por palavras, quando algo está errado. No caso de violências, o silêncio é ainda maior, porque, geralmente, o autor é próximo à família. Para enfrentar essa situação, a secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social lança a campanha "Não engula o choro". O Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é 18 de maio, o que faz com que esse seja o mês de enfrentamento a essas violações de direitos.

A campanha é constituída de etapas, com materiais direcionados a cada público e para mídias específicas. Para crianças e adolescentes, a ação será divulgada em mídias sociais, também com apoio de influenciadores, e em salas de cinema, antes de cada sessão. Também terá comunicação externa nos maiores municípios, em outdoors, mobiliário urbano e busdoor, com as imagens em ônibus do transporte coletivo.

Os agentes da rede de proteção, que inclui profissionais da assistência social, saúde, educação, conselho tutelar e segurança pública dos 399 municípios, receberão cartilhas e cartazes que orientam como agir diante do problema que aflige a criança.

Nos cinemas, duas animações, de aproximadamente um minuto cada, são projetadas antes dos filmes, durante todo o mês. Elas mostram crianças chorando e passando por situações de perigo até encontrar alguém para contar o problema - em um dos casos a acolhida é feita pela professora e no outro, pelos pais.

A ação é promovida em parceria com o Cedca (Conselho Estadual dos Direitos da Criança do Adolescente), que determinou o uso do recurso do Fundo para Infância e Adolescência para esse fim. "Pretendemos alcançar o maior número possível de pessoas, para, com isso, fortalecer a proteção a crianças e adolescentes em todo o estado", afirmou o presidente do conselho, Alann Bento.

SINAIS
Conforme dados do Ministério da Saúde, as quatro principais formas de violência contra crianças e adolescentes são a negligência ou abandono; e violências física, psicológica ou moral e sexual.

Os sinais que indicam que a criança ou adolescente sofreu alguma violência variam de acordo com a idade e tipo de agressão. Além do choro, outras reações são perceptíveis até o fim da adolescência. Em qualquer idade, é preciso prestar atenção ao aparecimento, sem causa aparente, de irritabilidade constante; olhar indiferente e apatia; distúrbios do sono; dificuldade de socialização e tendência ao isolamento; aumento na incidência de doenças, especialmente de fundo alérgico; e frequentes de afecções de pele.

Também é preciso ficar alerta a manifestações precoces de sexualidade, desconfiança extrema, autoflagelação, baixa autoestima, insegurança e extrema agressividade ou passividade. "São sinais só perceptíveis principalmente por quem convive com a criança ou a vê com frequência, na escola, na igreja e em outro lugar de convívio social", destacou Bento.

A secretária estadual da Família, Fernanda Richa, explica que o silêncio e outros fatores envolvidos na violência contra criança dificultam que a rede de proteção tome ciência da situação e possa intervir de maneira adequada. A campanha tem a parceria das secretarias estaduais da Saúde, da Educação e da Segurança Pública, que registra e encaminha denúncias de violações de direitos, no Paraná, pelo telefone 181. Ela afirma que um dos objetivos da campanha é reduzir a subnotificação e incentivar a população a denunciar esses crimes, assim como estabelecer diálogo com a criança. "É imprescindível sensibilizar família, professores e todos os agentes da rede de proteção."

Os atendentes do telefone 181 encaminham as denúncias, de acordo com o caso e a urgência, para o Conselho Tutelar, a Polícia Militar ou outro órgão da rede de proteção. Por esse serviço, disponível em todo o Estado, o denunciante tem sua identidade preservada.

O presidente do Cedca enfatiza que a violência não escolhe classe social. "Não é possível afirmar que os abusos físicos, sexuais ou psicológicos ocorrem mais em famílias de baixo poder aquisitivo. Mas, independentemente da condição financeira, o sofrimento é o mesmo, assim como o mal causado ao desenvolvimento saudável da criança e do adolescente", afirma.