As escolas municipais e CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil) de Cambé retomaram as aulas presenciais em sistema híbrido de ensino, após um ano de ensino remoto em decorrência da pandemia. Em pesquisa realizada pela Prefeitura, 52% dos pais e responsáveis optaram pelo modelo, levando mais de três mil alunos do Ensino Infantil 5 ao Ensino Fundamental 1 (do 1º ao 5º ano) às escolas nesta terça-feira (23).

Imagem ilustrativa da imagem Cambé tem primeiro dia de aula presencial na rede municipal
| Foto: Lais Taine - Grupo Folha

Ananda Pereira, 26, optou por levar a filha Giovana, 5, ao seu primeiro dia de aula na CMEI Daisaku Ikeda, no Centro da cidade. “Eu optei, porque está difícil estudar em casa, ela não presta atenção, só quer ficar com os brinquedos, ver desenho, acaba se distraindo ao fazer as atividades. E ela também precisa sair um pouco, ela fala que não tem amigo, fica triste, que não tem com quem brincar”, comenta.

A mãe afirma que antes de decidir pelo sistema híbrido teve reuniões com professores e diretores, que explicaram como funcionariam as aulas presenciais. “Eu me senti segura, eles explicaram bem direitinho e eu também conversei com a minha filha, ela também já está sabendo o que tem que fazer”, afirma.

A filha fazia parte do segundo grupo de entrada, às 7h40, dez minutos após o primeiro grupo. Ansiosa, a menina Giovana entrou na unidade passando pelo termômetro e processos de higienização da sola dos sapatos e das mãos, enquanto a mãe observava do lado de fora do portão.

Ananda levou a filha Giovana, 5, para o primeiro dia de aula presencial
Ananda levou a filha Giovana, 5, para o primeiro dia de aula presencial

Depois da manhã de aula, João, 5, contou para a mãe (que preferiu não se identificar) como foi o primeiro dia na escola. “Ele adorou, está encantado com a novidade. Disse que passou álcool em gel na mão, que está sentado dentro de um quadradinho seguro e que tem que manter distanciamento. Ele aprendeu uma música dizendo que distanciamento não é desprezo, é proteção”, conta.

Segundo a mãe, a decisão pelo retorno não foi simples e que foi preciso pensar em família qual seria o formato mais adequado para o filho. Depois de analisar prós e contras, eles optaram por adotar o sistema híbrido. “Tem gente que fala que eu sou louca de levar meu filho e eu fico me questionando também, mas eu vejo que tantos lugares, no mercado, em casa, a gente não está protegido 100%. Na escola, ele vai aprender também a lidar com essa situação”, afirma.

Para ela, o ano letivo passado foi muito difícil. “Em casa, ele está em um ambiente de conforto, de brincadeiras, ele até fazia as atividades, mas perdia o foco muito fácil”, comenta. Agora, acredita que o filho deve se concentrar mais nas tarefas e vai se adaptar ao novo modelo de ensino, mesmo diante dos protocolos de segurança.

A diretora do CMEI, Maria Isabel Barusso Pagnan, contou que eram esperados 30 alunos nesse primeiro grupo, conforme o escalonamento semanal adotado pela prefeitura. As crianças foram divididas em cinco turmas, quatro no período da manhã e uma no período da tarde, com seis alunos cada, mas nem todos compareceram.

“Veio um número menor de alunos que nós esperávamos. Um ou outro pai avisou que não conseguiria trazer a criança, mas nós estamos com dois alunos em uma sala que caberiam seis, por exemplo”, afirma Pagnan. “Agora, nós vamos fazer uma busca ativa, ligar para esses pais, ver se realmente não vão trazer os filhos nesse período ou se foi uma situação atípica”, revela.

Na Escola Municipal Alvorada, no jardim Alvorada, alguns pais esperaram a abertura dos portões do lado de fora, alguns dentro dos carros e outros na calçada. Valdirene Maria da Silva, 42, não levou a filha, mas aproveitou para ir até o local e saber como está o funcionamento da escola nesse sistema.

“Eu vi que as aulas presenciais começariam, então eu vim me informar sobre o retorno. Eu entendi que está seguro, a gente tem medo, mas eu vou optar por trazer minha filha. Ela quer voltar também e eu já conversei com ela, já expliquei, então vou esperar agora a escola se organizar para recebê-la”, afirma.

A diretora Sandra Maria Gouveia afirma que a unidade esperava 50 alunos, mas que também não recebeu todo esse número. “Não vieram todos que concordaram, que assinaram os termos. Provavelmente eles venham amanhã, conforme o andamento, porque todos têm essa preocupação ainda de como vão ser os protocolos”, menciona.

Para Gouveia, o primeiro dia foi tranquilo, com organização e respeito por parte dos pais e da escola. “Pela ansiedade que as famílias e crianças estavam, foi bem tranquilo, organizado, tudo dentro do padrão de segurança”, afirma.

O reencontro entre alunos e professores depois de tanto tempo afastados trouxe leveza para um dia cheio de preocupações e obrigações. “As crianças estavam ansiosas, então eles comentaram ‘que saudade’, ‘que vontade de ver a escola’, ‘que vontade de ver vocês’, foi muito legal”, conta com alegria. “E a gente também, porque a escola sem o aluno não é nada. É um vazio, é um vão na nossa vida”, fala emocionada.

Estela Camata, secretária municipal de Educação, conta que acompanhou algumas unidades pela manhã e afirma que o primeiro dia transcorreu conforme o esperado. “Por onde passei foi bem tranquilo, os pais respeitaram os horários, deixaram as crianças na porta da escola e ouvimos os relatos também de que os filhos estavam ansiosos, que não dormiram à noite”, comenta.

Camata acredita que, com o decorrer do tempo, pode haver aumento de interessados nas aulas presenciais. Nesse processo, afirma que todo responsável pode aderir ao modelo híbrido a qualquer momento, mas que é necessário comunicar a direção da escola antes de levar a criança para a unidade.

O ano letivo em toda a rede municipal de educação de Cambé iniciou-se no dia 8 de fevereiro no modelo remoto, que continua ativo para aqueles que optaram por continuar nesse sistema.