A Prefeitura de Cambé, na Região Metropolitana de Londrina, ativou 28 radares de monitoramento de trânsito espalhados por diversas vias, principalmente na região central, no dia 7 de abril. Em uma semana, até a última segunda-feira (14), os equipamentos registraram 5.330 infrações de trânsito, envolvendo, principalmente, o excesso de velocidade, assim como conversões irregulares, avanço durante o sinal vermelho e paradas sobre a faixa.

Secretária municipal de Segurança Pública e Trânsito de Cambé, Thays Kuchenbecker avalia que o número de infrações é bastante elevado, sendo o principal problema o excesso de velocidade por parte dos motoristas. Das 5.330 infrações, 4.214 foram por conta da condução em alta velocidade. O número, segundo ela, pegou a equipe de surpresa, já que a expectativa era de registrar cerca de 7 mil infrações durante todo o mês de abril.

Somente no primeiro dia em que os radares começaram a operar, 943 pessoas cometeram algum tipo de infração. O número de irregularidades registradas, entretanto, caiu 23% já no segundo dia, em 08 de abril, quando foram contabilizadas 689 infrações.

“Como os equipamentos foram implantados recentemente, a população ainda não estava acostumada com essa fiscalização, mesmo com a gente fazendo campanhas e sinalizando”, explica a secretária.
Com a divulgação dos dados relacionados às infrações, segundo ela, os motoristas começaram a ficar mais espertos com a possibilidade de cometer alguma irregularidade. Além disso, Kuchenbecker garante que o sistema já envia a notificação eletrônica em até dois dias, o que pode ter contribuído para a consecutiva redução. Na segunda-feira, o número de infrações estava na casa dos 592.

De acordo com informações da prefeitura, as 28 câmeras de monitoramento de trânsito fiscalizam casos de avanço de sinal vermelho, parada sobre a faixa, conversão em locais proibidos e excesso de velocidade. Em 2024, foram registrados 494 sinistros, conhecidos popularmente como acidentes de trânsito, englobando atropelamentos, quedas de veículos, colisão, entre outros. Em Cambé, 10 pessoas morreram no trânsito no ano passado.

MAIO AMARELO

Com a proximidade do Maio Amarelo, mês voltado para debater a segurança no trânsito, Kuchenbecker explica que a pasta vai fazer um trabalho de conscientização com a população. Durante a Festa do Trabalhador, comemorada no dia 1° de maio, os agentes de trânsito vão estar à disposição para quem quiser tirar dúvidas ou receber orientações em relação aos novos equipamentos. Além disso, a pasta tem parceria com escolas e empresas para levar informações sobre o trânsito. “A gente traz informações de direção defensiva, sobre a responsabilidade do condutor e, consequentemente, as pessoas abordam sobre como o equipamento funciona”, detalha.

Apesar de ser um tema polêmico e que sempre rende muitas críticas, Thays Kuchenbecker aponta que os radares ajudam a gerenciar a velocidade nas vias e que, em Cambé, foram selecionados pontos estratégicos em que os motoristas já não respeitavam as sinalizações e os limites de velocidade.

“O objetivo é que as pessoas se conscientizem sobre a responsabilidade delas como condutoras”, reforça. Segundo ela, em uma situação adversa, como um pedestre ou até mesmo um animal atravessando a via, a colisão se torna muito mais grave quando combinada com a velocidade alta.

COMERCIANTES APROVAM

O radar instalado na Avenida Inglaterra, principal via do centro da cidade, próximo à Rua Estados Unidos, foi o que mais registrou infrações. A FOLHA foi até o local na segunda-feira para conversar com comerciantes da região. A maioria disse ter aprovado a instalação dos radares, já que o trânsito no local estaria mais tranquilo, com a maior parte dos motoristas respeitando os limites de velocidade.

Um comerciante, proprietário de um bar há 28 anos na Inglaterra, que preferiu não se identificar, disse ser perceptível uma melhora no trânsito na via e que essa é uma forma de educar os motoristas. "Eles não têm respeito”, resumiu. Segundo ele, é necessário mexer no bolso dos motoristas para que aprendam a respeitar as regras de trânsito. O comerciante, porém, critica os motociclistas, que continuam avançando quando a luz do semáforo está vermelha.

O autônomo Pedro Edmir Chiconato, 63, conta que um freguês morreu em uma acidente na via há cerca de quatro anos ao ser atingido por outro veículo em alta velocidade. “Se o outro estivesse mais devagar ele não teria morrido. Se é lugar de andar a 40 ou 50 km/h e ele estava a mais de 100 km/h”, detalha. Ele também notou uma melhora no trânsito, o que era algo que a cidade precisava, além de que percebeu que a maioria agora utiliza o cinto de segurança e deixa o celular de lado enquanto dirige. “Tem que mexer no bolso se não ninguém faz nada”, aponta, citando a importância de multar quem infringe as regras de trânsito.

Tecnóloga em radiologia, Valquíria Vilela, 41, conta que passa por dois radares no trajeto para ir do trabalho para casa e a mudança no trânsito é significativa, com motoristas mais atentos. Segundo ela, isso era uma necessidade para a cidade, já que a velocidade alta era constante. “A gente que trabalha com comércio e fica de frente para a avenida via acidentes ou quase acidentes todos os dias”, relata.

Há 11 anos trabalhando em uma loja de tintas na Avenida Inglaterra, o vendedor Charles dos Anjos Aureliano, 52, relata que já viu muitos acidentes no cruzamento com a Rua Bélgica. “Agora a velocidade está mais moderada, mas tem um pessoal que ainda não respeita porque às vezes esquece, mas a maioria está respeitando”, garante, acenando como positivo a instalação dos radares. O único problema, de acordo com ele, é a “dor no bolso” na hora de pagar a multa por conta de algum excesso. “Tem que educar o povo”, afirma.

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