A Caixa Econômica Federal vai liquidar casas de dois conjuntos habitacionais de Campo Mourão – Antilhas e Mundo Novo – por até R$ 360,00. A liquidação começou ontem. Segundo o gerente da Caixa, Paulo Marinho, como algumas casas têm saldo devedor de até R$ 13 mil, isso significa um desconto de 97%.
Os conjuntos Antilhas e Mundo Novo têm 490 unidades e são considerados problemáticos desde que foram inaugurados, em 1991. Os moradores reclamam que as casas foram superfaturadas e que tiveram péssimo acabamento. Nem um acordo feito há dois anos, que reduziu o valor das prestações a menos da metade fez cair a inadimplência (hoje de 60%).
A nova proposta da Caixa prevê que os mutuários só precisarão pagar 12% do valor da casa para quitar o imóvel. ‘‘O saldo devedor morreu’’, disse Marinho. Segundo ele, o valor das casas ficará entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Com isso, a casa mais cara poderá ser quitada por R$ 480,00. A Caixa não vai levar em conta ampliações e melhorias feitas pelos mutuários.
A nova proposta da Caixa também beneficia mutuários com prestações em atraso. Eles serão perdoados. Quem já estiver em execução também poderá se beneficiar da proposta, mas terá que pagar as custas do processo, que variam de R$ 100 a R$ 1 mil. ‘‘Cerca de 250 mutuários poderão quitar o imóvel de imediato’’, adiantou Marinho.
É o caso da doméstica Livercine Cardoso dos Santos, 37 anos. Ela mantém em dia desde 1992 as prestações de R$ 51,00. ‘‘Só pago porque tenho medo deles me tomarem a casa’’, disse. Já o motorista desempregado Paulo dos Santos, 41, será perdoado das duas prestações atrasadas. ‘‘Para mim era impossível pagar a prestação em dia’’, reclamou Santos. A prestação da casa dele é de R$ 66,00. Segundo a Caixa, não há prazo para se beneficiar da nova proposta. ‘‘Quem não tiver dinheiro agora, poderá esperar e juntar’’, explicou Marinho. Também será permitido usar o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Das 490 casas dos conjuntos Antilhas e Mundo Novo, 120 já foram retomadas pela Caixa por falta de pagamento. Essas ainda não têm uma definição de como ficarão a partir de agora. Nas 370 restantes, menos da metade mantém as prestações em dia.