A Prefeitura de Cambé (Região Metropolitana de Londrina) vai enviar ao Governo do Paraná uma solicitação para demolir a estrutura conhecida como Cadeião, localizado no jardim Ana Eliza 3. A obra, de responsabilidade do governo estadual, teve início em 2002, não foi finalizada e está abandonada.

Segundo um laudo técnico desenvolvido por engenheiros da prefeitura em conjunto com a Defesa Civil, a estrutura do edifício já está condenada e não poderá ser reaproveitada. Por isso, a expectativa é de que o Estado permita a demolição e, assim, possibilite que o espaço seja utilizado de outra forma pela comunidade local.

"Gostaria muito de retomar essa obra, mas está condenada. Os engenheiros civis disseram que não tem como proceder, principalmente por conta do tempo que se passou e de usuários de droga que derreteram fios enquanto usavam entorpecentes no local. Não tem como gastar dinheiro bom em algo ruim", argumenta o prefeito de Cambé, Conrado Scheller (DEM).

Imagem ilustrativa da imagem Cadeião de Cambé poderá finalmente ser demolido
| Foto: Roberto Custódio

"O Cadeião deveria ter se tornado um Distrito Policial, uma subsede da delegacia de Polícia Civil. A obra partiu de um convênio assinado em 1997, no qual o Município ficaria responsável por disponibilizar o terreno e o Estado teria que construir a obra. Os recursos pararam de ser repassados e o trabalho parou", explica.

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Para Scheller, a Prefeitura tem a obrigação de solucionar os problemas que a obra tem causado aos moradores da região, o que inclui desde a proliferação de animais peçonhentos e insetos até a aglomeração de usuários de entorpecentes no local. "A Prefeitura faz campanhas educativas para que cada um cuide de seu imóvel para evitar a dengue e existe essa obra que é um mau exemplo para todos. Além dos mosquitos, podem existir aranhas, cobras, escorpiões e outros animais que trazem risco para a vida da população", argumenta.

A reportagem esteve no local e constatou, no que restou da obra, muito lixo acumulado, além de pessoas que faziam uso de entorpecentes.

A aposentada Lídia Rosa mora no bairro há mais de 40 anos e aponta que um dos principais problemas da obra se refere ao comprometimento da segurança dos moradores. "A gente precisa tomar muito cuidado, porque quase sempre tem alguém ali. Às vezes são usuários de drogas e às vezes são criminosos. Muitas pessoas já foram assaltadas aqui", afirma.

Rosa argumenta, ainda, que a ocupação do edifício por pessoas que causam receio na população impede que os moradores usufruam dos recursos disponíveis no bairro. "Ali do lado do Cadeião tem uma academia ao ar livre, mas a gente tem muito medo de usar. Nunca sabemos o que pode acontecer."

Imagem ilustrativa da imagem Cadeião de Cambé poderá finalmente ser demolido
| Foto: Roberto Custódio

NOVO ESPAÇO

Scheller explica que, após a demolição, arquitetos irão até o local para projetar um novo espaço. "Vamos ter um novo parque e alguns equipamentos que vão trazer alegria. Além disso, vamos plantar grama e flores."

A aposentada concorda com a demolição da obra, já que acredita que, com a medida, os principais problemas que atingem os moradores do local seriam solucionados. "Se derem um jeito de tirar as pessoas que a gente tem medo dali, já vão devolver nossa liberdade e nossa segurança."

A reportagem entrou em contato com a Sesp (secretaria estadual de Segurança Pública), mas não houve retorno.