C. Mourão prefere velório em casa
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000
Sid Sauer
De Campo Mourão
Cerca de 13 anos depois de ter construído sua capela mortuária, Campo Mourão mantém o costume de realizar velórios em residências. Estimativas da administração do Cemitério Municipal São Judas Tadeu, o único do perímetro urbano, e das duas funerárias da cidade, revelam que cerca de 90% dos velórios são feitos em residências. Os outros 10% se dividem entre a capela mortuária e igrejas espalhadas pela cidade.
Em média, temos quatro velórios por mês na capela, diz a administradora do cemitério, Sônia Silvestrin. É pouco para o tamanho da cidade. Segundo ela, pelo menos 40 pessoas são sepultadas todos os meses no cemitério municipal. De acordo com Sônia, falta apenas costume da população em usar a capela mortuária. Quem faz velório dentro de casa fica para sempre com aquela imagem do parente morto dentro do caixão em plena sala, diz a administradora. Os argumentos pelo não-uso da capela variam. Há quem acuse os salões de serem desconfortáveis e longe do centro. Mas a maior queixa é o fato da capela ficar dentro do cemitério, local onde seria desagradável passar a noite.
O cemitério é o melhor lugar para se fazer o velório, rebate o gerente das duas funerárias de Campo Mourão, José Sobral. É mais prático e evita o transtorno de um cortejo fúnebre atravessando o centro da cidade, explica. Em algumas cidades, como Campinas (SP), o velório em casa chega a ser proibido, disse. Ele lembra que muitas vezes a casa é pequena demais e mal cabe o caixão na sala. Fica desconfortável para todo mundo.
Em Goioerê (67 km a oeste de Campo Mourão), o uso da capela mortuária, construída há cinco anos, também é mínimo. A capela não chega a abrigar um velório por mês, diz o diretor de serviços urbanos da prefeitura, Mauro Maximiano. A capela fica em frente ao cemitério municipal e não cobra nada pelos velórios. Mesmo assim as pessoas preferem usar suas casas, conta o diretor. A Câmara de Vereadores é mais usada para velórios do que a própria capela, admite.
O gerente das duas funerárias de Campo Mourão, José Sobral, defende que a prefeitura deveria transformar a atual estação rodoviária, no centro da cidade, em capela mortuária. Depois do cemitério, aquele é o melhor local que existe para isso, disse. Sobral teve idéia porque uma nova rodoviária está em fase final de construção e deve ser inaugurada no mês que vem. A prefeitura, porém, deve usar a atual rodoviária em projetos culturais. No ano passado, a prefeitura teve que desistir de transformar o templo de uma igreja evangélica em capela mortuária devido a pressão de moradores vizinhos, que fizeram até abaixo-assinado.
Em Mamborê (36 km a oeste de Campo Mourão), a capela mortuária inaugurada no ano passado é considerada um sucesso. Praticamente todos os velórios estão sendo realizados lá, diz o servidor Daniel Miranda. A nossa capela tem toda a estrutura necessária e agradou à população. Empolgado com a obra, o prefeito Ricardo Radomski (PFL) já anunciou até a criação de uma funerária municipal, para vender caixões mais baratos.
Em Boa Esperança (56 km a oeste de Campo Mourão), a construção de uma capela mortuária deve ser iniciada ainda este ano. A obra foi eleita pela população, em votação direta, como prioridade a ser realizada com o dinheiro arrecadado com o IPTU.

