Integrantes do projeto "Brincar é Bom, Vamos?" cobram da Prefeitura de Londrina a manutenção dos brinquedos adaptados para crianças com necessidades especiais no Aterro do Lago Igapó 2, na região central. A reivindicação acontece após a secretaria municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia anunciar a conclusão da revitalização do local, neste mês de agosto.

Os brinquedos adaptados, os chamados de "exclusivos para pessoas com deficiência", apresentam avarias que, segundo as integrantes do projeto, apresentam riscos à segurança das crianças. Uma gangorra adaptada para crianças que precisam de cadeiras de roda para se locomover, por exemplo, não conta com a parte traseira do brinquedo.

De acordo com a pedagoga Adriane Ribas de Oliveira, o equipamento demanda a ação de um adulto, que precisa se posicionar atrás da criança com a cadeira de rodas para poder segurá-la. "A gangorra está sem essa parte em um dos lados e, do outro, a parte traseira existe, mas é muito pesada e pode machucar alguma criança", aponta.

O parque conta com outros brinquedos, como um carrossel e um balanço adaptados. Estes, por sua vez, também precisam de manutenção, conforme aponta Oliveira. "O carrossel está com a base quebrada em algumas partes e uma criança pode se machucar caso enrosque o pé. Já o balanço está com uma parte da estrutura caída."

Outro ponto enfatizado pelas integrantes do projeto é que o parque deve passar por uma revitalização. "Existem diversas leis que mostram como esses ambientes devem funcionar, especialmente com relação a placas. As pessoas não precisam saber de tudo, então as informações precisam estar expostas para que todos possam compreender", explica a terapeuta ocupacional Madalena Sant'anna.

Imagem ilustrativa da imagem Brinquedos para crianças atípicas  no Aterro precisam de manutenção
| Foto: Caroline Knup

A Lei Federal 10.098/2000, por exemplo, "estabelece as normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida". O texto garante que parques de diversão públicos e privados devem adaptar, no mínimo, 5% de cada equipamento ou brinquedo e identificá-lo para permitir sua utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Outro ponto destacado se refere à inclusão das crianças com deficiência, uma vez que o parque com brinquedos adaptados no Igapó 2 está separado da área direcionada para crianças típicas. "Sabemos que, muitas vezes, é difícil para os pais trazerem seus filhos que têm alguma deficiência para brincar. E então, se chegam aqui e encontram essa exclusão, não voltam. Por que meu filho fica aqui e a outra criança fica lá?", questiona Sant'anna.

A terapeuta ocupacional aponta que o próprio termo "exclusivo", que consta na placa que identifica o parque adaptado já indica a "exclusão". Para a especialista, esse cenário prejudica não somente a criança com deficiência, mas também a experiência dos pais, que, muitas vezes, têm mais de um filho e esses não podem brincar juntos.

TRABALHO CONJUNTO
O projeto nasceu em Londrina com o objetivo de enfatizar a importância das brincadeiras para crianças e pais, principalmente em parques públicos. Sant'anna e Oliveira apontam que querem construir uma parceria com as autoridades políticas da cidade para promover as mudanças necessárias para a boa experiência das crianças atípicas durante os momentos de lazer.
"Nos colocamos à disposição para dar ideias e para mostrar o que pode ser melhorado. As crianças aprendem brincando e, se o brincar já faz toda a diferença para uma criança típica, imagine para uma criança atípica", pontua a terapeuta ocupacional. Segundo elas, foram encaminhados documentos à CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e ao prefeito Marcelo Belinati solicitando melhorias no espaço de lazer.

A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa da prefeitura , mas não obteve resposta.

Imagem ilustrativa da imagem Brinquedos para crianças atípicas  no Aterro precisam de manutenção
| Foto: Caroline Knup

REVITALIZAÇÃO

A revitalização do Aterro do Lago Igapó 2 custou R$ 1.286.279,94 e registra um reequilíbrio econômico-financeiro no valor de R$ 44.543,10 em trâmite. No projeto, estavam previstas, dentre outros pontos, a execução de calçadas e passarelas em concreto, a instalação de um novo mobiliário urbano, como bancos, aparelhos para exercícios e brinquedos do parque infantil e a implantação de floreiras e paisagismo, assim como sinalização cicloviária e viária.

O secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, Marcelo Canhada, afirma que a revitalização está "concluída do ponto de vista técnico, já que tudo que estava no contrato foi executado". Segundo ele, algumas intervenções não foram realizadas para que a CMTU (Conselho Municipal de Trânsito e Urbanização) possa assumir o trabalho e padronizar ao máximo com as obras que foram feitas no Lago 2.

MANUTENÇÃO SEMPRE

A respeito dos brinquedos exclusivos, o secretário aponta que irão passar por uma manutenção. Segundo ele, os brinquedos adaptados para crianças com deficiência também são utilizados por crianças sem deficiência, o que causa danos aos equipamentos. "A gente faz manutenção sempre. A CMTU tem uma serralheria e eles constantemente fazem manutenções nos brinquedos", garante.

Canhada diz, ainda, que os equipamentos da academia ao ar livre do Aterro serão trocados. "O Aterro é um lugar gigantesco e vai exigir, assim como o Lago 2 que fizemos há pouco tempo, um trabalho constante e diário que não vai parar. Não é uma obra que a gente vira as costas e ela tem continuidade. Nesse caso, o espaço é muito frequentado e essa é uma coisa de cidade grande que a gente tem que conviver e a Prefeitura tem que trabalhar. Vamos trabalhar para melhorar esses pontos que o Projeto apontou", afirma.

O secretário afirmou concordar com as integrantes do projeto a respeito do trabalho conjunto. "É fundamental ter esse diálogo com as integrantes do grupo para que possamos aproveitar todo o conhecimento que elas têm para melhorar o serviço que a gente presta. Me coloco à disposição, porque quero muito ouvi-las e poder encaminhar as sugestões que elas nos oferecerem."