"O projeto acaba carregando a metáfora do agigantar-se, de que se cair é possível se erguer e começar novamente, sempre juntos e com o apoio da comunidade"
"O projeto acaba carregando a metáfora do agigantar-se, de que se cair é possível se erguer e começar novamente, sempre juntos e com o apoio da comunidade" | Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

A brincadeira parece ser simples, porém carrega muito mais que apenas diversão. Aprendizado, reflexão e superação são algumas das propostas colocadas em prática pelo Núcleo Ás de Paus no projeto “Encontro de Gigantes”. O grupo tem levado a comunidades carentes de Londrina a arte da perna de pau, envolvendo também teatro e música, além de dinâmicas. A ação começou no Flores do Campo, na zona norte, e nesta terça-feira (16) esteve no jardim União da Vitória, região sul.

Segundo Rogério Francisco Costa, técnico no projeto, o núcleo já havia desenvolvido atividade parecida, inclusive em outras localidades do País. “A perna de pau é um elemento que faz parte de vários segmentos do teatro e sempre colocamos isso em prática, mas vinculado aos espetáculos. Fomos ao Maranhão, levamos a terras indígenas. Já para este projeto buscamos não vincular ao espetáculo em si e estrutura, mas focar no brinquedo”, explicou.

Ao todo, seis comunidades do município receberão a iniciativa, que tem duração média de duas horas em cada lugar e inicia com os atores, com pernas de pau, retratando crianças que conversam sobre a existência ou não de gigantes. “Tem sido gratificante, pois gera um vínculo maior com os participantes, nos oferece tempo de conhecê-los. É uma oportunidade de compartilhar, mas também de aprender junto”, ressaltou. Os eventos são abertos à população e em cada local o grupo deixa um brinquedo como presente e agradecimento.

No encontro promovido com as crianças atendidas no período vespertino pelo instituto União para a a Vitória, na zona sul, o clima foi de descontração e dedicação para aprender a andar com as pernas de paus. Os objetos estiveram à disposição em diversos formatos para atender todas as faixas etárias. Buscando equilibrar-se sobre madeiras, Yago Souza, 8, aprovou a experiência. “Achei muito legal e diferente. No começo foi difícil, porém depois ficou fácil”, contou.

Com a menor estatura entre os colegas de instituto que participavam da prática, Maria Eduarda dos Santos, 7, entendeu rápido como se locomover com o brinquedo. “Tem que ser passos curtos, porque assim não cai. É a primeira vez que ando com perna de pau”, indicou. A instituição atende aproximadamente 280 crianças e adolescentes e presta serviços de convivência e fortalecimento de vínculos.

Imagem ilustrativa da imagem Brincadeira que agiganta
| Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

EMPODERAMENTO
Já o garoto Jonathan Rafael Marques, 9, gostou da sensação de sentir-se mais alto. “Enquanto não cresço para valer vou vendo como é”, apontou. “Achei tudo prático. Na escola brinquei uma vez, só que era com latas de alumínio. Agora deu para aproveitar mais. Caí algumas vezes, mas logo levantei”, orgulhou-se Nicolas Gabriel da Silva Santos, 9.

“O projeto acaba carregando a metáfora do agigantar-se, de que se cair é possível se erguer e começar novamente, sempre juntos e com o apoio da comunidade. A nossa apresentação fala disso. É questão de empoderamento, porque as crianças e adolescentes estão em periferias e muitas vezes sem perspectiva, principalmente nesta fase. Levamos a mensagem da evolução em todos os sentidos e ampliar as visões sobre o mundo, falando de coragem e força”, elencou Rogério Costa.

A iniciativa, que conta com oito pessoas em sua prática e apoio, tendo o patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), estará na quinta-feira (18) no residencial Vista Bela, região norte. Em seguida irá para o Avelino Vieira (dia 20), jardim Igapó (dia 21) e assentamento Eli Vive, em data a ser definida.