Bosque Central de Londrina sob o olhar da população
Ippul busca a opinião pública para traçar o projeto de revitalização do espaço; reunião aberta para debater propostas será nesta quarta-feira (10)
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 09 de julho de 2019
Ippul busca a opinião pública para traçar o projeto de revitalização do espaço; reunião aberta para debater propostas será nesta quarta-feira (10)
Micaela Orikasa - Grupo Folha
Se você tem sugestões para a revitalização do Bosque Marechal Cândido Rondon, o Bosque Central, a reunião pública agendada para esta quarta-feira (10) é uma oportunidade para manifestá-las. O encontro acontecerá a partir das 19h30, no Ginásio Poliesportivo do Colégio Mãe de Deus (av. Rio de Janeiro, 670), na área central de Londrina.
Na reunião, o Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) ouvirá as propostas da população e apresentará os resultados do questionário (físico e on-line) aplicado entre os dias 27 de junho e 7 de julho, sobre possíveis melhorias no local. “Queremos saber se os resultados realmente refletem os anseios que a população tem a respeito do Bosque. Será o subsídio mais importante para fazermos o projeto”, ressalta a arquiteta e urbanista Ana Luiza Müller Moreira, assessora da presidência do Ippul.
O projeto do Bosque Central é uma demanda apresentada pela população nas reuniões do Plano Diretor em 2018 e integra os planos de revitalização de toda a área central. “O diagnóstico do Plano Diretor coloca algumas estratégias para o centro, como regulamentar o horário de funcionamento de atividades noturnas, política de preservação histórico cultural, criação de corredor cultural e a revitalização do Bosque e Calçadão”, diz.
Para isso, diversos atores estão envolvidos, como a Câmara Municipal, ONGs, associações, secretarias, moradores, comerciantes, entidades religiosas etc. Até porque para o projeto se materializar é preciso solucionar a questão do local ser uma APP (Área de Preservação Permanente).
Em junho, a Prefeitura protocolou na Câmara de Vereadores um projeto de lei que altera a classificação do Bosque de APP para praça pública. Para a discussão, um grupo de trabalho foi formado por representantes do Executivo, Associação Concha dos Amigos e Moradores do Centro Histórico de Londrina.
JARDIM BOSQUE
Vanda de Moraes, presidente do Compac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultura), da secretaria municipal de Londrina, comenta que na primeira planta de Londrina (chamada “Planta Azul”) a área é definida como “Jardim Bosque”, ou seja, configurada como uma praça.
“Ao longo do tempo, equipamentos foram integrados ao espaço, como quadra de esportes, viveiro, ponto de ônibus e até o trânsito já cortou a área. O Bosque tem uma vida cheia de fatos novos a cada época e essa conformação de 'não praça' é uma situação que foi se formando e hoje temos vários problemas decorrentes disso”, aponta Moraes.
Com participação ativa em todo o planejamento de revitalização do centro histórico, o Compac elencou algumas diretrizes e os apresentou ao Ippul. Entre elas estão “a retomada da condição de praça, o resgate de algumas conformações originais como os passeios internos, a adequação do mobiliário, a questão da poda para dar maior permeabilidade visual e trazer mais segurança, conservar o maior número possível de árvores nativas, entre outros”.
LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
De acordo com a assessora da presidência do Ippul, um levantamento topográfico está sendo realizado no Bosque, com a demarcação da posição de cada árvore, da circunferência dos troncos e das espécies. “Também buscamos saber quais árvores estão condenadas e aquelas que podem estar com algum fungo, cupim ou praga”, afirma.
Esse estudo é preliminar e deverá passar pela avaliação dos órgãos necessários. “Mas a ideia é que a gente tenha realmente a maior quantidade de informações para subsidiar o projeto de revitalização”, explica.
Com os dados em mãos e em conjunto com os resultados da reunião pública e das discussões na Câmara, o Ippul tomará as primeiras decisões projetuais. A apresentação do projeto para a prefeitura deverá acontecer nas próximas semanas.
ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA
Até a primeira semana de julho, o Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) já havia recebido 1.010 respostas dos questionários. De acordo com a arquiteta e urbanista Ana Luiza Müller Moreira, assessora da presidência do Ippul, a demanda por iluminação e segurança se destacam, considerando uma análise parcial.
A dona de casa Maria Aparecida Rosseti passa semanalmente pelo Bosque Central e lamenta o fato de um espaço público estar em tal estado. “O que mais me incomoda é a falta de segurança e o mau cheiro dos pombos. À noite, é impossível pensar em passar por aqui porque, além de inseguro, é muito escuro. É um espaço bonito. Merece ser bem cuidado e frequentado”, afirma.
Por nota, a Sercomtel Iluminação informou que há uma proposta com previsão para substituição da iluminação do interior do bosque, com troca de postes e instalação de luminárias LED. Em relação à manutenção, a empresa afirmou que são realizadas intervenções constantes no local para que os pontos de iluminação fiquem apagados o menor tempo possível.
O comerciante Silas Cláudio de Souza tem uma loja próxima do Bosque há cerca de 40 anos e destaca a questão da segurança. “Já tive alguns funcionários assaltados aqui em plena luz do dia. Eu mesmo, quando vou atravessar o Bosque, sempre penso no que estou levando nos bolsos porque eu tenho medo. Acompanhei todas as transformações desse lugar e posso dizer que nos últimos anos ele está completamente abandonado”, desabafa.
Souza sustenta que um reforço de policiais ou guardas municipais iria resultar em um melhor aproveitamento da área pela população. “Já teve um módulo da Guarda Municipal aqui. Poderia ser reativado”, sugere.
TECNOLOGIA
O secretário municipal de Defesa Social, coronel Pedro Ramos, respondeu que não há planos de reativação do módulo. “O módulo se tornou obsoleto por conta da condição de APP do Bosque, ou seja, o poder público não pode fazer nenhuma intervenção ali. O que temos são câmeras no entorno da área, mas o problema maior é o interior. Sob essa ótica, não faria sentido manter o módulo. Até porque a tese mais moderna de patrulhamento não é manter agentes em pontos fixos. Temos tecnologia hoje que nos permite dar mais mobilidade para as equipes”, diz.
Ainda de acordo com Ramos, as medidas de segurança a serem adotadas dependem de alguns pontos prioritários, “como o Bosque ganhando configuração de praça pública para possibilitar intervenções, uma melhor visualização do espaço interno com podas das árvores e reforço na iluminação. Dessa forma, teremos uma configuração de praça com aumento de circulação de pessoas e quem sabe a presença de banca de jornal, café etc.”