O soldado do Corpo de Bombeiros Luiz Flávio da Silva, 26 anos, se lembra muito bem do último dia 1º. Praticante de triatlon, ele aproveitava sua folga na coorporação para treinar. No roteiro que tinha elaborado, não passaria por perto do Lago Igapó, porém na última hora resolveu dar umas pedaladas por aquela região. O acaso fez com que ele ajudasse a salvar uma vida.
Luiz Flávio passava pela Avenida Higienópolis no momento em que dois carros desgovernados derrubaram a grade de proteção que há entre as pistas e caíram no leito do lago com as rodas para cima. Sem titubear, ele pulou na água e, com a ajuda de dois policiais militares e de um outro homem, desvirou os carros e salvou do afogamento a jovem Daniela Fernandes Fiorini, 22, que sofreu ferimentos graves na ocasião mas hoje está bem.
Ontem, o soldado ganhou um reconhecimento público pelo seu ato de bravura e coragem de um grupo de 60 alunos do primeiro ano de Medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Os acadêmicos entregaram ao bombeiro um Diploma de Honra ao Mérito, no qual destacam a importância do exemplo dado por Luiz Flávio à sociedade.
''Nós, que estudamos e trabalhamos os problemas de saúde, sabemos que além de políticas públicas saudáveis, de recursos financeiros suficientes e de infra-estrutura adequada, é fundamental existirem fortes sentimentos e atitudes de cidadania no seio da população'', dizia um trecho do texto do diploma lido pela estudante Maria Fernanda Sacon.
Sem se considerar um herói, Luiz Flávio revelou que ultimamente tem refletido sobre como as coisas acontecem na sua vida, assim, por acaso. Formado em Educação Física, ele trabalhava como personal trainer quando surgiu a oportunidade de ingressar no Corpo de Bombeiros. ''Eu não pensava em seguir essa profissão, mas queria fazer algo que não tivesse rotina, mas muita adrenalina. Encontrei isso por aqui. Estou feliz'', revelou.
Sobre o salvamento, ele relata que apenas fez o que devia fazer, porém não esconde que tem sentimentos, como qualquer pessoa. ''Apesar de estarmos preparados para esse tipo de trabalho, é impossível não se emocionar. Às vezes ficamos sabendo de casos de pessoas que atropelam outras no trânsito e fogem sem prestar socorro, de mães que jogam seus filhos em rios. Precisamos de mais pessoas com espírito de amor ao próximo'', pediu o homenageado, que guardará para sempre em um lugarzinho da memória o salvamento do dia 1º, junto com um outro caso de salvamento que fez no litoral do Paraná, em Matinhos, quando salvou pai, mãe e duas crianças do afogamento.